Jordan B. Peterson
Veja bem, tenho algumas
crenças que podem ser consideradas como tendo uma inclinação à esquerda. Acredito,
por exemplo, que a tendência de distribuição de bens valiosos com desigualdade
pronunciada constitui uma ameaça sempre presente à estabilidade da sociedade. E
penso que há boas evidências. Isso não significa que a solução para o problema
seja óbvia.
Não sabemos como redistribuir
a riqueza sem acrescentar uma nova gama de outros problemas. Sociedades
ocidentais diferentes tentaram abordagens diversas. Os suecos, por exemplo,
forçaram a igualdade ao seu limite. Os Estados Unidos tomaram um curso oposto,
presumindo que a criação da riqueza líquida de um capitalismo mais livre para
todos constitui a maré alta que levanta todos os barcos. Os resultados desses
experimentos ainda não foram concluídos, e os países divergem muito de formas
significativas.
Diferenças em história, área
geográfica, tamanho da população e diversidade étnica tornam a comparação
direta muito difícil. Mas certamente o caso é que a redistribuição forçada em
nome da igualdade utópica é uma cura pior do que a doença.
Acredito, também (o que pode
ser considerado de esquerda), que a reorganização incremental das
administrações universitárias de forma análoga às empresas privadas é um erro.
Acredito que a ciência da administração é uma pseudodisciplina. Acredito que o
governo pode, às vezes, ser uma força para o bem, assim como o árbitro
necessário de um conjunto de regras necessárias.
Todavia, não compreendo por
que nossa sociedade oferece financiamento público para instituições e
educadores cujo objetivo
declarado, consciente e explícito é a destruição da cultura que os sustenta.
Essas pessoas têm pleno direito a suas opiniões e ações se permanecerem dentro
da lei. Mas não há uma justificativa plausível para o financiamento público.
Se radicais de direita
recebessem financiamento público para operações políticas disfarçadas de cursos
universitários, como os esquerdistas radicais fazem, o alvoroço dos
progressistas em toda a América do Norte seria ensurdecedor.
Existem outros sérios
problemas à espreita nas disciplinas radicais, além da falácia de suas teorias
e métodos, e sua insistência de que o ativismo político coletivo é moralmente
obrigatório.
Não existe sequer um fiapo de
evidência que apoie qualquer uma de suas alegações centrais: que a sociedade
ocidental é patologicamente patriarcal; que a lição mais importante da história
é que os homens, e não a natureza, eram principal fonte de opressão das
mulheres (ao invés de serem seus parceiros e apoiadores, como a maioria dos
casos); que todas as hierarquias são baseadas no poder e visam a exclusão.
As hierarquias existem por
muitas razões – algumas potencialmente válidas, outras não – e são
incrivelmente antigas em termos evolutivos. Os crustáceos machos oprimem os
crustáceos fêmeas? Suas hierarquias deveriam ser destruídas?
Título e Texto: Jordan
B. Peterson, in “12 regras para a vida – um antídoto para o caos”, páginas
323 e 324. Alta Books Editora, Rio de Janeiro, 2018.
Digitação e Marcação de
Texto: JP, setembro de 2919
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