Pascal Pavani/22.08.2010/AFP |
Durante séculos, os ciganos foram tidos como sendo oriundos do Egipto. Aliás, a palavra espanhola gitano assim como a inglesa gypsy resultam desse equívoco. Mas se a origem indiana hoje já não merece contestação, existem outros equívocos por resolver em relação a este povo que conta com cerca de 11 milhões de pessoas, se mantém fiel ao nomadismo e historicamente é avesso à integração. E um deles é que, por muito diferentes que sejam as suas raízes ou modos de vida, são cidadãos europeus como quaisquer outros, com os mesmos direitos e os mesmos deveres. Foi isso, em síntese, que quis salientar a comissária europeia da Justiça, a luxemburguesa Viviane Reding, quando criticou o modo como a França está a lidar com os ciganos que vivem no seu território, sobretudo os chamados roma, vindos da Roménia e da Bulgária, desde 2007 membros da UE.
Com a polémica acesa há semanas, e o Presidente Nicolas Sarkozy sob o fogo das críticas, a França exasperou-se com uma alegada comparação por Reding entre as deportações de ciganos dos Balcãs e o Holocausto, mas a comissária pediu desculpas pelas palavras que causaram o mal-entendido e não há razões para se perpetuar hoje no Conselho Europeu este diferendo. O que realmente importa é os europeus serem capazes de chegar a um acordo sobre o modo como cada Estado deve lidar com os problemas de segurança, sempre dentro dos limites do respeito pelos direitos humanos e do acordado no âmbito da UE. E a França, país pioneiro na defesa da fraternidade, terá todo o interesse em recuperar o seu prestígio, mesmo que tenha de recuar em relação a certas posições precipitadas.
Contudo, só deixará de haver questão cigana na Europa quando o papel dessa minoria no continente deixar de ser refém do populismo de algumas figuras e do politicamente correcto de outras.
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