Hoje, "abri os trabalhos",
aqui no blogue, com a postagem “Portugal desgraçado”. Os generosos leitores que me privilegiam com a visita e
leitura já sabem o que penso da imprensa portuguesa, ou melhor, da imprensa em
Portugal. A esses mesmos generosos leitores peço que leiam a Nota da Direção –
que, salvo melhor juízo, se é da direção do jornal é um Editorial – do jornal “i”.
Tenho severas dúvidas se a 'opinião' abaixo é deontológica.
Nota da direcção
O jornal i foi confrontado com
o desmentido do primeiro-ministro à manchete da edição de ontem, na qual se
afirmava que, numa conversa a dois, Pedro Passos Coelho se dirigiu a Paulo
Portas afirmando que “se o governo cair, o senhor será responsável por um
segundo resgate”.
Invocando o direito de
resposta, o gabinete do primeiro-ministro fez chegar ao jornal uma nota que
imediatamente foi publicada na edição online e que hoje está impressa.
Horas depois, e após ter sido
confrontado pelo i com o comunicado do chefe do governo, o ministro de Estado e
líder do CDS emitiu um desmentido no mesmo sentido.
A direcção do jornal i segue
os termos da lei e, como tal, publica o conteúdo das mensagens.
Dito isto, há registos
factuais que falam por si. O espectáculo edificante que os protagonistas da
actual crise política vêm dando ao país. Os avanços e recuos verificados numa
zaragata pública entre os partidos da coligação. Os amuos e as risotas em
público ou à socapa. O desplante do ministro das Finanças ao dar-se ao luxo de
dizer que não teve tempo, por exemplo, de ler mensagens do Presidente da
República, ele próprio um especialista em finanças e um governante conceituado
e experiente.
O clamor das ruas, as
manifestações de milhares e milhares de pessoas por todo o lado, as
proclamações de figuras de altíssima qualidade que alertam sistematicamente
para os erros e os perigos de uma política suicida que nos remete para a
Grécia.
Tudo isso, além do descalabro
das contas públicas, a austeridade sobre austeridade, o napalm fiscal, a
incapacidade de conter a despesa, a desconjunção social, não levaram, portanto,
a que o primeiro-ministro e o seu número três tenham tido o desaguisado que
citámos. Muito bem. Folgamos com isso e tomamos boa nota como mensageiros
habituados que estamos a ser os primeiros a sofrer por transportar a má
notícia. Entramos em penitência que não em abstinência noticiosa.
Mesmo assim temos, porém, o
atrevimento de lembrar que muito recentemente nos foi desmentida violentamente
uma notícia segundo a qual os subsídios de maternidade iam sofrer uma grave
diminuição. Foi o que se viu. Há dias também se entendeu negar uma informação
deste jornal, nos termos da qual se previa uma redução de 40 mil quadros no
Estado. Pois ontem mesmo o próprio governo confirmou formalmente que é isso que
vai fazer em três anos.
Aguardemos pois os próximos
de-senvolvimentos, que seguramente nos negarão toda e qualquer veleidade que
ainda possamos ter de invocar a razão, como sucedeu nos casos citados. Saudemos
assim a harmonia que reina entre Pedro e Paulo. A bem da Nação!
Jornal “i”, 18-10-2012
Fiquei conhecendo um outro
partido político português. Mas até que foi ótimo o panfleto acima, agora
ficamos todos sabendo o que nos espera ao ler o “i”. Gostei dessa clarificação,
prefiro isso aos travestidos comentadores televisivos.
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