segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Sai ou não sai?

José Carlos Bolognese

Primeiro, ainda nos turbulentos dias do “leilão” da Varig, enquanto a águia ia pro brejo, era promessa de que os aposentados e os DDD – Demitidos – Desesperados - Desprezados - ficariam com a garantia de receber seu dinheiro quando (e se) a União resolvesse pagar o que devia à Varig, algo que a justiça já reconhecia à época. Apesar de todo poder do estado, curiosamente alegando defender a União como se esta fosse algo despegado do conjunto dos cidadãos - que pode, este sim, ser chamado de União - passamos a cobrar por nossos direitos. Não só o governo criou problemas para existência da empresa, através políticas que nós com muita condescendência chamamos de equivocadas, como fez disto um meio de exterminar gente inocente, os trabalhadores da Varig.
Como se na administração de um país como o Brasil pudessem dar cargos importantes a pessoas que vivem se “equivocando”, seja em assuntos banais ou de alta complexidade, como o funcionamento de uma empresa de aviação. Se a nomeação de agentes públicos despreparados no país atende a conveniências políticas, é diferente na aviação e em outras atividades onde conhecimento e experiência são essenciais. O público pagante num avião não pode gritar – “Tiririca para comandante!”- se não estiver contente com o piloto. Nós, PPP – Público – Pagante – Permanente no entanto, temos de aturar essas ratazanas.
Mas o chato é ter de admitir que é assim mesmo, e o nome disto é imaturidade política por parte de quem vota em qualquer candidato mequetrefe e, por parte dos espertos que chegam ao poder por esta distorção e aparelham o estado com esses “inocentes”, muito bem pagos para se “equivocarem”. Leva a pensar que se um dia, para “modernizar” a máquina estatal for possível utilizar inteligência artificial, a escolhida no Brasil certamente será a estupidez artificial.
Nosso calvário se estende então por mais de seis anos, entre promessas daqui, negações dali e muita, muita malandragem para negar a óbvia e ululante revelação de que quem paga o pato não é necessariamente quem gera o fato.
Quase cheguei às lágrimas um dia destes assistindo ao julgamento do mensalão. Um desses ministros cuja prolixidade, se fosse transformada em pixe dava para asfaltar a baía da Guanabara, ao explicar seu longuíssimo voto disse que faz assim porque… nesse julgamento estão em jogo... a vida das pessoas (e que pessoas!) e é preciso então ir com muito cuidado... Então tá! Concordo com Vossa Majestade, senhor ministro. Tanto concordo que até agora só vi umas poucas autoridades do Judiciário terem esse mesmo cuidado com os ex-trabalhadores da Varig e Transbrasil e estou esperando mais. Estou esperando que esse cuidado contamine logo as outras autoridades da República, agora já aliviadas do fardo de costurar um acordo com esses sofredores, uma vez que a decisão do Juiz Jamil determinando o pagamento imediato aos aposentados do Aerus, tirou esse enorme peso de seus ombros patrióticos.
Na verdade, como já existe um belo exemplo dessa rapidez entre uma decisão judicial de... pague-se!, e o cumprimento imediato da sentença, peço que as dignas autoridades encarregadas do pagamento aos aposentados da Varig, pensem em nós como o fazem com os perseguidos da ditadura, sempre que uma ordem judicial é emitida para que eles recebam. Até porque é incompreensível (sem ditadura?) essa perseguição a nós trabalhadores e aposentados, já por mais de seis anos. Nossa luta foi o nosso trabalho e a nossa arma tem sido apenas a nossa voz.
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 01-10-2012
Um aposentado Ficha Limpa

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