Édipo e a Esfinge,
pintura de
Gustave Moreau
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Não faltarão hoje, como não
faltaram ontem e no dia anterior, e tal como na semana passada e no mês
antecedente, as demonstrações com números do tipo “recessão aumenta”, “quebra
de receita”, “espiral recessiva”, “maremoto de incompetência” (esta última pode
ser usada livremente mediante atribuição autoral).
Não faltarão saudosos
socráticos – ou pior: servos – com números fantásticos sobre Portugal antes do
mundo tirar o tapete ao colosso lusitano. Serem falsos não importa nada à
causa: o “devolvam as nossas vidas” significa exactamente “devolvam-me
a governação que isto é do PS“. Tudo isto é cansativo: para lá do
sebastianismo bacoco, resta sempre a irresponsabilidade da atribuição de causas
e suas soluções a outrem.
Que estes achem que compete à
União Europeia resolver o problema da estrutura portuguesa, não é de
surpreender: sempre gostaram de modelos de inspiração soviética; que não
consigam perceber que são os criadores da estrutura cuja resolução esperam de
outrem é que é muito preocupante.
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias,
05-06-2013
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