
Acabo de ler a notícia de que está sendo dado hoje, 1º de outubro, o que já é considerado o maior calote da história por uma empresa latino-americana. É a empresa petroleira
OGX de um conhecido vendedor de nuvens ou, como quiserem, o conhecido
Eike Batista.
São US$ 45 milhões de dólares ou a astronômica quantia tropical de 90 milhões de Reais.
O pior deste tipo de notícia e
a de já sabermos por outras notícias de que há dinheiro do BNDES
envolvido nestas transações. Para conseguir um alívio de caixa, a OGX está
vendendo para a malaia Petronas uma fatia em blocos de petróleo.
Ou seja, a história se repete,
como na Varig e, mais recentemente, na TAM, também aconteceu e se venderam
"produtos nacionais" para investidores estrangeiros. Primeiro
se investe com dinheiro público e depois, se não der certo, se vende para o
exterior.
O lucro desaparece, o país é
leiloado em seus melhores ativos sem dó nem piedade e, pior, o que está por
trás de tudo isso?
O mais interessante é que se
um pequeno empreendedor sem dívidas, mas com potencial para crescer, solicitar
um cartão BNDES de crédito rotativo, lhe são colocados tantos empecilhos,
até um faturamento impossível, então, invariavelmente ele acaba desistindo do
seu projeto.
Nós, do Aerus, por exemplo,
que temos a receber nada menos do que sete anos e seis meses, ou 90 salários em
atrasados, estamos endividados até ao impossível, quantas vezes não sentimos
vontade de não pagar mais nada, e isto, é lógico, seria praticar Thoreau e sua
desobediência civil.
O problema é que nós, mortais
comuns, nascidos dentro de uma educação em que se prima pela responsabilidade,
não temos coragem de fazer isto, o que seria perfeito tendo em vista que somos
credores de uma dívida em que a união é devedora declarada.
Por raciocínio lógico, se você
não recebe, se você é credor de uma dívida, como é que pode quitar dívidas com
aquele que é o agente da dívida?
O país pode decretar uma
moratória, mas nós que não recebemos desse país não podemos?
Ora, apesar de estarmos
devendo, o princípio do "devo não nego, pago quando puder" ainda
mais por que estamos em boas condições morais, em muito se aplica à teoria da
desobediência civil de Thoreau.
Essa teoria, cai como uma luva
em casos como este.
Aí, enquanto vacilantes em
nosso raciocínio, ou melhor, executamos ou não a dita teoria, cai em nossas
mãos essa notícia de que o Eike deu um calote monstruoso, com recursos públicos
e dentro dos conformes.
Ou seja, com dinheiro público
pode-se dar um calote monumental e tudo bem!
O raciocínio destes
"imortais" que praticam isto com a maior naturalidade, deve ser
na medida em que se criminosos comuns não ficam presos, criminosos políticos
são abonados pelo judiciário e têm as suas penas perdoadas por firulas
jurídicas, eles também jamais serão presos por um negocinho mal feito. Afinal,
o que vale é a intenção, não é?
Acho que vou começar a pensar
e levar mais a sério a teoria de Thoreau.
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig, 67
anos, e pensando seriamente...
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