segunda-feira, 3 de março de 2014

A guerra mundial contra a opressão política e o estatismo econômico

Francisco Vianna
O que pode haver de comum entre Egito, Ucrânia, Venezuela? É a mesma luta, a mesma repressão à manifestação pacífica do povo. O inimigo é o mesmo: o autoritarismo, a ditadura, que formam um perverso e desavergonhado clube no qual se intercambiam elogios, solidariedade, galardões, negociatas e receitas de processos repressivos.

Mubarak, Mursi, a Irmandade Muçulmana, Putin, Lukashenko, Assad, Yanukóvich, Jamenei, Hezbolá, Hamás, PT, os irmãos Castro, Chávez e Maduro – todos jogam com o mesmo time, todos falam a mesma língua. Perceberam como se defendem entre si? Como enchem suas bocas ao falar de soberania e de não intervenção?

Por acaso repararam em algo mais comovedor que a jovem egípcia na Praça Tahrir, sem burca e com cartaz na mão a gritar: "Mursi, não foi por isso que meus amigos morreram"! A proverbial beleza da moça cairota é, no entanto, um fantasma que tira o sono dos repressores islâmicos.

É que essa gente estava a tentar derrubar um governo "democrático", eleito nas urnas pela enésima vez por 95,9% da "cidadania" egípcia.

O mesmo fato duvidoso ocorreu na Venezuela, só que apontando uma diferença tão pequena que torna a fraude eleitoral, por menor que tenha havido, muito mais importante e decisiva. O software eleitoral venezuelano das urnas eletrônicas é tão confiável como um hipotético diálogo de entendimento entre Nicolás Maduro e Netanyahu, enquanto Ali Jamenei e Assad seguem aprontando suas tramas.

Tudo bem! Concedo ao leitor o privilégio da dúvida, mas em nenhum caso cedo à falsa prerrogativa de que a maioria, qualquer que seja, tenha direito a violar os princípios e os direitos fundamentais do ser humano.

O nazismo de Hitler foi um governo majoritário. Da mesma forma foi o fascismo de Benito Mussolini. Não importa, Ahmadinejad já provou que o Holocausto Judeu não existiu, mas, sim, o "genocídio" em Gaza. Além do mais, agora Maduro e antes Chávez confirmaram tais teses. Será que algum especialista 'bolivariano' ter-lhes-á explicado que num 'genocídio' a quantidade de habitantes, de gente do povo, vítima tende a diminuir drasticamente ao invés de se multiplicar em números muito superiores ao do país "genocida"?

Será que viram as pungentes fotos das matanças na Ucrânia? E, também, os vídeos que mostram franco-atiradores a caçarem manifestantes, como quem caça coelhos? Ah, já sei... São montagens do 'imperialismo', porque Yanukóvich foi eleito legalmente, não é mesmo?!  Calem-se, golpistas!

A liberdade, um direito inerente à vida, devia ser exigida por todos os seres humanos em primeiro lugar, mas a coisa não é assim, não é um bem que as massas ignaras apreciam prioritariamente. As maiorias, onde o peso da ignorância e do atraso é determinante na formação de uma classe dirigente de péssima qualidade moral e técnica, prefere a sobrevivência segura embora humilhante de uma ditadura do que uma vida em sua plenitude democrática e capitalista de progresso, mais ainda se essa sobrevivência vem acompanhada de alguma comodidade e acomodação.

Construir regimes com base na liberdade, nas livres decisões de pessoas minimamente capazes de saber o que estão falando e de fazer o que deve ser feito, é muito difícil, porque também devem elas estar fundamentadas na responsabilidade e no cumprimento dos deveres intrínsecos a tal direito. São sistemas nos quais se supõe que cada indivíduo minimamente habilitado para tal, que representa a verdadeira cidadania, tomou seu destino em suas mãos. Não se trata de algo simples de se admitir; é mais fácil, imediatista, e mais conveniente aos populistas aproveitadores e demagogos que estes digam à sua gente o que pensar e como viver, como se fossem todos uns débeis mentais.

Os povos do Egito, da Ucrânia e da Venezuela não se sublevaram, desgraçadamente, pela falta de liberdade e de Estado de Direito. Não. Foi pela pobreza extrema, a inflação galopante e a insegurança social oferecida por suas elites 'socialistas' e 'religiosas'. Não foram tampouco e tragicamente a falta de liberdade de expressão e de justiça, esta distribuída apenas para uns poucos da restrita burguesia de seus politiburos estatais de partido único. Não. Foram as filas intermináveis, o desabastecimento, o desemprego e a epidemia de uma criminalidade recorde. Levaram tempo demais para se darem conta de que esse "pouco de comodidade" que o autoritarismo proporciona, será sempre muito pouco, mesmo, porque a abundância só pode existir com a liberdade e o capitalismo produtivo. Não há um caso, no mundo, em que isso tenha ocorrido com os "socialismos" autoritários conhecidos, sejam eles de qualquer tipo. Ou será que o leitor sabe de alguma exceção a esta regra, onde governos socialistas compartilham as riquezas do país com sua gente?
       
Assim, os egípcios, os ucranianos e os venezuelanos demoraram demais a perceber a tragédia que ora se abate sobre eles, mas as boas causas sempre podem ser abraçadas, antes tarde do que nunca...

Destarte, pois, esses três povos deverão aprender a lidar com os imensos sofrimentos que estão a caminho. Serão o preço que terão que pagar por terem tolerado por tanto tempo a degeneração de suas fracas democracias e a traição de seus déspotas e falsos líderes. Mas vale a pena pagar pela lerdeza. Não se trata de apenas uma batalha a mais, mas uma parte significativa da guerra mundial contra a tirania e a opressão. E, se por qualquer motivo, essa guerra não for vencida, mais tarde ou mais cedo, esses povos voltarão às ruas e praças para serem imolados em nome da indispensável liberdade individual, como os que tombaram na Praça de Tahrir.

E, para finalizar, advirto os povos que são mais ricos, quer em recursos materiais e naturais, mas nem tanto em qualidade de cidadania, como Brasil, EUA, os da União Europeia, e outros, que não percam tanto tempo querendo acomodar realidades concretas com falsas medidas governistas e tratem de aprimorar seus cidadãos sobre os verdadeiros direitos e deveres que envolvem a liberdade individual e a segurança econômica de sua gente. São as pessoas que têm que ter segurança econômica e não os governos e, para tanto, essas pessoas têm que, antes de tudo, se defender de seus próprios governos.
Título e Texto: Francisco Vianna, 03-03-2014

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