sexta-feira, 7 de março de 2014

Bolivarianos: populismo esgotou popularidade. Nem estatização da mídia resolve

Cesar Maia       
1. As tradicionais medidas populistas esgotaram sua capacidade de criar expectativas e gerar popularidade na América do Sul. Isso vale para os limites orçamentários impostos ao populismo social, vale para a capacidade de mobilização produto do populismo político, vale para o populismo econômico e suas sequelas inflacionárias, fiscais, cambiais e desabastecimento e vale para a violência e a criminalidade.
       
2. A impopularidade/desaprovação da quase-bolivariana Cristina Kirchner subiu a 67,5%, sob uma inflação agora admitida de mais de 30% e um câmbio paralelo mais que o dobro do oficial. A Venezuela, com todo o petróleo, reage ao desabastecimento generalizado, a um câmbio paralelo 9 vezes maior que o oficial e uma inflação de 50%.
       
3. Mesmo o Equador, com índices econômicos melhores, viu o presidente perder as eleições municipais de dias atrás, nas três maiores cidades do país e, por isso, pediu a carta de demissão de todo o seu ministério. O presidente da Bolívia já não consegue evitar as grandes manifestações de trabalhadores rurais e urbanos. E na Venezuela, Maduro fica impopular e as manifestações de rua são contínuas e multitudinárias, apesar da repressão, das mortes e das prisões.
       
4. Agora, o chavismo, que sempre ignorou a opinião internacional, pede uma reunião urgente de pacificação do país. É verdade que vai usar o domesticado Unasul para lhe dar respaldo, mas mesmo assim é um reconhecimento que perdeu apoio interno e condições de conter as manifestações. Virá a acusação de golpistas para justificar mais violência e mortes. O Brasil deve ser precavido para não assinar embaixo. Ou assumirá a responsabilidade que lhe caberá ao coonestar.
       
5. Isso tudo com os meios de comunicação nesses países sob rigoroso controle e intervenções. Os governos usam e abusam da publicidade com os meios de comunicação de massa que controlam e com a pressão sobre todos. Além de controlar os parlamentos que elegeram e onde tem ampla maioria.
       
6. Essa é uma característica do populismo: tem prazo para terminar, tem prazo para implodir, tem prazo para iludir a boa-fé e a esperança dos mais pobres.
       
7. Lula e Dilma devem avaliar com atenção o que está acontecendo em seu entorno. O hibridismo entre populismo fiscal e monetário de um lado e sinais superficiais de racionalidade produziram uma rara desconfiança sobre o futuro com eles, um consenso raramente visto antes nesse país em conjunturas de relativa normalidade. Os tambores das ruas têm sido acompanhados com claros sinais de fumaça
       
8. O governo de Lula e Dilma comemora um crescimento de 2,3% em 2013. E ao lado, os ruídos de uma inflação (sem os preços controlados de 8%), bolsa despencando e um câmbio bêbado. São exemplos que ampliam a taxa de insegurança. Eles que “costeiam o alambrado” (expressão usada por Brizola) do bolivarianismo devem olhar bem além das eleições, para não acentuarem uma crise que dá sinais de agravamento por todos os lados. E as erupções não anunciam: surgem de repente.
Título e Texto: Cesar Maia, 07-03-2014

Um comentário:

  1. Paulo D.M.Contreiras7 de março de 2014 às 19:22

    O presidente do Equador pediu a carta de demissão de todo seu ministério. Devia aproveitar a oportunidade para apresentar sua própria renúncia e convocar novas eleições.

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