segunda-feira, 12 de março de 2018

A represa furada

Haroldo Barboza

A luta pelo resgate da dignidade nacional é árdua. Podemos fazer um grotesco paralelo ilustrativo (uma fábula) com a reforma de uma enorme fissura de uma represa.

Quando um pequeno orifício de 1 mm de diâmetro surgiu há 20 anos, ocorria um gotejamento a cada 30 segundos. Os incompetentes responsáveis pela edificação não deram importância ao fato, alegando ser um simples problema pontual e passageiro de “dilatação” em virtude de nosso clima historicamente quente.

Mesmo quando na década seguinte o orifício aumentou para 5 mm de diâmetro (gotejando a cada 5 segundos), nem a população que até fotografou o local, se deu ao trabalho de exigir a restauração simples, barata e rápida.

Quando (há 1 ano) a falha estrutural chegou a 1 cm de abertura (vazão de 2 litros por minuto), os “fotógrafos” começaram a reclamar que suas vidas corriam perigo e algo precisava ser feito com urgência. Mas estes reclamantes não encontravam “tempo” para se reunirem e efetuar a pressão (que eleitor pagador de altos impostos tem direito) necessária para que a solicitação fosse atendida. 

Qualquer “tempo” que sobrava era desperdiçado no facebook, whatsapp e assemelhados, com mensagens fúteis que em nada contribuem para preservação dos valores morais familiares, ética profissional, honestidade comercial e defesa da pátria. Os “heróis” venerados são os “condenados” ao paredão telefônico, musas reboladoras em trio elétrico, botinudos que maltratam a bola e canelas dos adversários e vendedores de ilusões que são reeleitos a cada pleito (via urna-E não auditável após o evento).

Nomes como Almirante Barroso, Duque de Caxias e Marechal Floriano, para a maioria dos analfabetos “funcionais” e mentais, são apenas placas de logradouros públicos.

Voltemos à nossa dura realidade (com foco no RJ), em relação à insegurança que ceifa em média, quinze vidas inocentes por dia.

O reparo deste cenário agora será caro e doloroso (o orifício da represa neste momento deve estar com 25 cm de diâmetro – vamos esperar ela desabar?).

O esforço das Forças Armadas para a redução da barbaridade cotidiana pode ser menor se ocorrer uma colaboração cívica geral.

Precisamos ouvir vozes de apoio como OAB, CNBB (e outros “B’s”), jornalistas, professores, médicos e outras classes formadoras de opinião.

Ainda dá tempo de restaurar a represa da civilidade.

Que a visão de Deus esteja voltada para nosso território para evitar que dentro de 20 (?) anos nos transformemos num “Braití”.
Nossa sociedade é um colosso. Sobrevive no fundo do poço.
Título e Texto: Haroldo Barboza, Rio de Janeiro, 12-3-2018

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