José António Rodrigues Carmo
A avaliar pela cobertura midiática
cá do burgo, no Brasil está toda a gente contra o "candidato da
extrema-direita", o fascista Bolsonaro.
Não há uma única televisão que não se refira assim ao candidato. Já o outro, é tratado por Haddad, excelente pessoa, pelo que se lê, e confesso que não li ou ouvi qualquer referência ao facto, esse sim indiscutível, de que é da extrema-esquerda, já que pertence ao Partido de Lula, e joga na mesma equipa de Maduro, e aquele cocalero da Bolívia cujo nome não recordo.
Se só tivéssemos acesso aos
media nacionais, não teríamos qualquer dúvida de que no Brasil os
"bons" (a extrema esquerda) vai esmagar os maus (o Bolsonaro, que
horror!).
Acharíamos estranho que as
sondagens indiquem que afinal é o "candidato da extrema-direita" que
vai ganhar, mas diríamos certamente que os brasileiros são todos burros e não
conseguem ver com a clareza que nós vemos. Nós, obviamente, somos muito mais
esclarecidos, ora quem.
Já vimos este filme com o
Trump, recordam-se? Segundo a narrativa mediática bempensante, os americanos
votavam todos na esquerda, e o Trump vinha aí com o fim do mundo e o fascismo.
Seguindo o catastrofismo
mediático da moda, cada eleição em que um candidato de que eles não gostam
pareça ir ganhar, é o apocalipse, o regresso do fascismo, da ditadura, as
mulheres vão ser encerradas em casa e agredidas a torto e a direito, as
minorias escravizadas, uma desgraça total.
Por exemplo, há dias a
imprensa berrou como ovelhas desmamadas por o filho de Bolsonaro, num vídeo
antigo, numa de "molecagem", como dizem os brasileiros, ter dito que
ia fechar o Supremo Tribunal, como se o filho de Bolsonaro fosse o Bolsonaro e
como se tivesse poder para isso.
Curiosamente, nos consulados
lulistas, o Supremo foi mesmo cercado e invadido por extremistas de esquerda,
mas parece que essa ação real contra o poder judicial, não era na altura
assustadora. Já o filho do Bolsonaro, dizer umas parvoíces, ui ui, que vem aí o
fascismo e a democracia está em perigo.
Indo ao encontro do problema,
uma vez eleito, poderia Bolsonaro, se fosse fascista (e não é, que se saiba),
implantar uma ditadura no Brasil, como Chávez fez na Venezuela e o cocalero na
Bolívia?
Claro que não. O Brasil tem
instituições fortes e berrar que vem aí o fascismo e vai ser o fim do mundo, é
a velha tática da esquerda para assustar as pessoas e ganhar votos. Nada como
inventar monstros imaginários e apresentar se depois como o salvador.
Já vimos este filme nos EUA e
a histeria dos media a favor dos candidatos de esquerda raia o escândalo. Por que
e que esta gente não se limita a informar com equilíbrio?
O que eu acho do Bolsonaro?
Nada de especial, apenas um tipo que descobriu uma maneira de chegar ao
Planalto e tem umas ideias diferentes da narrativa hegemónica. Algumas parecem-me
parvas, outras parecem-me bem. Mas o meu achismo é irrelevante. Quem vota são
os brasileiros, e parece que não votam como queriam os nossos jornalistas, o
que os chateia à brava.
Título e Texto: José António Rodrigues Carmo, Facebook,
25-10-2018
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"O que eu acho do Bolsonaro?
ResponderExcluirNada de especial, apenas um tipo que descobriu uma maneira de chegar ao Planalto e tem umas ideias diferentes da narrativa hegemónica. Algumas parecem-me parvas, outras parecem-me bem. Mas o meu achismo é irrelevante."
Taí ,um comentário totalmente isento!
Acho exatamente o mesmo , e o novo presidente do Brasil será Bolsonaro, não por qualidades próprias mas por falta de qualidade e honestidade nos adversários.
Mas exatamente como diz o cidadão português acima, "o meu achismo é irrelevante."
Paizote
Ó valioso colaborador, afinal, você vai anular o seu voto ou 'votar imparcialmente e com insenção' CONTRA Jair Bolsonaro?
ExcluirVou acreditar na irrelevância de meu comparecimento ,e guardar meu voto, para coerentemente, ficar na plateia assistindo, fiel aos meus princípios e torcendo para que o próximo presidente me seja uma surpresa.
ResponderExcluirPaizote
Ps. E se o presidente eleito me surpreender , me comprometo desde já a um "mea-culpa" por recusar-me ,teimosamente , a fazer parte deste momento histórico.
ResponderExcluirPor enquanto não me sinto a "vontade" , e nem vou fingir nesta altura da vida,
Paizote