Cristina Miranda
Caro cronista, como leitora
assídua do Observador, permita-me umas palavras acerca deste seu texto:
É desonesta, sua comparação de
Bolsonaro a Chávez porque as suas alegações são exatamente o que Haddad promete
no seu programa eleitoral controlo dos média pelo Estado; aumento de impostos
sobre propriedade privada; desmilitarização das forças policiais; penas mais
leves para criminosos; reforma do sistema judicial de forma a reduzir o poder
de investigação do ministério público federal; novo processo de constituinte
para aumentar o poder do Estado. Quem é o antidemocrático, afinal? Quem é que
camufladamente quer implantar uma ditadura? Sabia que o socialismo é apenas um
meio para atingir o comunismo? Pois. Bem me parecia…
Em contrapartida, Bolsonaro
promete um país livre, sem diferenças entre as pessoas, com liberdade de
imprensa, combate aos criminosos e corruptos agravando-lhes as penas, mercado
livre, respeito pela propriedade privada, fim do marxismo cultural, fim da
ideologia de género nas escolas, mais policiais na luta contra o crime, mais
segurança, defesa dos valores e cultura ocidental, separação total dos poderes,
justiça sem interferência governamental. Onde está o tal discurso “mais antidemocrático”
nisto? Se os viu escritos por aí, então é porque também foi vítima das
manipulações dos nossos médias que cortam frases fora do contexto para
propagandear uma agenda claramente esquerdista/marxista e assim construir uma
imagem falsa do candidato de direita. Quando ele disse, referindo-se aos
corruptos criminosos do PT: “essa turma se quiser ficar vai ter de se colocar
sob a lei de todos nós ou vão para a cadeia. Esses marginais vermelhos serão
banidos da nossa pátria”, escreveu a imprensa, que ele iria prender todos os
opositores de esquerda. Meias verdades não são verdades. São fake news. Nem a atual
Constituição brasileira permitiria tal. Mas claro, isso não convém dizer.
Neste vídeo que lhe recomendo,
e deixo o link aqui https://www.youtube.com/watch?v=7fxTF48Z52E ele
diz textualmente: “Qual a diferença minha pra negro? Ele é inferior a mim?
Obama chegou lá como? Mérito! Se querem democracia é assim, artigo 5º da Constituição.
Todos nós somos iguais, ponto final! Quanto a negros serei daltónico: todos
terão a mesma cor. Vocês (imprensa) é que foram pervertidos ao dizer que
direitos humanos é defender minoria. Não é. Devemos brigar por minorias? Não!
Nós temos de brigar para que TODOS sejam iguais perante a lei”.
Isto é ser homofóbico? Isto é
discurso de ditador? E os deputados do PSL, já olhou bem para eles? Quer mais
multiculturalismo que isso? E o eleitorado, cheio de mulheres, gays, negros, de
todas as culturas e raças, jovens e séniores, mais e menos formados, mais e
menos ricos, mais de 50 milhões! Quer mais diversidade votante que isto? Não
brinque com coisas sérias.
Se o discurso de Bolsonaro não
é justificável como pode justificar seu discurso a favor de Haddad, que de
forma aberta venera e apoia a ditadura de Maduro e de Cuba? Os discursos de
extremistas marxistas agora são bons? Quem é aqui o candidato amante e apoiante
de ditadores? Foi ou não foi o PT que além de apoiar ditaduras, financiou-as?
Acusa alguns dos cronistas do
Observador de espalhar ódio com as suas opiniões. Mas agora pensar diferente,
argumentando seus pontos de vista, é espalhar ódio? Que fundamentalismo vem a
ser este? Estamos em ditadura?
Sim, a disputa é mesmo entre a
liberdade de um mercado livre, numa sociedade igualmente livre, na figura de
Bolsonaro, contra a servidão a um regime onde o Estado concentra em si toda a
economia e controlo da sociedade, representada e defendida por Haddad, debaixo
do comando do presidiário Lula da Silva que controla o partido a partir da
cadeia. Está tudo explicadinho nos programas eleitorais de cada um. Vá ler!
Dizer que não é uma escolha
contra a corrupção, porque só Lula foi preso, Dilma ainda não, Haddad não foi
acusado de corrupção e o partido não é todo corrupto, é ainda mais desonesto.
Não, meu caro, Lula não roubou
um país inteiro sozinho. É do conhecimento público que o PT se transformou numa
organização criminosa gigantesca onde poucos escapam; Dilma ainda não é acusada
porque beneficiou de imunidade parlamentar e Haddad sua opção “democrática”
está sim acusado de corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro
(fonte DN). Anda só distraído ou é mesmo má-fé?
Mas tem razão quando cita que “uma
sociedade aberta não pode tolerar o intolerável, sob pena de se fechar
definitivamente”. Só não entendo porque defende o intolerável na pessoa de
Haddad e tudo o que ele representa quando a História já nos ensinou a todos que
o socialismo mata a democracia. Quando o legado do PT no Brasil já demonstrou isso
inegavelmente.
A responsabilidade da
comunicação social é não fazer juízos de valor a um povo que decide nas urnas,
democraticamente, aquilo que entende ser o melhor para si. Nem ser
fundamentalista, muito menos parcial. A comunicação social tem o dever de
informar com isenção e respeitar os cidadãos nas suas escolhas, sem rótulos e
frases ou adjetivos tendenciosos. Já agora onde estava você quando o povo da
Venezuela escolheu Chávez? Porque não se insurgiu alertando para a ameaça de uma
ditadura etc. etc. e tal?
O que distinguiu o Observador
até hoje foi o facto de nunca vedar qualquer opinião dos seus cronistas
mostrando que em democracia todas as opiniões são válidas, todos os pontos de
vista interessam mesmo divergentes. Porque o que mata um jornal e afasta
leitores é sentir que o mesmo só serve um grupo de pensadores, todos em
sintonia. Não é assim que se contribui para uma saudável construção de
opiniões. Quem foi que disse que há opiniões mais válidas que outras? Isso não
é liberdade de expressão, é censura, castração do pensamento.
É precisamente essa liberdade
que o Observador dá que faz dele a minha referência jornalística. Porque assim
posso exercer a minha liberdade de escolher quem quero ler e não ter de ler
apenas o que é escolhido para mim. E é nas diversidades de opiniões que formo a
minha.
No dia em que o Observador se
deixar manietar por estas críticas de pequenos ditadores de pensamento único,
morre.
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias,
27-10-2018
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