Cesar Maia
1. Já com dez dias corridos do segundo turno e com cinco dias de
programas eleitorais, centenas de inserções e milhares de posts nas redes
sociais, a equação, ou o xis da questão, continua a mesma.
2. Com quatro anos da Lava-Jato ocupando todos os espaços, com
prisões de líderes empresariais e políticos, com vídeos e gravações de enorme
destaque, era evidente que a questão comportamental, e da confiança, dos
desvios e roubos, seria o xis da questão.
3. A campanha presidencial e de governadores teria que ter este
tema sobrefocado. Os programas de governo - educação, saúde, transportes, obras
e até segurança - seriam periféricos nas decisões de voto.
4. Serviriam para legitimar as candidaturas afirmando que se
tratava de candidatos a governar. Mas deveriam ocupar um tempo apenas
suficiente.
5. Quando, no final, alguns candidatos surgiram aparentemente de
repente e se destacaram para o segundo turno, isso foi divulgado como surpresa,
puxada presidencial ou mobilização das redes sociais.
6. Os Institutos de pesquisa foram apresentados como culpados por
seus “erros”. Será?
7. Durante a campanha os eleitores foram conhecendo os candidatos e
trocando informações a respeito. Respondiam às pesquisas em função do
conhecimento que tinham dos candidatos.
8. Mas foram eliminando entre as hipóteses e alternativas de voto
aqueles que não tinham confiança ética. Os candidatos, digamos, mais atentos
entraram com o tema ético, Lava-Jato, desvios e roubos, condenações e
ligações...
9. As pesquisas deram os sinais a partir da última semana. As
curvas passaram a ter alguma inflexão. Os eleitores foram eliminando os nomes
que tinham desconfiança. Abriram-se vácuos.
10. Como num terremoto, estes vácuos eram os pontos de abertura de
crateras que se ampliaram fortemente na hora do barulho. As pessoas correram
para longe das crateras. E buscaram o que achavam ser os pontos seguros de
fuga.
11. Os nomes de maior desgaste foram abandonados e os de pouco
desgaste - conhecidos - foram abraçados na busca de “salvação”.
12. Não houve surpresa, nem erro dos Institutos. Os Institutos que
incluíram a questão ética (roubos, desvios, ligações, etc.) nas pesquisas já
tinham os indicadores. A mídia cobria, como quase sempre, como corrida de
cavalos: quem está na frente, etc.
13. Os cruzamentos só eram destacados para os favoritos. E chegou a
hora da decisão, do terremoto. E os caminhos alternativos - independente do
conhecimento completo deles - estavam traçados. Seria só correr para eles.
14. No segundo turno - havia e há - tempo para se ajustar as
estratégias. A cristalização do tema na eleição presidencial foi muito, muito
maior. PT/Lula/Haddad foi colado aos desvios. Que era e é o tema. Bolsonaro
colado à truculência, que não era e não é o tema.
15. As pesquisas residenciais, ou quase, não podiam pegar a
velocidade de multiplicação da opinião das ruas. As pesquisas nas ruas sim. Ou
como se estudou na Inglaterra na universidade de Essex no final dos anos 30. O
“sentimento popular” se antecipou à formação da Opinião Pública. Vejam o filme
“Destino de uma Nação”, quando Churchill vai às ruas ouvir, e em função disso
decidir.
Título e Texto: Cesar Maia, 17-10-2018
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