Funcionários iniciaram mobilização por
quatro semanas em todo o país; movimento afeta emissões passaportes e outros
documentos
Lis Cappi
Funcionários dos Consulados de Portugal no Brasil deram início a uma greve de quatro semanas no início de março. A mobilização é voltada para tentar resolver um impasse ligado a questões salariais entre funcionários. O ato começou na segunda-feira (4) e está previsto para seguir até o dia 27 de março, caso não haja uma resposta do governo português.
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Rio de Janeiro |
A Embaixada de Portugal disse
que “o direito à greve é uma prerrogativa constitucionalmente reconhecida a
todos os trabalhadores”, mas afirmou que “os postos consulares vão tentar
assegurar os serviços de maior urgência aos nacionais portugueses”
Com a decisão dos cerca de 100
funcionários, entre brasileiros e portugueses, todos os serviços de embaixadas
e Consulados ficam suspensos. Na prática, haverá interrupção na emissão de
vistos, passaportes e de documentos para portugueses que vivem no Brasil, como
certidões de nascimento e óbito.
A greve deve agravar a
situação de brasileiros que aguardam pela emissão da autorização em viagens de
longa duração ou em casos de mudança para Portugal, além da busca pela
cidadania. Desde o início do ano, grupos deram início a protestos, com relatos
de atraso para conseguir a marcação e emissão de documentos. O problema se dá
por uma alta demanda nos núcleos portugueses.
Segundo os trabalhadores da
área, faltam profissionais e há um impacto salarial que tem reduzido pela
metade os valores recebidos a cada mês no consulado. O problema se dá desde
2013, quando o governo português decidiu alterar a moeda de pagamento, passando
do euro para o real.
Ao R7, Alexandre Lopes Vieira, secretário adjunto do Sindicato dos Trabalhadores Consulares, Missões Diplomáticas e Serviços Centrais, destaca que ao definir a mudança, foi estabelecido uma taxa de câmbio fictícia de pouco mais de R$ 2,60, o que difere das atualizações da moeda.
“A taxa de câmbio oficial está
próxima de R$ 6,50. Então, deveria estar recebendo o dobro. Estão sendo
roubados de um vencimento a que se tem direito, desde janeiro de 2013, por 12
meses”, diz. Além da atualização monetária, os funcionários também demandam
pelo pagamento retroativo dos meses de defasagem salarial.
Vieira destaca que, se não
houver uma resposta efetiva do governo português, o protesto seguirá até a
última semana de março, interrompendo todos os serviços prestados pelos 11
consulados no Brasil.
“Vai aumentar ainda mais esses
processos. São pedidos que chegam a 100 por dia, 80 por dia. Ao se multiplicar
isso, aumentará a dificuldade para esses brasileiros que pedem os vistos e para
portugueses que estão residindo no Brasil e precisam de passaporte, certidão de
óbito ou registro de crianças. Vai aumentar o fluxo, e não há capacidade de
resposta”, conta.
O secretário também destaca
que o Brasil é o único país em que os funcionários de consulados recebem em
moeda diferente do euro. Ele aponta haver uma necessidade internacional de
aumento de vagas para a área.
“Tem que haver mudanças para
todo o quadro externo. São, ao todo, 1.300 funcionários em embaixadas e
consulados do mundo, e 100 são no Brasil. É preciso contratar mais 500 para
todo o mundo. No Brasil, são entre 30 e 40 novos funcionários.”
O que diz a Embaixada de
Portugal
Em um comunicado enviado à
reportagem, a Embaixada de Portugal destacou que “os postos consulares vão
tentar assegurar os serviços de maior urgência aos nacionais portugueses e
acomodarão os restantes atos consulares, de acordo com a sua capacidade funcional”.
Leia a íntegra da manifestação:
O direito à greve é uma
prerrogativa constitucionalmente reconhecida a todos os trabalhadores. Assim, a
capacidade que cada posto terá para realizar atendimento ao público e processar
actos consulares, incluindo vistos, será, naturalmente, determinada pelo número
de funcionários que em cada posto aderirem à greve.
Neste contexto, os postos
consulares vão tentar assegurar os serviços de maior urgência aos nacionais
portugueses e acomodarão os restantes actos consulares, de acordo com a sua
capacidade funcional.
Importa ainda esclarecer que a criação de postos consulares de carreira no Brasil é um processo cuja continuidade não será afectada pela greve dos funcionários consulares.
Texto: Lis Cappi, R7, 5-3-2025, 17h10
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