sábado, 29 de março de 2025

[Versos de través] Madrigal

As tuas mãos que ostentam pedras finas, 
Quando se cruzam, num suave enleio,
Sobre as duas colinas do teu seio,
Parecem-me divinas!...

As tuas mãos, esculturais, esguias,
Se acarinham meu rosto fatigado,
São cetinosas como as peônias!...
Têm o poder dum bálsamo encantado!

As taus mãos, se eu as diviso, enquanto
Em certos gestos tu as movimentas,
Semelham folhas de acanto…
Ou gaivotas pairando pachorrentas,
Tomadas de quebranto.

E quando, erguendo a Deus alguma prece,
As tuas mãos se juntam a rezar,
O desenho das duas me parece
Uma ogiva gótica de altar!


Alberto Costa
Faculdade de Medicina, Queima das Fitas, Coimbra 1967


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Aquela velhinha 
A menina, o mendigo e a esmola 
Vilancete 
Soneto da Madona 
Cântico negro

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