Walter Biancardine
A União Europeia (UE) surgiu
como um projecto de integração econômica e política que prometia fortalecer o
continente por meio da cooperação entre os Estados-membros. Contudo, ao longo
das décadas, o que se viu foi a gradual erosão da soberania nacional em prol de
um governo supranacional cada vez mais intervencionista. Esse fenômeno tem
implicações profundas, e sobre isso faço minha análise, respeitando as
tradições, soberania dos povos e a preservação da ordem social.
A UE fundamenta-se,
basicamente, em uma demagógica ideia de suposta “unanimidade de valores e
objetivos”, compartilhada entre seus membros. No entanto, essa visão faz
questão de ignorar as profundas diferenças culturais, históricas e políticas
que sempre caracterizaram os países europeus. Valendo-me de Edmund Burke,
argumento que a verdadeira ordem política não pode ser imposta de cima para
baixo, mas deve emergir organicamente das tradições e costumes dos povos. A
imposição de normas uniformes pela burocracia de Bruxelas reflete claramente
uma mentalidade iluminista abstrata, desconsiderando as raízes históricas das
nações e oferece ampla margem para tecermos as mais variadas suspeitas sobre as
verdadeiras intenções de tal instituição.
Globalismo e a burocracia
supranacional
Qualquer pessoa de bom senso e
não contaminada pelo vírus da grande mídia enxergaria os perigos de estruturas
supranacionais, que diluem a identidade dos povos e reduzem a capacidade dos
cidadãos de influenciarem suas próprias leis. Roger Scruton disse que a
identidade nacional não é, nem jamais foi, um empecilho ao progresso, mas sim
um fator essencial para o florescimento da liberdade e da ordem social. A UE,
no entanto, parece governar através de uma burocracia que não responde
diretamente ao eleitorado, é por ele desconhecida e quase inacessível e
empenha-se no afã de seguir minando a democracia representativa.
Já a política de imigração imposta pela UE, sobretudo no que tange à massiva migração islâmica, é um dos exemplos mais claros de sua desconexão com a realidade das nações-membro e expõe nitidamente as sinistras intenções de extinguir o berço da civilização ocidental – algo como se a Europa fosse extinta pelos próprios europeus e, assim, jamais poderão reclamar.
A tentativa de impor uma
tolerância forçada e a criminalização de quaisquer críticas a essa política –
ou mesmo aos próprios imigrantes – representam uma ameaça direta à cultura e
aos valores europeus. Nunca é demais advertir sobre o inevitável declínio das
civilizações, quando estas perdem sua identidade e se tornam incapazes de
defender seus próprios valores. A condescendência das autoridades europeias com
comunidades que rejeitam os princípios ocidentais de liberdade e igualdade de
direitos é um sinal alarmante desse declínio.
Além disso, tem-se observado
um crescimento alarmante dos embates religiosos contra os cristãos – sempre os
cristãos, em qualquer parte do mundo. Onde está Bergoglio? – promovidos tanto
por imigrantes muçulmanos quanto pelas próprias autoridades locais, que buscam
silenciar manifestações cristãs sob o pretexto de “neutralidade religiosa” ou
“tolerância”. Ataques a igrejas, censura a símbolos cristãos e até restrições à
liberdade de culto tornaram-se mais frequentes em diversos países europeus,
evidenciando um duplo padrão que favorece minorias religiosas enquanto
deslegitima a herança cristã do continente – na verdade, visa aboli-la.
A defesa da soberania
Qualquer mente conservadora
sempre defenderá a soberania nacional como um pilar fundamental da ordem
política. A prudência política exige a adaptação às circunstâncias concretas de
cada sociedade, em vez da aplicação de princípios abstratos e universais, sendo
que o federalismo forçado da UE ignora essa sabedoria, tratando todos os
Estados-membros como peças intercambiáveis dentro de um esquema tecnocrático.
Diante dessa realidade, seria
prova de juízo – quase uma “legítima defesa” – se os países europeus
reconsiderassem sua relação com a UE, fortalecendo sua soberania e impondo uma
total autonomia legislativa. A saída do Reino Unido (Brexit) demonstrou que é
possível retomar o controle nacional sem comprometer a cooperação
internacional, por mais estranhas e tortuosas que tenham sido as razões. O
futuro da Europa não pode estar atrelado a uma elite burocrática
comuno-globalista e ditatorial, que ignora as vozes das nações e impõe um
modelo homogeneizante.
A lição que tiramos desse
cenário é clara: a luta pela liberdade e pela identidade nacional é uma luta
pela própria sobrevivência da cultura ocidental. A centralização supranacional
da UE jamais foi um avanço, mas sim um perigoso retrocesso totalitarista, que
compromete os fundamentos da ordem e da civilização europeia. Puro globalismo.
Título e Texto: Walter Biancardine, ContraCultura, 13-3-2025
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