Paulo Hasse Paixão
O portal de notícias
conservador Citizen Free Press (CFP) foi bloqueado nas redes Wi-Fi públicas a bordo dos
comboios britânicos. A restrição, justificada pelo fornecedor de redes Virgin
Wi-Fi com a alegação de que o site foi rotulado como “contencioso”, foi
destacada por Raheem Kassam, editor-chefe do The National Pulse.
O CFP é um agregador de
notícias, que publica links para artigos da comunicação social e posts de redes
sociais, sendo um dos sites de conteúdo editorial com maior tráfego nos EUA.
Kassam partilhou a sua
experiência no X, publicando uma captura de ecrã do aviso de restrição que
encontrou enquanto viajava por Inglaterra, onde cobria a conferência anual do
partido Reform UK, de Nigel Farage:
“Estou num comboio em
Inglaterra e não consigo aceder ao @CitizenFreePres porque está bloqueado por
ser ‘contencioso’.”
I'm on a train in England and can't access @CitizenFreePres because it's blocked for being "Contentious."
— Raheem J. Kassam (@RaheemKassam) September 5, 2025
Meanwhile, @Keir_Starmer maintains there is still "free speech" in the United Kingdom. pic.twitter.com/GUpbZikTIa
Ser “contencioso” é agora motivo para ser censurado, na distopia do Reino Unido. A seguir: pensar pela própria cabeça será um crime contra a segurança do Estado.
O incidente alimentou ainda
mais o debate sobre a erosão da liberdade de expressão na Grã-Bretanha, sob a
égide do Partido Trabalhista do primeiro-ministro Keir Starmer. Embora as
pessoas sejam há muito censuradas e presas por delito de opinião e “retórica antissistema“, que governos trabalhistas e conservadores têm transformado
numa ferramenta de combate político, as restrições à liberdade de expressão intensificaram-se desde
que Starmer assumiu o cargo em meados de 2024, principalmente após onda
de protestos anti-imigração que se seguiu ao assassinato de três
meninas por um adolescente com origem migratória em Southport, Inglaterra.
Em Agosto passado, o
procurador-geral de Inglaterra assumiu a vocação totalitária do regime, alertando:
“O crime de incitamento ao
ódio racial envolve a publicação ou distribuição de material insultuoso ou
abusivo, que tenha a intenção ou seja susceptível de incitar o ódio racial. Se
partilha isso, estará a republicar e, potencialmente, estará a cometer esse
crime”.
O chefe da Gestapo britânica
acrescentou que “polícias dedicados” estavam a “vasculhar as redes sociais”,
procurando identificar as pessoas por trás dessas publicações e a detê-las.
Num incidente recente de
grande impacto, o argumentista de comédia irlandês Graham Linehan foi detido por
uma equipa de polícias armados quando aterrou no aeroporto de Heathrow, em
Londres, vindo do Arizona, por publicações no X com críticas à ideologia
transgénero e aos seus activistas.
Starmer supervisionou a
implementação da nova Lei de Segurança Online do Reino Unido — inicialmente defendida pelo
Partido Conservador quando assumia o poder — que obriga as plataformas e os
fornecedores de serviços a filtrar conteúdos alegadamente prejudiciais.
Supervisionada pelo órgão regulador governamental Ofcom, a lei foi cinicamente
enquadrada como uma forma de proteger os utilizadores da internet,
especialmente as crianças, de conteúdos nocivos, como a pornografia infantil.
No entanto, a legislação está a ser utilizada massivamente para censurar
opiniões, incluindo vídeos de discursos no Parlamento relacionados com o escândalo dos
gangues de violação de muçulmanos.
No Reino Unido são detidas trinta pessoas por dia por crimes de opinião e
pensamento. São onze mil presos políticos por ano.
Título e Texto: Paulo Hasse Paixão, ContraCultura, 9-10-2025
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-