sábado, 30 de março de 2013

Ouvindo mudos

Valmir Azevedo Pereira
Na medida em que se aproxima o 31 de março, a presidente fica mais possessa. É bom sair de baixo e, também, de perto, pois vai chover m.... Dizem, ainda,  que haverá choro e ranger de dentes.
Na sua ira, praticamente, exigiu que a Comissão da Verdade aja.
Realmente, a Comissão tem se caracterizado por coisas de somenos, como desvendar que o Herzog foi suicidado, e começa a descobrir que o Jango foi devidamente assassinado, e o Juscelino idem.
Parece que, objetivando obter declarações estrondosas e altamente incriminatórias, deverá escutar o outro lado, o da repressão.
Tolo de quem acredita no contraditório, o que pretendem é o incriminatório.
Alguns céticos declaram, peremptoriamente, que ao comparecer diante da Comissão, o agente da repressão cavará a própria cova.
Sabemos que os agentes já foram crucificados há décadas, e subir até o cadafalso seria o suicídio induzido.
Mesmo os mais inteligentes queimam a “mufa” ao imaginar as perguntas que serão feitas, do tipo: “quantos heróis você torturou?” “Ou matou?”
Pobres agentes que, há muitos e muitos anos, foram devidamente enxovalhados, se limitam a respirar de leve, sem provocar a mínima marola, só se deslocam à noite, em surdina. E, geralmente, se fingem de mortos.
Buscam o anonimato, não comentam com ninguém sobre o período que lutaram contra a subversão. Se militares, queimaram as fardas, os coturnos, as medalhas e a sua vergonhosa identidade militar jaz escondida numa caixinha de papelão enterrada em algum local ermo. Nem ele lembra onde enterrou.
Agora, diante de escolados interrogadores, tem medo. Não queria vir, mas foi obrigado, algemado, ameaçado e, portanto, lá está, um pobre vivente, sem lenço, sem documento, sem apoio, sem advogado e, portanto, acuado e desarmado.
Dá pena. Vai ser massacrado.
Poderá receber a pergunta do tipo, “O senhor acha que por vezes é preciso pressionar o prisioneiro para que ele confesse alguma coisa?” Nosso conselho é que rebata com veemência a insinuação.
Morra na posição e afirme que não concorda que nada fez que nada viu, ou ouviu.
Se empolgado pelo vírus da indignação, começar a falar que os subversivos eram assaltantes, sequetradores e terroristas, decretará a sua aquiescência e a provável prática de tortura.
Portanto, fuja, passe super cola na boca e morra de fome, de indignação, mas nada diga. Caso coloquem à sua frente os heroicos subversivos, baixe a cabeça, o olhar, pois será a acusado das torturas mais torpes e nada poderá fazer para evitar o massacre.
Ao vê-lo, eles chegarão às lágrimas, lembrando como você era nojento e maldoso.
Esta sessão incendiará contra você a ira dos Comissionados, que abraçados aos seus acusadores, entoarão hinos de vingança e de viva o revanchismo.
Pobres agentes; se militares, pobres e miseráveis, pois serão linchados em praça pública, com a devida autorização do desgoverno, que atendendo ao apelo popular decretará a execução de vocês através de um programa televisivo da Globo, tipo BBB (de grande audiência).
A única diferença seria no modo de execução, com um gajo que nem o exemplar Bial, perguntando aos telespectadores, por exemplo, “se quer enforcamento, digite um, se quer envenenamento dois, se empalamento três”, e assim por diante.
A ligação será gratuita.
Título e Texto: Gen Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira, Brasília, DF, 30 de março de 2013

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