1. Jacques Séguéla
– publicitário francês, destaque na comunicação política – foi o assessor de
imagem de François Mitterand. Seu livro sobre essa experiência (La parole de
Dieu) faz um contraponto com a escola americana de marketing político. A
começar pela orientação para que o governante apareça para a mídia e mergulhe,
em movimentos alternados. Ele diz que a aparição continuada é como a exposição
ao sol e traz queimaduras políticas de segundo e até terceiro graus. Em outra
passagem ele diz que "A cena política parece – mas é diferente da cena
teatral. Nessa, o ator muda de personagem e continua a produzir emoções. Na
cena política, não, ao contrário".
2. Num momento de desgaste
político o recomendável é seguir Séguéla e evitar a exposição continuada. Dilma
e Cabral escolheram o caminho norte-americano, a exposição continuada, ou como
aconselha Dick Morris (publicitário de Clinton na reeleição): “Todo dia é dia
de eleição”. O provável, segundo Seguelá, no caso aqui, agravado pelo momento
de desgaste de imagem de ambos, é que a exposição continuada produza
queimaduras de segundo e terceiro graus.
3. Mais grave é o caso de
Cabral. Ele resolveu mudar de personagem: de soberbo para humilde. O
publicitário que o aconselhou a isso em breve será demitido. A cena política é
diferente da teatral, conforme Séguéla. Político não é ator. Mudar de
personagem é não produzir emoções e ainda ser exposto à crítica, ao ridículo e
ao deboche.
4. Dilma pode até manter as queimaduras de segundo grau de sua rejeição optando pela exposição continuada. Mas Cabral terá – com certeza – queimaduras de terceiro grau e sua sobrevivência política inviabilizada. As redes sociais já começam a ironizar a mudança de personagem.
Título e Texto: Cesar Maia, 14-8-2013
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