Num debate havido no programa
“Entre Aspas”, da GloboNews, comandado por Mônica Waldvogel, o senador Humberto
Costa (PT-PE) afirmou, com todas as letras, que o governo brasileiro vinha
tratando da importação de médicos cubanos havia já um ano e meio. Escrevi um post a respeito na segunda-feira. Costa afirmou
literalmente:
“Esse programa já vem sendo
trabalhado há um ano e meio. Boa parte desses cubanos já trabalhou em países de
língua portuguesa, não têm dificuldade com a língua. E, ao longo desse
um ano e meio, eles vêm tendo conhecimento sobre o sistema de saúde no Brasil,
doenças que existem aqui e não existem lá…”
Como se constata na fala
acima, Costa não está a dizer que o programa estava sendo pensado apenas nos
escaninhos da burocracia, que havia uma vaga ideia a respeito ou coisa, que,
quem sabe?, o Brasil poderia fazer um dia. Nada disso!
O senador está a dizer que os
cubanos “vêm tendo conhecimento sobre o sistema de saúde no Brasil,
doenças que existem aqui e não existem lá…”O Estadão publica um texto
informando que os cubanos vêm tendo aulas há seis meses.
Seis meses ou um ano e meio?
Em qualquer dos casos, fica evidente que havia um programa secreto em gestação.
Chegou-se a pensar por aqui que o governo tomou medidas meio atabalhoadas,
pressionado pelas manifestações.
Costa, que deve conhecer o
assunto porque é um petista graúdo e porque foi ministro da Saúde, afirmou que
a coisa é bem mais antiga: remonta ao tempo em que a popularidade de Dilma
estava lá nos cornos da Lua, e as ruas, pacíficas.
Seis meses ou um ano e meio? A
diferença é, sim, relevante:
a: como, há um ano e meio, não havia a pressão (embora houvesse a necessidade) por mais médicos nos rincões do Brasil, isso sugere que a importação dos cubanos atendia mais a uma necessidade de Cuba do que do Brasil;
b: nesse um ano e meio, o Ministério da Saúde não moveu uma palha para atrair os médicos brasileiros para as áreas carentes. Por que não? Porque, afinal, havia um programa em curso;
c: os cubanos se espalham por praticamente todos os países da América Latina que hoje têm governos de esquerda. O Brasil, até havia pouco, era uma exceção;
d: cubanos ou brasileiros, os médicos que vão para essas áreas carentes terão de enfrentar um problema fundamental: a falta de infraestrutura.
a: como, há um ano e meio, não havia a pressão (embora houvesse a necessidade) por mais médicos nos rincões do Brasil, isso sugere que a importação dos cubanos atendia mais a uma necessidade de Cuba do que do Brasil;
b: nesse um ano e meio, o Ministério da Saúde não moveu uma palha para atrair os médicos brasileiros para as áreas carentes. Por que não? Porque, afinal, havia um programa em curso;
c: os cubanos se espalham por praticamente todos os países da América Latina que hoje têm governos de esquerda. O Brasil, até havia pouco, era uma exceção;
d: cubanos ou brasileiros, os médicos que vão para essas áreas carentes terão de enfrentar um problema fundamental: a falta de infraestrutura.
A questão do tempo — se seis
ou dezoito meses — só é irrelevante diante de uma questão óbvia: quando
Alexandre Padilha, ministro da Saúde, anunciou, no mês passado, que o governo
desistira dos médicos cubanos, ele estava contando o oposto da verdade.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 30-8-2013
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