domingo, 25 de agosto de 2013

Médicos cubanos: ainda há muito o que explicar

Eliana França Leme
Ainda está muito nebulosa essa questão da vinda dos médicos cubanos: o que farão eles nos rincões deste imenso Brasil sem mínimas condições de atendimento, em que nenhum médico brasileiro se dispõe a trabalhar exatamente por este motivo e também por não oferecerem estes lugares, meios adequados para lá viverem com suas famílias? Você, caro profissional de qualquer área, iria para um longínquo sertão nordestino, com seus filhos, um local onde nem escola para eles houvesse?

Para onde serão enviados os casos emergenciais se hospitais por perto não há? Serão capazes de realizar milagres?

Outra questão séria: se existem apenas duas univesidades de medicina em Cuba que formam num total, 300 médicos por ano, como fizeram para juntar os 4 000 que para cá virão, note-se, sem suas famílias?  
Sabe-se que seus salários serão pagos não pelo governo brasileiro, mas pelo regime cubano, num expediente explícito de "mais-valia", ou seja, com lucro em cima da mão de obra desses profissionais. Parece-lhe justo isso? Decente? Democrático? Honesto?

Fazendo as contas, todos estes médicos precisariam estar sendo formados ao longo de 15 anos. Sendo transferidos para cá tantos tidos como "experientes", como ficariam então os cubanos? Sem médicos ou então, com pouquíssimos veteranos com prática na profissão? E por que motivo, suas famílias não os podem acompanhar? Como suportarão esses indivíduos, durante anos, a ausência de seus entes queridos, sem que possam pedir asilo para permanecerem definitivamente, caso algum deles deseje aqui formar família? E seus filhos, os que lá foram deixados, sem pais presentes, ou mães, em que situação triste ficarão em Cuba?
Será que dá para perceber que existe algo de muito estranho nisso tudo? Não estamos falando de alguns médicos, estamos a falar de milhares!

Médicos portugueses, argentinos ou espanhóis, não estarão sujeitos a estas mesmas condições. Poderão ir e vir se assim desejarem, mas esse não é o caso dos milhares de médicos cubanos que estão chegando com um discurso uníssono, ensaiado, preparado e dizendo que desejam trabalhar por solidariedade!

Solidariedade? Ora, solidariedade, teriam que ter pelos seus compatriotas cubanos que, pelos que se sabe, estão passando por uma situação de extrema precariedade no que diz respeito a tudo.   
Sinceramente, qualquer profissional da área de Saúde Pública, sejam médicos, fisioterapeutas, psicólogos e outros devem estar achando, no mínimo, suspeitas, todas essas questões mal explicadas.

E, por último, os cubanos, segundo o governo brasileiro, não poderão pedir asilo, pois que serão imediatamente devolvidos a Cuba. Então que o nosso muy amigo gobierno brasileño, devolva da mesma forma, Cesare Battisti, terrorista italiano acusado de ter matado a sangue frio, algumas pessoas em pleno regime democrático italiano, e que aqui está sob o manto da proteção do governo brasileiro, com asilo garantido além de trabalho remunerado, segundo consta, na cidade de Santos, em órgão ligado ao Partido dos Trabalhadores.

Isto significia que, para o governo petista, há sempre dois pesos e duas medidas e reza a máxima: "aos amigos, tudo, aos inimigos, o rigor da lei".

Que gente é essa que nos governa que aceita tanta arbitrariedade de um governo amigo, mas vem logo com o dedo em riste quanto qualquer suspeita de exploração de alguma categoria profissional é logo apontada e atacada como sendo um crime de lesa-humanidade? Meu Deus, quanta incoerência!

O problema disso tudo é que a população pobre e desinformada acha tudo ótimo, bem como os adeptos deste governo, é claro, pois além de não ligarem o fato de não terem atendimento pela precariedade dos recursos investidos em Saúde e Educação, ignoram também que a intenção do governo não é a de melhorar suas condições, mas sim, de ganhar seus votos com medidas paliativas e populistas, adiando sine die, a verdadeira solução do problema, gravíssimo por sinal.  
Devemos acompanhar atentamente como tudo isso irá se desenrolar assim como os resultados após algum tempo de atuação destes profissionais e por quanto tempo conseguirão permanecer afastados de seu país e famíliares.

Olhe, num país com este governo que temos, talvez se justifique tanta solidariedade de 'los hermanos cubanos', pois a cada medida tomada, tudo parece sempre pontual, populista e absurdamente irresponsável. Vamos ver onde vamos chegar, porque, sinceramente, só não vê tanto absurdo quem não tem olhos de ver e ouvidos de ouvir.
Título e Texto: Eliana França Leme, 25-8-2013

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