Ainda está muito nebulosa essa
questão da vinda dos médicos cubanos: o que farão eles nos rincões deste imenso
Brasil sem mínimas condições de atendimento, em que nenhum médico brasileiro se
dispõe a trabalhar exatamente por este motivo e também por não oferecerem estes
lugares, meios adequados para lá viverem com suas famílias? Você, caro
profissional de qualquer área, iria para um longínquo sertão nordestino, com
seus filhos, um local onde nem escola para eles houvesse?
Para onde serão enviados os
casos emergenciais se hospitais por perto não há? Serão capazes de realizar
milagres?
Outra questão séria: se
existem apenas duas univesidades de medicina em Cuba que formam num total, 300
médicos por ano, como fizeram para juntar os 4 000 que para cá virão, note-se,
sem suas famílias?
Sabe-se que seus salários
serão pagos não pelo governo brasileiro, mas pelo regime cubano, num expediente
explícito de "mais-valia", ou seja, com lucro em cima da mão de obra
desses profissionais. Parece-lhe justo isso? Decente? Democrático? Honesto?
Fazendo as contas, todos estes
médicos precisariam estar sendo formados ao longo de 15 anos. Sendo
transferidos para cá tantos tidos como "experientes", como ficariam
então os cubanos? Sem médicos ou então, com pouquíssimos veteranos com prática
na profissão? E por que motivo, suas famílias não os podem acompanhar? Como
suportarão esses indivíduos, durante anos, a ausência de seus entes queridos,
sem que possam pedir asilo para permanecerem definitivamente, caso algum deles
deseje aqui formar família? E seus filhos, os que lá foram deixados, sem pais
presentes, ou mães, em que situação triste ficarão em Cuba?
Será que dá para perceber que
existe algo de muito estranho nisso tudo? Não estamos falando de alguns
médicos, estamos a falar de milhares!
Médicos portugueses,
argentinos ou espanhóis, não estarão sujeitos a estas mesmas condições. Poderão
ir e vir se assim desejarem, mas esse não é o caso dos milhares de médicos
cubanos que estão chegando com um discurso uníssono, ensaiado, preparado e
dizendo que desejam trabalhar por solidariedade!
Solidariedade? Ora,
solidariedade, teriam que ter pelos seus compatriotas cubanos que, pelos que se
sabe, estão passando por uma situação de extrema precariedade no que diz
respeito a tudo.
Sinceramente, qualquer
profissional da área de Saúde Pública, sejam médicos, fisioterapeutas,
psicólogos e outros devem estar achando, no mínimo, suspeitas, todas essas
questões mal explicadas.
E, por último, os cubanos,
segundo o governo brasileiro, não poderão pedir asilo, pois que serão
imediatamente devolvidos a Cuba. Então que o nosso muy amigo gobierno brasileño, devolva da mesma forma, Cesare
Battisti, terrorista italiano acusado de ter matado a sangue frio, algumas
pessoas em pleno regime democrático italiano, e que aqui está sob o manto da
proteção do governo brasileiro, com asilo garantido além de trabalho
remunerado, segundo consta, na cidade de Santos, em órgão ligado ao Partido dos
Trabalhadores.
Isto significia que, para o
governo petista, há sempre dois pesos e duas medidas e reza a máxima: "aos
amigos, tudo, aos inimigos, o rigor da lei".
Que gente é essa que nos
governa que aceita tanta arbitrariedade de um governo amigo, mas vem logo com o
dedo em riste quanto qualquer suspeita de exploração de alguma categoria
profissional é logo apontada e atacada como sendo um crime de lesa-humanidade?
Meu Deus, quanta incoerência!
O problema disso tudo é que a
população pobre e desinformada acha tudo ótimo, bem como os adeptos deste
governo, é claro, pois além de não ligarem o fato de não terem atendimento pela
precariedade dos recursos investidos em Saúde e Educação, ignoram também que a
intenção do governo não é a de melhorar suas condições, mas sim, de ganhar seus
votos com medidas paliativas e populistas, adiando sine die, a verdadeira solução do problema, gravíssimo por sinal.
Devemos acompanhar atentamente
como tudo isso irá se desenrolar assim como os resultados após algum tempo de
atuação destes profissionais e por quanto tempo conseguirão permanecer
afastados de seu país e famíliares.
Olhe, num país com este
governo que temos, talvez se justifique tanta solidariedade de 'los hermanos cubanos', pois a cada
medida tomada, tudo parece sempre pontual, populista e absurdamente
irresponsável. Vamos ver onde vamos chegar, porque, sinceramente, só não vê
tanto absurdo quem não tem olhos de ver e ouvidos de ouvir.
Título e Texto: Eliana França Leme, 25-8-2013
email: efleme@terra.com.br
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