
Já mudei de endereço várias
vezes, mas não consigo me desfazer dela. O único espaço que arrumei para ela,
foi no corredor que dá acesso a uma pequena área, onde estendo as roupas, para
secar. Volta e meia dou-lhe uma topada no corre e corre das tarefas domésticas,
ao vir com as roupas lavadas para a área. Mas ela continua lá. A utilidade
dela, já que não está em condições de uso, é me lembrar os anos que voamos por
esse mundão de Deus afora, e pra mim isso não é pouco. Nossa história foi linda
demais e da mesma forma sofrida.
Nela cabiam meus sonhos, meus
manuais, minha carreira, fotos de meus filhos e uma pecinha de roupa de cada
um, que eu sempre levava, para matar um pouco da saudade e para quebrar a
frieza dos quartos de hotel.
É esse valor que me impede de
dispensá-la.
Hoje, como a nossa Varig, ela
está fora de operação, mas existe.
Está maltratada, mas insiste
em permanecer presente, nem que seja só para me ouvir os impropérios a cada
encontrão.
Como a Varig, ela teima em
simbolizar uma marca, um tempo, uma paixão, ficando assim, bem no caminho
daqueles que dela não conseguem se desvencilhar. Quando menos esperam lá estamos
nós novamente, no papel de Malas a lhes atravancar os passos.
Título e Texto: Angel Nunes
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