sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Minha Mala e eu

Angel Nunes

Guardo num canto do meu mini-apartamento, uma mala pequena, azul, toda remendada, onde mal se vê o logotipo Varig.

Já mudei de endereço várias vezes, mas não consigo me desfazer dela. O único espaço que arrumei para ela, foi no corredor que dá acesso a uma pequena área, onde estendo as roupas, para secar. Volta e meia dou-lhe uma topada no corre e corre das tarefas domésticas, ao vir com as roupas lavadas para a área. Mas ela continua lá. A utilidade dela, já que não está em condições de uso, é me lembrar os anos que voamos por esse mundão de Deus afora, e pra mim isso não é pouco. Nossa história foi linda demais e da mesma forma sofrida.
Nela cabiam meus sonhos, meus manuais, minha carreira, fotos de meus filhos e uma pecinha de roupa de cada um, que eu sempre levava, para matar um pouco da saudade e para quebrar a frieza dos quartos de hotel.

É esse valor que me impede de dispensá-la.

Hoje, como a nossa Varig, ela está fora de operação, mas existe.

Está maltratada, mas insiste em permanecer presente, nem que seja só para me ouvir os impropérios a cada encontrão.

Como a Varig, ela teima em simbolizar uma marca, um tempo, uma paixão, ficando assim, bem no caminho daqueles que dela não conseguem se desvencilhar. Quando menos esperam lá estamos nós novamente, no papel de Malas a lhes atravancar os passos.

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