sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Religião e Terror

Francisco Vianna

O DEPARTAMENTO DE POLÍCIA DE NOVA IORQUE (NYPD) DENUNCIA DIVERSAS MESQUITAS COMO ORGANIZAÇÕES TERRORISTAS. 

Documentos revelam que a polícia investigou um sem número de muçulmanos desde 11 de setembro de 2001, como parte do programa de vigília a possíveis ameaças à segurança interna da cidade.

Membros de uma congregação muçulmana rezam durante o serviço religioso na mesquita da Sociedade Islâmica de Bay Ridgeno Brooklyn, NY, no início deste mês. Foto: Bebeto Matthews/AP
O renovado Departamento de Polícia de Nova Iorque, o famoso NYDP, vem secretamente rotulando mesquitas inteiras como organizações terroristas que pregam o ódio aos EUA e outras ações antiamericanas em pleno território estadunidense. Isso permite a polícia usar informantes para gravar sermões e espionar os imãs, frequentemente sem evidência específica de crime ou malfeito.

Designar uma mesquita inteira como uma "iniciativa terrorista" significa que qualquer um que a frequente, mesmo que apenas para orar, é considerado um objeto potencial de investigação e alvo de uma vigília continuada.

Desde os atentados de 11 de setembro de 2001 a Nova Iorque, Pensilvânia e Pentágono em Washington, o NYPD já abriu pelo menos uma dúzia de “processos de investigação a iniciativas terroristas” dentro de mesquitas – templos muçulmanos - na cidade, de acordo com entrevistas e documentos confidenciais da polícia. Um ‘TEI’ (de Terrorist Enterprise Investigation), como é conhecido, é um instrumento policial direcionado a ajudar na investigação de células terroristas islâmicas ou outras que o valham. Muitos TEIs se arrastam por anos, permitindo que a vigilância continue mesmo que o NYPD não tenha jamais acusado qualquer mesquita ou organização islâmica de qualquer crime ou de estar operando como uma iniciativa terrorista.

Mesquitas como essa da foto estão sob constante vigilância do NYDP, não por sua história, mas por sua religião associada a grupos terroristas em todo o mundo.
O NYDP, na sua caça frenética por terroristas islâmicos, tem gerado farta documentação que mostra como o departamento investiga um sem número de muçulmanos inocentes de Nova Iorque e coloca toda a informação sobre eles em arquivos secretos a disposição da polícia. Tal tática adotada pelo NYDP, de abrir TEIs em mesquitas, é potencialmente tão invasiva que, enquanto o Departamento já conduziu pelo menos uma dúzia delas, o FBI nunca realizou uma sequer, segundo entrevistas com autoridades federais de aplicação da lei.

A estratégia tem permitido ao NYPD enviar agentes disfarçados para dentro das mesquitas numa tentativa de plantar informantes nos quadros de fiéis desses templos e pelo menos um proeminente grupo árabe-americano no Brooklyn, cujo diretor executivo tem trabalhado com as autoridades municipais, incluindo Bill de Blasio, um político bem cotado para o cargo de prefeito. De Blasio disse na última quarta-feira pelo Twitter que ficou “profundamente transtornado pelo fato do NYPD ter rotulado mesquitas inteiras e organizações muçulmanas como grupos terroristas aparentemente sem nenhum motivo. Segurança e liberdade é o que nos torna fortes”.

As revelações sobre a espionagem maciça do NYPD estão em documentos recentemente obtidos pela “The Associated Press” e parte de um novo livro “Inimigos Internos: Dentro deuma Unidade de Espionagem Secreta do NYPD - Tudo sobre a Conspiração Final de bin Laden Contra a América”. O livro escrito pelos repórteres da AP, Matt Apuzzo e Adam Goldman, é baseado em centenas de arquivos policiais previamente inéditos e em entrevistas com autoridades atuais e antigas do NYPD, da CIA e do FBI.

As descobertas vieram à tona depois que o NYPD se viu enredado em ações judiciais que o acusam de estar engajado em disputas raciais enquanto combate o crime. No início deste mês, um juiz sentenciou que o uso pelo Departamento da ‘tática de parar e revistar’ era inconstitucional. O Sindicato Americano das Liberdades Civis e dois outros grupos entraram com uma ação judicial alegando que os programas de espionagem a muçulmanos ferem a Constituição Americana e amedronta os muçulmanos de praticarem sua fé sem o escrutínio policial.

Tanto o Prefeito Mike Bloomberg como o Comissário de Polícia Raymond Kelly têm negado tais acusações. Kelly, falando ao programa de TV da MSNBC “Bom Dia Joe”, lembrou as pessoas que seus programas de inteligência começaram na onda do “11 de setembro de 2001”: “Seguimos pistas onde quer que elas nos levem e não nos intimidamos com qualquer ambiente em que elas nos levem. E assim fazemos para proteger o povo da Cidade de Nova Iorque”.

De um modo geral, as mesquitas e associações muçulmanas não têm um passado ofensivo aos EUA, mas, como gato escaldado tem medo de água fria, o NYDP não afrouxa a vigilância em cima de uma religião que, em todo o mundo, está profundamente ligada aos atentados terroristas daqueles que pregam a jihad (guerra santa) contra quem não compartilha com suas crenças.
Título e Texto: Francisco Vianna, (da mídia internacional), 30-8-2013

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