A perda dos mais elementares
padrões que deveriam nortear o ser humano é fruto de sua degradação moral e
ocorre de forma paulatina.
A deteriorização, por ser de
foro íntimo, não dói, pelo contrário, ao desprender-se de determinadas
restrições, o indivíduo ficará apenas sob os reclamos de sua consciência, a
qual ouvirá ou não.
Aos pobres de espírito,
apartados das leis divinas, os alertas de sua percepção interior de que está
cometendo algum erro serão devidamente expurgados.
Aos poucos, o sem-caráter cria
uma barreira de falta de escrúpulos, e sem qualquer limite espiritual ou
material, segue em frente.
Caberia na falta do patrulhamento
individual, o julgamento dos outros para coibir o finório, contudo, se a
sociedade não tem meios, nem capacidade para admoestá-lo, o torpe, sob o manto
da impunidade, poderá praticar as maiores barbaridades.
As sociedades, para distribuir
justiça e determinar padrões para os seus integrantes, elaboram regras e leis
que emanam da autoridade soberana, e impõem a todos os indivíduos, a obrigação
de submeter-se a elas, sob pena de sofrerem as sanções previstas.
Assim, para a convivência
cordata e pacífica, na esperança de evitar abusos e distribuir Justiça, as leis
foram criadas por uma sociedade para atender os seus anseios comuns.
Evidentemente, pelos
diferentes costumes, religiões e particularidades, inclusive históricas, as
leis estabelecidas por uma sociedade podem não atender a outras, contudo, os
princípios básicos, como a diferença entre o bem e o mal, são universais.
O fenômeno geral de uma
sociedade capaz de aceitar viver sob um contexto que agride despudoradamente o
espírito da lei é catastrófico. De fato, podemos considerar que esta débil
sociedade não tem os atributos para ser nomeada como uma Nação.
Mas quando tal barbárie pode
ocorrer?
Em primeiro, devemos
considerar que semelhante distorção é fruto de uma paulatina falta de honradez
e do abandono dos valores e qualificações que deveriam amparar o ser humano, as
quais foram relegadas a um segundo plano.
Hoje, ao assistirmos à
permanência no mandato do Deputado Donadon por opção de seus pares, ou pela
insuficiência de votos para expurgá-lo do cargo, o Legislativo não apenas posta-se
contra o Poder Judiciário que o condenou, e ainda faz muito mais: volta-se
contra o próprio espírito da lei.
Nada mais acintoso e
deprimente do que testemunhar que a inqualificável decisão do Legislativo, não
se baseou em diferente interpretação da lei, mas simplesmente no seu
descumprimento.
Não vamos falar sobre a
impunidade do Deputado, fato explícito, mas dimensionar a triste realidade que
foi a decisão de acobertamento de um parlamentar justamente condenado pelo
Poder Judiciário.
Ou seja, além do escabroso
atropelamento da lei, tivemos o acintoso e flagrante desafio a outro Poder da
República.
Se não chegamos ao fundo do
poço, pois tudo sempre pode piorar, estamos próximos.
Infelizmente, a dura realidade
é que a partir do jeitoso modo de sobreviver do nativo, convivemos nas últimas
décadas com uma permissividade e uma pusilanimidade que foram encaminhados para
a perda da dignidade que ora nos cerca.
Portanto, é nítido que os maus
costumes, a falta de honradez e de responsabilidade forjaram uma deformação no
cidadão, pronto para aceitar o que hoje engolimos sem a menor reação.
Diante de quadro tão funesto,
pouco nos resta de esperança de que este rascunho mal engendrado de Nação, um
dia atinja o nível que os poucos não cooptados gostariam.
Resta-nos esperar pelo pior ou
revoltar-se contra a esbórnia política, econômica e moral que nos massacra.
Como diz um descrente filósofo
que admiramos: “esta M... não tem solução”.
Pelo jeito, só com a volta do
Lula.
Hahahaha…
Título e Texto: Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira, Brasília,
DF, 30 de agosto de 2013
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