sexta-feira, 27 de junho de 2014

A seleção de Gana e o pessoal do Aerus (a falta de grana e a falta de gana)

José Manuel

Não quero e não devo me imiscuir em assuntos que não me dizem respeito, porém, como são notícias e de conhecimento público, me reservo o direito de comentar aquilo que chega ao meu conhecimento e, para mim, relevante.

O fato ocorrido, por exemplo, esta semana, com a seleção de Gana que, ao exigir da sua Federação o pagamento adiantado e em espécie, antes do seu jogo contra Portugal pelas eliminatórias da copa do mundo, é um exemplo monumental do que cidadãos podem fazer, quando os seus direitos são ultrajados.

Obviamente que o problema com os jogadores já existia muito antes de seu embarque para participar da copa Fifa 2014.
Ao anunciar de que não mais jogariam sem receber o prometido, colocaram todo um evento mundial em xeque.
São jogadores profissionais e contratos existem para serem cumpridos.

Em menos de 24 horas e em um avião especialmente fretado para tal, US$ 3 milhões de dólares estavam em suas mãos. Se foi a Fifa ou a federação Ganesa de futebol, quem providenciou, não vem ao caso.
O fato é que ao tomarem essa decisão dentro de um evento grandioso, não mais fizeram do que exercitar plenamente a sua cidadania. Parabéns!

E nós do AERUS? Será que estamos exercendo corretamente a nossa cidadania?
Parece que o nosso público ainda não entendeu de que só falta ganhar a ação da Terceira Fonte, porque de resto já ganhamos todas. E parece que ainda não percebemos, ou melhor, não conseguimos encontrar o caminho das pedras.

O caminho se chama Judiciário. Não tem outro, pois assim como a federação ganesa tentou ludibriar os seus jogadores, o governo brasileiro vem ludibriando sistematicamente os participantes do AERUS, numa nítida enrolação há mais de um ano. Antes, era isso, era aquilo, agora é a copa, depois, a eleição, e vão continuar indefinidamente a nos embromar.
Então, desde a sentença proferida pela 14ª Vara em 2012, o que estamos esperando?

Ganhamos o direito a ser indenizados, ganhamos uma antecipação de tutela, que nos dá direito a continuar recebendo os salários, a Varig ganhou a diferença tarifária com parte dos recursos destinados ao fundo de pensão e… nós, o que fizemos até agora?
Estamos acreditando num papo furado de acordo com a União?

Tivemos a chance de ouro, ao estarmos dentro do coração do poder em Brasília, exatamente como a seleção do Gana fez agora, e nos trocamos por trinta moedas e um feriado de páscoa?!

Não se abandona um posto conquistado. E o que foi feito quando nós conseguimos colocar o próprio governo em xeque? Nos contentamos com nada?

No mês de maio, em um só dia, mais de duzentos se confraternizaram em churrascarias do Rio e de São Paulo. Comemorar o quê? Com que dinheiro?
No mesmo dia fazíamos uma manifestação nos aeroportos Santos Dumont e Congonhas e mal conseguimos chegar a vinte, e quase sempre os mesmos bravos lutadores.
Qual é a explicação? Somos velhos, doentes e não podemos nos deslocar aos aeroportos?
Aquele dia de maio, não justifica essa afirmação.

Muito para lá da falta de grana, está nos faltando a gana em conquistar o que nos devem, em sentar à mesa como cidadãos e traçar estratégias com mais responsabilidade.
O caminho das pedras nós já conhecemos.

É o judiciário e contra ele é que temos que apontar os nossos canhões, as nossas flechas, as nossas palavras.
Os palácios de justiça, suas pompas arquitetônicas e os responsáveis por toda esta demora aguardam que os nossos gritos ecoem por seus corredores.
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante VARIG, 26-06-2014

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