1. Sun Tzu (500
aC) é sempre atual, com seus ensinamentos em A Arte da Guerra. As analogias funcionam até hoje, no campo político,
empresarial, social e pessoal. Numa campanha eleitoral – e a expressão campanha
é uma expressão de guerra – a analogia é direta.
2. Os destaques em A Arte da
Guerra passam pelo conhecimento do adversário e seu próprio, pelos fatores
espaço e tempo, pela unidade de comando, pelos objetivos e – principalmente – pela
Estratégia. Sun Tzu lembra que a guerra não é um objetivo em si mesmo. Que o
ideal seria vencer sem lutar, sem perdas humanas e sem custo.
3. Conhecer o adversário e a si mesmo é ponto fundamental para
saber que estocadas produzem dano eleitoral progressivo e que afirmações/ações
produzem ganho. Sun Tzu não tinha pesquisas à sua disposição: contava com a sua
experiência, intuição e genialidade. Mas agora há. Um candidato que conhece de
fato – com pesquisas de sustentação – seu adversário, e – claro – a si mesmo,
não deve se preocupar com as batalhas – pesquisa de intenção de voto – durante
a campanha. Deve avaliar se sua campanha está produzindo dano eleitoral em seu
adversário e reforçando seus próprios pontos fortes – temáticos, sociais e
locais.
4. Num quadro de reeleição com visibilidades distintas entre
candidatos, num quadro continua/não continua no primeiro turno, ter paciência.
A opinião pública se forma por proximidade e por ondas – antípodas – que chegam
e partem primeiro dos que têm mais informação. A onda começa a chegar aos
setores de menor renda, em tempo bem maior. A propaganda pode acelerar ou
atrasar, não mudar tendências cristalizadas.
5. A ação da oposição – e os erros do governo, consequência da
arrogância e sensação de ter todo o poder – produzem danos políticos. As
estratégias em uma campanha eleitoral têm dois focos gerais: no processo
eleitoral – tática – e na política – estratégica. Mas deve prevalecer sempre a
política/estratégia. Ela conduzirá à vitória.
6. O History Channel, num documentário sobre A Arte da Guerra de Sun Tzu, destacou dois exemplos. Num primeiro –
A Ofensiva do TET no Vietnam – em múltiplos locais: todos os
confrontos/batalhas foram militarmente vencidos pelo exército americano. Mas os
danos na auto-percepção do exército dos EUA, na percepção política
internacional, especialmente nos EUA e na moral dos vietnamitas, conformaram um
ponto de inflexão.
7. Em outro – e esse é um caso "suntzuano" – fundamental,
o coronel “Summers” vai a Hanói negociar a retirada do exército dos EUA. Sentam
frente a frente, o representante do governo do Vietnam e o coronel dos EUA. O
coronel abriu a conversa dizendo:
“Bem, de qualquer forma nós,
nessa guerra, não perdemos uma batalha sequer.”
E de bate pronto o vietnamita
respondeu:
“E isso é absolutamente
IRRELEVANTE. Por isso estamos aqui.”
8. Perder em pesquisas de intenção de voto é totalmente
IRRELEVANTE, desde que a estratégia esteja avançando, produzindo danos
progressivos no adversário e reforçando os próprios pontos vitais. E pesquisas
feitas com um lastro na estratégia, que mensurem danos progressivos X afirmação
dos pontos fortes permitem acentuar as tendências e aguardar com paciência os
dias finais da campanha, com a certeza de um segundo turno inexorável.
Título e Texto: Cesar Maia, 24-06-2014
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