Uns amigos me pediram para
escrever algo sobre a Copa do Mundo da FIFA, que começa oficialmente na quinta-feira
de hoje. Bem, lá vai...
A FIFA é dirigida por um
sujeito de 78 anos, chamado Joseph Blatter e que conhece música. Ao invés de tentar
apurar e esclarecer as suspeitas de corrupção que pairam sobre o prêmio da Copa
do Mundo de 2022, no Qatar, o presidente da “Fédération Internationale de Football Association” (FIFA) prefere
iniciar um balé orquestrado, na quarta-feira de ontem, em São Paulo, na véspera
da abertura da Copa do Mundo de 2014 na megalópole brasileira, para continuar
no cargo por mais quatro anos.
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Sede da FIFA, Zurique, foto: Marcello Casal, ABr |
Como seria de esperar por
alguns meses, mas ao contrário do que foi anunciado em 2011, durante sua última
reeleição, Joseph Blatter, prometeu que vai sair mesmo candidato a um quinto
mandato consecutivo, em 29 de maio 2015, em Zurique.
Um homem está agora nomeado
para tentar evitar isso: Jérôme Champagne, de 55 anos, que fora braço direito
de Blatter entre 1999 e 2010. Outro postulante ao cargo é o famoso ex-jogador
francês, Michel Platini, de 58 anos.
Enquanto isso, o mundo vai
assistir encantado à Copa do Mundo ocorrer num Brasil desencantado.
“O Brasil é um país estranho”,
dia a revista Le Monde, da França. O chamado "país do futebol" perdeu
a copa de 1950 em sua casa, em seu mítico Maracanã superlotado e ganhou o
troféu cinco vezes no exterior mais tarde, numa atmosfera de júbilo, ufanismo e
aparente autoconfiança nos destinos do país como “potência emergente”. Agora
que o mundo bate à sua porta, os brasileiros parecem não estar nem aí para o
acontecimento esportivo quadrienal...
O desânimo e o desencanto, no
entanto, não parece ser com a qualidade da sua seleção de futebol nem com o
preparo desta para a competição. Estranhamente, nessa área tudo parece ir às mil
maravilhas, tanto no aspecto técnico como na ausência de craques lesionados ou
complicados com a justiça desportiva.
O desânimo e o desencanto
procedem do ambiente político e econômico em que o Brasil se encontra, com o
socialismo sendo enfiado goela abaixo dos brasileiros, com a incerteza gerada
pela falta de segurança jurídica para os investimentos privados no país e pela
degeneração das instituições democráticas em função da corrupção rampantemente
crescente no país e, de certo modo, facilitada e até estimulada pelos
principais partidos políticos no poder.
É claro que o festival vai
começar hoje, quinta-feira, 12 de junho, muito embora cerca de 30% das
exigências da FIFA para a realização do certame não tenham sido concretizadas.
Mas a renúncia fiscal do governo brasileiro em favor da FIFA, que pela primeira
vez na história, não pagará um centavo sequer de impostos ao país sede,
acrescentará mais 2,5 bilhões de reais aos vinte e pouco bilhões de lucro que a
entidade terá com o certame, deverá comprar perfeitamente o silêncio e a
aquiescência de Josef Blatter, isso se não representar a compra de algo mais...
Mas, por enquanto, o que há é
simplesmente uma oportunidade de fazer os holofotes iluminarem um país
desiludido e inquieto, mal-humorado e desejoso de um futuro melhor e se ver
livre de uma decadência socialista que vem sendo progressivamente imposta.
O Brasil está deixando de
sofrer do complexo de "vira-latas” para ser um “país com raiva de si
mesmo" e recebe a Copa do Mundo como uma válvula de escape dessa ira. O
seu destino na competição pode catalisar profundas transformações no país a
partir de outubro próximo. Se isso realmente acontecer, a Copa do Mundo da FIFA
poderá, afinal, ter sido de uma grande utilidade para os brasileiros.
Título e Texto: Francisco Vianna, 12-06-2014
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