José Carlos Bolognese
Diz um ditado:
“Não é a experiência que
nos torna sábios, mas a reflexão que fazemos sobre ela”.
Reflexão é o que não me faltou
nos últimos oito anos. Não me tornei sábio, mas aprendi a fazer perguntas
significativas.
Como não escrevo sozinho… pouquíssimas
pessoas servem-se apenas dos próprios pensamentos para fazer um texto... lanço
meu olhar sobre o que há de bom ao meu alcance para tentar dar consistência a
essas perguntas. Uma delas seria baseada numa frase do livro A Era da Turbulência, de Alan Greenspan:
“Raramente examinamos com
cuidado a principal unidade operacional de uma atividade econômica: o ser
humano.”
Eis a pergunta:
Por que essa “unidade
operacional”, homem ou mulher trabalhador não é tratado com o respeito que
merece quando ocorrem rupturas no processo produtivo, como na crise que
destruiu a Varig? Por que tem de aceitar que decisões tomadas em seu nome sejam
sempre para ratificar seus prejuízos e colocá-lo numa situação humilhante,
especialmente quando são idosos excluídos de qualquer recomeço?
Esse governo vagabundo que aí
está (movido a eleição 24 horas por dia) quer nos convencer que o ser humano,
por suas políticas compensatórias, como as bolsas, cotas etc., é sim, a medida
de todas as coisas e o país tem as mais avançadas formas de proteção aos
direitos individuais e coletivos. Não percebe – ou não lhe interessa – que o
senhor Greenspan tenha dito “Raramente examinamos com cuidado...” porque
se examinarmos com cuidado... sempre!, é preciso começar a levar a gestão do
país mais a sério. Isto implica em respeitar decisões da justiça, como as que
reconhecem o nosso direito à nossa aposentadoria, incluindo o que não foi pago
desde abril de 2006.
Por sua vez, a justiça do país
– que não é cega, mas caolha – funciona de modo seletivo. Embora remunere
nababescamente magistrados e pessoal que se aconchegam em palácios suntuosos,
essa “justiça” é incerta para quem dela precisa.
Gastam – os poderes que nos
governam – oceanos de dinheiro em marketing para vender ao povo o que não
existe, não foi feito e nem vai ser, enquanto os tempos em que vivemos neste
país são de profunda incerteza. Ou então de outra infeliz certeza caso essa
gente continue no poder… Quem pensa um pouco, sabe a que certeza me refiro. As
pessoas nesse estado de coisas temem naturalmente a eliminação de suas fontes
de identidade e segurança. Desempregado se identifica com o quê? Aposentado sem
uma renda está seguro de quê?
Não se identifica nem está
seguro porque só é a principal unidade operacional quando está
produzindo e não incomodando o poder. Não ter em conta o custo humano envolvido
na produção das riquezas do país transforma o trabalhador no primeiro ativo
descartável quando ocorrem as crises, revogando seus direitos fundamentais da existência,
que o passar do tempo – sem resolução – só faz piorar. A partir daí, o custo
humano não considerado, a “unidade operacional” vira um morto vivo que não
precisa comer, morar e cuidar da saúde além de se aposentar, para dizer o
mínimo.
As autoridades, executivo e
judiciário, sabem tudo o que precisam saber para restabelecer os direitos dos
trabalhadores e aposentados da Varig. Não o fazem porque não estão preocupadas
coisa nenhuma com esse “exotismo” de custo humano.
Se refletir sobre experiências
amargas da vida é o caminho para se chegar a alguma, embora residual sabedoria,
as minhas reflexões me levam a concluir que não fosse esse maldito PT no
governo, a Varig não teria simplesmente acabado. Nossos oito anos de sofrimento
são parte de seus 12 anos de poder. Outras crises ocorreram antes e a empresa,
malgrado os erros administrativos, não parou. Outra conclusão, se me permitem,
é que, como disse acima, eles têm todos os fatos – mais a decisão do STF – nas
mãos e só não restabelecem nossos pagamentos porque não querem, pois dinheiro
(vide os estádios da Copa) tem.
E
se eles sabem, não precisamos todos dias ficar falando em oito anos de calote,
terceira fonte, defasagem tarifária mas… começar a contar nossa luta pela
sobrevivência. Contar que não temos mais planos de saúde (sou um destes com
quase 67 anos); que perdemos casa, carro, etc., que vivemos em muitas
situações... de favor. Nesses oito anos já passei diversas vezes por isto e sou
um devedor crônico de várias pessoas, estas sim, cientes do que
significa o “custo humano”.
Nós, trabalhadores e
aposentados da Varig, fomos a principal unidade operacional não somente dessa
empresa, mas de um ativo econômico de alto valor que era o nosso serviço ao
país, assim como outros trabalhadores de fato sempre foram e continuam
marginalizados pela falsa opção preferencial do desgoverno por classes que ele
mesmo inventou para servir de massa de manobra de seu projeto de poder.
O PT é formiga saúva do século
XXI
Título e Texto: José Carlos Bolognese, 29-06-2014
Grifos: JP
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