José Manuel
A história sempre nos
proporciona fatos notáveis, e em uma época em que alguns se referem como os "anos
de chumbo" que, para mim, se os houve, não percebi, pois nunca por eles
fui afetado, porque o trabalho era a minha praia e nunca fui incomodado em
qualquer atividade que tenha exercido em minha conduta social e cidadã.
Por falar nisso, se houve
chumbo, é por que a máxima Newtoniana de ação e reação, foi provocada ou, pelo
menos, iniciada por alguém. Disso não resta a menor dúvida.
Neste momento, os da ação
reabilitada, estão perigosamente caçando as bruxas da reação acusada, quando,
na realidade, teria sido muito melhor a ambos que isso se esquecesse, porém,
cada um é cada um e devem saber o que estão fazendo. Afinal, todos são, além de
adultos, já passados das idades para certos tipos de desforras, vinganças
inúteis, que não levam a nada.
Mudando ligeiramente de
assunto, sem esquecer o chumbo, somos todos sacoleiros e a Quinta Avenida em
Nova Iorque sempre foi o nosso "Hall of Fame", pois brasileiros
desfilando com as suas sacolas de dar inveja a grandes Pib's mundiais sempre
foram a grande maioria nessa passarela internacional.
Isto não é novo, e eu mesmo
sou uma testemunha ocular da história desse corredor de compras, pois ao
trabalhar em aviação, pude testemunhar esse movimento
turístico-comercial-informal ao longo de trinta e dois anos, muito próximo dos
fatos marcantes.
Voltando ao chumbo, algumas
coisas interessantes precisam ser ditas, como, por exemplo, naqueles tempos
"maus" desfilávamos em plena Quinta, passando por uma suntuosa
agência do Banco do Brasil com o pavilhão auriverde sempre nos lembrando que
também éramos importantes.
Quando nos deparávamos com a estátua
de bronze do titã "Atlas" olhando para a catedral de São Patrício, do
outro lado da avenida, em pleno Rockfeller Center, uma outra imagem nos enchia
de orgulho, pois ali, naquele conglomerado de prédios mais conhecidos do mundo,
também tremulava a nossa bandeira e um nome em letras garrafais sobressaía não
como mais uma agência comercial, mas também e como um escritório para-consular,
onde tudo e qualquer coisa se resolvia. A loja chama-se VARIG.
Não me consta de que os
sacoleiros da época do chumbo tenham quebrado qualquer comércio que fosse, aqui
no Brasil, e era uma coisa até poética aquele desfile diário de caras
conhecidas e saudosas do guaraná, da Manchete ou da Cruzeiro, apenas dois dias
depois de chegados.
Nós, tripulantes, uma vez na rua, éramos aqueles seres salvadores em que um jornalzinho estava sempre garantido, ou um pedido para trazer um bilhetinho, um telefonema para dizer na volta que eles estavam bem, enfim poesia em estado puro.
Aí, chegaram os "anos paz
e amor".
O Banco do Brasil sumiu, foi
lá para a quarenta e dois, escondidinho, passaram um trator em cima da loja da
Varig e as bandeiras brasileiras só aparecem quando os gringos enfeitam a
avenida junto com mais cento e poucas de outras nações.
Agora já não há mais poesia
nos sacoleiros atuais, pois quando se gasta no exercício de 2014 perto de U$ 30
bilhões em compras no exterior, isso nada tem de poético, porque além de
quebrarem a indústria e o comércio nacional, isso deixa de ser turismo, para
ser comércio profissional-informal.
O pior é que agora vem à tona
como e o porquê desse gasto absurdo, e a Petrobras, infelizmente atacada por
esses profissionais do dinheiro alheio, passa a ser a grande vilã da história.
Lá nos EUA.
Os sacoleiros poéticos dos
anos de chumbo eram recebidos pelos Cowboys, com tapete vermelho, pois nós
alimentávamos a engrenagem do seu país com as nossas compras, e Miami, por
exemplo, saiu do marasmo e estagnação pós Fidelização Cubana, graças ao grande
movimento sacoleiro brasileiro. Quanto a isso não resta a menor dúvida.
Porém, hoje, os Cowboys estão
com as suas Winchesters e Colts-45 engatilhados, pois descobriram que o seu
dinheiro está sendo usado em quantidades absurdas para compras dentro do seu território
e o que eles achavam serem sacoleiros, não passam hoje de meros caloteiros.
Ou seja, enquanto eles perdem
rios de dinheiro com as suas ações caindo mais de 50% do valor pela roubalheira
desenfreada na Petrobras, esse mesmo dinheiro roubado alimenta as torneiras
escancaradas dos modernos sacoleiros.
A conta não bate, pois vendem
absurdos no varejo, com a montanha de dinheiro que perdem em Wall Street, ou
seja fizeram os gringos de trouxas.
Vem chumbo grosso por aí na
terra de Marlboro, e é aconselhável a troca urgente de destino, pois os
consulados provavelmente irão acabar com as enormes, e agora, antigas filas.
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig, 12-12-2014
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig, 12-12-2014
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