terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Por que a questão Bolsonaro X Rosário nos leva para a Dinamarca da época da polêmica das charges de Maomé?

Luciano Henrique

Mais um post (o terceiro do dia) em que a polêmica Bolsonaro X Rosário é citada? Sim, mais um, pois me perguntaram: “Luciano, você, como estrategista político, não seria melhor deixar de defender Bolsonaro?”. É o contrário. Qualquer menor instância de notícia deste assunto tem servido para provar, de uma maneira geral, que muitos de nós estamos nos comportando igual alguns europeus. Estes, em certo momento, começaram a achar que os chargistas do Jyllands Posten (da Dinamarca) estavam mais errados que os radicais islâmicos assassinando pessoas. (Veja o vídeo ao final deste post)

É nesta armadilha que não podemos cair. Não podemos transformar uma piada grosseira em crime apenas por que o PT tem intenção de esconder um crime dos seus.

Eu posso criticar (como critiquei) o Bolsonaro à vontade. Meu primeiro post sobre o assunto foi uma crítica até ácida demais a ele. Mas isso não implica que eu tenha que renegar a civilização.

Note que eu entendo que muitos de nós estejamos impressionados com a sensibilidade artificial histérica dos petistas. Assim como na época muitos ficaram a favor dos radicais islâmicos, mesmo que esses tivessem matado mais de 150 pessoas por uma bobagem. Na época, muitas dessas pessoas de boa-fé diziam: “o erro está com os chargistas do Jyllands-Posten”.

Mas é esse comportamento complacente com os violadores da liberdade que estimula as barbáries. Essas pessoas, inocentemente, acham que ao serem conciliadoras, estão colaborando com a paz. Na verdade, promovem a guerra. Mesmo que de forma inadvertida.

Sei que alguns do nosso lado se sentem bem ao dizer “Abaixo Jair Bolsonaro”, esquecendo-se, é claro, do crime de Maria do Rosário. Talvez esperem afagos dos petistas e até citações deles: “Está vendo, até (x), que é da direita, diz que Bolsonaro está errado”. Quem estudou o fenômeno do comportamento apaziguador na época das charges de Maomé viu que muitos adeptos da liberdade também ficaram contra os chargistas do Jyllands-Posten, na mesma medida em que se esqueciam dos crimes dos radicais islâmicos.

Eu prefiro dormir com a consciência tranquila. Posso repudiar várias das ideias de Jair Bolsonaro (inclusive as declarações feitas contra FHC no passado, a defesa das estatizações e até a defesa do regime militar), mas isso não me impede de notar que ele tem a liberdade de expressão de fazer uma piada grosseira sem ser tratado como um criminoso por isso. Como se afronta pouca fosse bobagem, ninguém menciona o crime de Maria do Rosário.

Eu me recuso a ficar a favor dos radicais islâmicos contra os chargistas do Jyllands-Posten da mesma maneira que me recuso a ficar do lado dos petistas contra Jair Bolsonaro.


Em tempo: melhor seria se Bolsonaro tivesse gritado “Polícia, Polícia”, e visto os petistas correndo em debandada. Segundos depois, ele poderia dizer: “Calma, era brincadeira, gente!”. Seria mais efetivo do que usar uma piada grosseira. Mesmo assim, a famosa declaração grosseira não é um crime sob qualquer análise feita sob um debate moral que queira ser levado a sério.

Em tempo 2: sob a ótica da estratégia política, qualquer crítica do nosso lado a Jair Bolsonaro deveria ser acompanhada por críticas muito mais contundentes à Mária do Rosário. Os apaziguadores, é claro, não têm essa prioridade.
Título, Imagem e Texto: Luciano Henrique, Ceticismo Político, 16-12-2014

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