Paulo Ricardo Paiva
"Nós, da reserva,
já tivemos a nossa vez. Agora, outros estão no comando, assumindo todas as
responsabilidades". COMPANHEIRO "DA LUTA"!
AFASTEMOS DE NÓS ESSE CÁLICE! Ninguém é dono da nossa vez! Não, não queremos
comandar! Mas, que ninguém duvide, não vamos abdicar da responsabilidade
de puxar pelo brio, de assumirmos atitudes, de defendermos o Exército sempre,
em qualquer lugar e a qualquer hora. Uma vez soldado... sempre soldado! Quem
nasceu soldado, viveu como soldado, vai morrer soldado.
Não, nós não
vamos beber desse cálice!
Minha mãe conheceu meu pai
exatamente "20" dias antes do embarque dele para a Itália e,
como tantas mães, irmãs e namoradas, acompanhou, com esperança renovada, a cada
dia, a marcha da "FEB" no mapa da Itália.
Não, eu não vou sorver
nesse cálice de renúncia!
Morei primeiro na Rua
Tenente Nepomuceno, depois na Avenida Duque de Caxias, primeira casa
na esquina esquerda da rua que desagua sobre o portão das armas do
glorioso 1º BIMTZ-REGIMENTO SAMPAIO. Quantos irmãos em armas, assim
como eu, não trazem guardadas no coração lembranças como estas, de outros
quartéis, de outras guarnições?
Não, nós não podemos nos
saciar nesse cálice de esquecimento!
Brinquei muito dentro
daquele antigo RI, meu pai me levava para mostrar o filho aos seus
companheiros e, de quando em vez, apontava um sargento, um cabo e me dizia:-
Meu filho você está vendo aquele soldado ali? Pois ele esteve comigo em
Monte Castelo... era muito valente! Quantos de nós, assim como eu, não
têm parentes, amigos, que, pelo seu exemplo de vida, contribuíram para o
despertar de tantos soldados vocacionados.
Não, nós não vamos
decepcioná-los bebendo o cálice da ingratidão!
Cansei de ver o antigo
regimento, ainda com três batalhões, voltando das marchas, aquele capacete de
aço romântico da 2ª GM, a canção do regimento, vale a pena lembrar, ela dizia: "Nossa
fama se perde distante, no silêncio dos tempos, onde vê-se erguer-se gigante a
memória de bravos soldados..."
Não, nunca, os "velhos
soldados" não vão beber no cálice da covardia!
Entrei no meu querido CMRJ com "13" anos de idade, no então 3º ano ginasial. Meu pai tinha sido transferido do Recife para o QG da então ID/I em Niterói/RJ, tendo eu vivido os anos que antecederam a Revolução de 1964 naquele colégio, onde tantos de nós testemunhamos, infelizmente, a propaganda insidiosa de alguns alunos na tentativa de catequização para o credo vermelho! Vi o então TC Paiva sair de madrugada, justo no dia "31", para defender o Palácio da Guanabara. Quantos, como eu, não viram seus pais, parentes e amigos participarem naquela luta?
Não, nós não podemos beber
no cálice da abstração, do "não estou nem aí"!
No segundo ano do então
curso científico abriram concurso para o 3º ano da EsPCEX.
Enverguei então pela primeira vez o uniforme "VO",
antecipando assim um desejo juvenil que já me acalentava desde a
infância. Meu" velho" me acordou com o jornal na mão, tinha sido
aprovado. No ano seguinte, 1965, adentrava pelo portão das armas daquela
escola e ele partia para a República Dominicana no comando do 1º REGIMENTO
ESCOLA DE INFANTARIA! Quantos de nós vivemos momentos como este na
conquista de nossos objetivos.
Não, nós não vamos beber do
cálice da acomodação!
Título e Texto (e Marcadores): Paulo Ricardo Paiva, CEL INF e EM, 15-1-2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-