Roger Roberto
Primeiro, vejamos o que disse
Leonardo Faccioni sobre o assunto:
Imaginem o que aconteceria
se um grupo de eleitores de Trump apedrejasse (literalmente – com pedras mesmo)
um conferencista homossexual, em pleno campus universitário. Faltaria capa de
jornal para as letras garrafais das manchetes, correto? E, dado o absurdo,
seriam manchetes muito justas.
Pois aconteceu ontem – em
Berkeley. Mas a vítima foi Milo Yannopoulos, jornalista gay favorável a Trump,
enquanto os agressores foram idealistas “social justice warriors” de puro
coração. Eis o motivo da manhã de absoluto silêncio na América e nos estúdios
da Globonews.
O jornal Estadão fez matéria a
respeito, mas chamou Milo de “jornalista de extrema-direita”, reproduzindo o
que disse a agência Reuters e mostrando, mais uma vez aos direitistas puritanos
do Brasil, que rotular é importante e necessário.
O caso é que a Globo News não
chegou a fazer nenhum escândalo por causa disso, coisa que certamente teria
feito se eleitores de Trump agredissem alguém. É um silêncio similar ao que
fizeram em novembro, quando logo depois da vitória do Republicano nos EUA
militantes Democratas espancaram e roubaram um senhor, um idoso, em pleno
estacionamento e a luz do dia.
Isso é no mínimo desprezível.
Temos que partir para a rotulagem agressiva contra essas pessoas que fingem ser
jornalistas. O nível da Globo News, do Estadão e da Folha de São Paulo já era
baixíssimo, mas nos últimos meses eles têm feito um tremendo esforço para
afundar ainda mais e já chegaram a um patamar similar ao de blogs petistas como
Carta Capital. Nem escondem mais o partidarismo.
O rótulo de “extrema-direita”
jogado contra Milo é cretino, pois ele é apenas um liberal que apoiou Trump.
Rola aí uma clara tentativa de associá-lo ao nazismo, o que é ainda mais
ridículo considerando que ele é judeu. No entanto, as poucas matérias a
respeito não o trataram como vítima, que é o que ele foi. Em vez disso,
rotularam o sujeito e deixaram subentendido a ideia de que o ataque foi
“merecido”…
Isso não é jornalismo,
obviamente, é propaganda.
Título, Imagem e Texto: Roger Roberto, Ceticismo Político, 2-2-2017
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