Cristina Miranda
Se pensava que ter todas as
esquerdas, inclusive as que não saíam da oposição devido aos seus miseráveis
10%, AGORA no governo, a sua vida e a do país melhoraria e passaríamos
a viver na prosperidade, com melhores políticas sem custos para os
contribuintes, enganou-se. Tirando os funcionários e pensionistas
públicos, tudo o resto continua igual para pior. Continua a austeridade sem se
saber porquê, pois apesar de termos o “melhor défice” (risos!!!) e supostos
“bons indicadores económicos” (gargalhadas!!!!) temos de desembolsar mais
impostos, pelo segundo ano consecutivo. Temos que aguentar com mais cortes em
todos os serviços do Estado que os degradam a níveis insuportáveis. Temos de
viver com menos ao fim do mês porque somos sugados pelos impostos camuflados.
Só isto? Não. Carregaram-nos com mais 10 mil milhões a bancos que sairão
direitinho de impostos pagos por nós… Maravilha. A austeridade é boa e as esquerdas
fazem-na prosperar…
Com efeito, esta “engenhosa
coligação”, que afirmava nunca admitir mais dinheiro dos contribuintes na banca, já tinha
conseguido um feito “notável” com a venda do Banif em 3 semanas. O melhor negócio possível, diziam
eles, pois seria o menos custoso para os cidadãos. Jura? Vender o banco ao
Santander por 1800 milhões e ao mesmo tempo o Estado contrair um empréstimo ao comprador para
minimizar os custos no défice de 1800 milhões, é poupar contribuintes? Claro
que não. Mas a marosca foi perfeita. Assim, impediram que o assunto transitasse
para 2016 e com o nova diretiva da UE, tivessem os acionistas e os
depositantes acima de 100 mil euros de entrar em 1º lugar com o dinheiro. Ora,
nada que interessa a este governo pois assim não poderia salvar os amigos
presos à ruína do Banif. Assim, pagamos todos por alguns. Simples.
Depois veio a novela da CGD. Só mais 5 mil milhões diziam eles… Coisa pouca.
Nada de investigar, prender, arrestar todos os bens dos que puseram a
instituição nesta situação e executar judicialmente, em regime especial, sobre
esses canalhas. Não. “Keep calm” que há o perigo endémico, dizem eles.
Por isso boicota-se a CPI não vá o diabo tecê-las e descobrir
quem são os autores deste descalabro (outra vez amiguinhos, claro!) . E
rapidamente é preciso ir aos bolsos dos contribuintes, porque não passam de
ovelhas mansas, fazendo-as acreditar que era uma operação urgente mesmo tendo
ficado em banho maria um ano… E depois, negoceia-se uma recapitalização com Bruxelas
em que Domingues propõe o fecho de 180 balcões, despedimento de quase 3000
funcionários (assim como quem come tremoços!!!) E uma venda nos mercados
financeiros do Luxemburgo de dívida perpétua fechada com sucesso, a uma taxa de
quase 11%. Ena! Ainda bem que somos contribuintes ricos para aguentar
tanta generosidade a privados.
Agora, tivemos mais um bónus
de 3 mil milhões. Costa veio pomposamente junto com seu pupilo amestrado
anunciar que foi concretizada a venda do Novo Banco. Aquele banco que resultou da resolução do BES e
que supostamente era o banco bom. Mas era tão bom, tão bom que vai-se lá saber
porquê, ninguém o quis a não ser um fundo abutre que ainda exigiu a
participação de 25% do Estado. Ou seja, a venda foi parcial tendo a Lone Star
ficado com tudo o que supostamente era bom do banco. O Estado aceitou ficar com
a porcaria. Porcaria que não vai dar de si já. Só mais daqui uns anitos. Não é
um negócio genial?
Não era suposto estarmos
a salvo destes assaltos do sistema financeiro agora que todas as esquerdas
unidas e amigas dos pobres e desfavorecidos, impiedosos com os banqueiros
corruptos, sensíveis à miséria que a austeridade criou em Portugal, decidem no
país? Era. Mas tal como se vê, com esquerdas tudo piora. As
promessas foram com o vento. O BE e PCP assobiam para o lado umas vezes, berram
outras, mas aprovam tudo sem precisarem de pastilhas para a azia.
Estamos mesmo lixados.
Título e Texto: Cristina
Miranda, Blasfémias,
3-4-2017
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