Henrique Pereira dos Santos
Há um grupo muito vocal de
pessoas que reagem facilmente a qualquer coisinha menos ortodoxa relacionada
com a Padaria Portuguesa, o Pingo Doce, o Banco Alimentar e mais uns quantos,
havendo uma espécie de acordo geral em considerar, à partida, estes, e outros
do mesmo tipo, como malandros moralmente desqualificados.
Por mais que os factos
demonstrem que não é verdade que a Padaria Portuguesa trate os seus empregados
pior que os seus concorrentes, por mais que não seja verdade que o Pingo Doce
não pague os seus impostos em Portugal, por mais que não seja verdade que
Isabel Jonet faça qualquer tipo de negócio com a pobreza, nada disso interessa
a uma boa parte das pessoas que se declaram adversárias destas três entidades
(e quem as representa) até porque jamais deixarão que os factos influenciem a
sua opinião.
Isto é possível, e grande
parte da imprensa funciona como caixa de ressonância dessas ideias erradas,
apenas por uma circunstância: responsáveis máximos destas entidades resolveram
dizer, em alguma altura, o que pensam, tendo o azar de o que pensam não
encaixar no que grande parte da esquerda considera admissível.
O interessante é que estas
pessoas não pretendem discutir os argumentos usados pelos responsáveis por
estas organizações, o que querem é mesmo que ninguém diga e, se possível,
ninguém pense, o que eles disseram.
A liberdade de expressão, em
Portugal, tem limites informais estabelecidos pela superioridade moral da
esquerda e quem não os respeitar vai mesmo ter de aguentar custos muitos mais
altos que os outros, os que podem ser embarretados livremente pelo primeiro
burlão que diga o que querem ouvir e, mesmo assim, serem considerados a melhor
escolha para dirigir uma agência de notícias, desde que o que dizem esteja
dentro do cânone estabelecido pela ortodoxia comunicacional.
O que eu queria era mesmo
agradecer a Nuno Carvalho, a Alexandre Soares Santos, a Isabel Jonet (há mais,
claro, mas estes três representam bem o que quero dizer) o exercício da
liberdade de expressão que têm dados mostras.
Portugal seria menos diverso sem
a coragem de dizerem coisas fora da ortodoxia dominante.
Título e Texto: Henrique Pereira dos Santos, Corta-fitas,
31-12-2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-