quarta-feira, 16 de maio de 2018

A pré-campanha e o voto útil

Cesar Maia
        
1. O Paraná Pesquisa lista treze candidatos a presidente. Podemos dividir em três grupos. No primeiro, com a saída de Joaquim Barbosa, Bolsonaro lidera com mais de vinte pontos. 
        
2. Há que se aguardar a repercussão da divulgação do documento em que ex-presidentes do regime militar coonestam execuções de quem qualificam como notáveis subversivos. A sistemática defesa por Bolsonaro do regime militar deverá ter repercussões em suas intenções de voto, apimentando um tema que será usado contra ele.
      
3. Num segundo bloco estão Marina e Ciro Gomes entre 13% e 11%. No terceiro bloco estão todos os demais, entre 4% e 1%. A pré-campanha, até fins de junho, indicará quais candidatos mudarão de patamar de votos, para cima ou para baixo. E, assim, quem fica e quem sai.
    
4. Por enquanto, os eleitores marcam suas intenções de voto em função da memória. Isso está longe do que se poderia chamar de pré-decisão de voto. 
    
5. Com a pré-campanha avançando, o corpo a corpo e as reuniões dos candidatos, as coberturas das mídias e das redes sociais, as pesquisas, passam a mensurar a pré-decisão de voto mais que intenções soltas de votos.
    
6. Nesse período, os candidatos, ao se diferenciarem ou afirmarem que representam melhor o eleitor que outro candidato convergente, começarão a construir o que os analistas chamam de voto-útil. 
    
7. Ou seja, num quadro aberto e personalista como no Brasil, agrupam candidatos de uma mesma família em que os eleitores poderiam votar. É nesse momento que se inicia o processo do voto-útil. 
    
8. Ou seja: mesmo o eleitor preferindo esse ou aquele e achando que outro candidato de sua família tem mais chance, passa a optar por esse. A busca do voto útil é um processo delicado, para não gerar hostilidade entre candidatos de uma mesma família, prejudicando a ambos.
    
9. Marina e Ciro, que estão no segundo grupo, são tão diferentes em ideias e perfis que tendem a esquecerem-se entre si e olharem para cima e para baixo. Para cima contando com uma derrapagem de Bolsonaro, como pode ter sido agora com a infeliz analogia dos excessos da repressão de primeiro escalão com "tapinhas no bumbum dos bebês." 
    
10. Essas derrapagens tendem a ocorrer em função da certeza de voto, ou seja, que o patamar atual tenderá a se manter, pois é firme, no caso de Bolsonaro. 
    
11. Alckmin, Álvaro Dias e candidato de Temer farão uma pré-campanha de expectativas. O DEM, SD, PRB, PTB... estarão analisando se um nome só de todos ultrapassará o patamar de Alckmin e Álvaro Dias. Enquanto isso, mesclarão pré-campanha com voto útil, tentando ver se alguém se destaca. 
    
12. Finalmente, o PT, sem candidato, manterá o nome de Lula até o limite, quando informará finalmente quem será seu candidato contando com o efeito-poste, ou seja, qualquer um que Lula apoie pelas redes sociais cresceria por efeito-imitação. Hipótese pelo menos arriscada.
    
13. Dessa forma, entramos no bimestre maio-junho, que transformará a intenção de voto em pré-decisão e daí construirão os seus votos úteis. 
Título e Texto: Cesar Maia, 15-5-2018

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