Cesar Maia
1. O Paraná Pesquisa lista treze candidatos a presidente. Podemos
dividir em três grupos. No primeiro, com a saída de Joaquim Barbosa, Bolsonaro
lidera com mais de vinte pontos.
2. Há que se aguardar a repercussão da divulgação do documento em
que ex-presidentes do regime militar coonestam execuções de quem qualificam
como notáveis subversivos. A sistemática defesa por Bolsonaro do regime militar
deverá ter repercussões em suas intenções de voto, apimentando um tema que será
usado contra ele.
3. Num segundo bloco estão Marina e Ciro Gomes entre 13% e 11%. No
terceiro bloco estão todos os demais, entre 4% e 1%. A pré-campanha, até fins
de junho, indicará quais candidatos mudarão de patamar de votos, para cima ou
para baixo. E, assim, quem fica e quem sai.
4. Por enquanto, os eleitores marcam suas intenções de voto em
função da memória. Isso está longe do que se poderia chamar de pré-decisão de
voto.
5. Com a pré-campanha avançando, o corpo a corpo e as reuniões dos
candidatos, as coberturas das mídias e das redes sociais, as pesquisas, passam
a mensurar a pré-decisão de voto mais que intenções soltas de votos.
6. Nesse período, os candidatos, ao se diferenciarem ou afirmarem
que representam melhor o eleitor que outro candidato convergente, começarão a
construir o que os analistas chamam de voto-útil.
7. Ou seja, num quadro aberto e personalista como no Brasil,
agrupam candidatos de uma mesma família em que os eleitores poderiam votar. É
nesse momento que se inicia o processo do voto-útil.
8. Ou seja: mesmo o eleitor preferindo esse ou aquele e achando que
outro candidato de sua família tem mais chance, passa a optar por esse. A busca
do voto útil é um processo delicado, para não gerar hostilidade entre
candidatos de uma mesma família, prejudicando a ambos.
9. Marina e Ciro, que estão no segundo grupo, são tão diferentes em
ideias e perfis que tendem a esquecerem-se entre si e olharem para cima e para
baixo. Para cima contando com uma derrapagem de Bolsonaro, como pode ter sido
agora com a infeliz analogia dos excessos da repressão de primeiro escalão com
"tapinhas no bumbum dos bebês."
10. Essas derrapagens tendem a ocorrer em função da certeza de
voto, ou seja, que o patamar atual tenderá a se manter, pois é firme, no caso
de Bolsonaro.
11. Alckmin, Álvaro Dias e candidato de Temer farão uma
pré-campanha de expectativas. O DEM, SD, PRB, PTB... estarão analisando se um
nome só de todos ultrapassará o patamar de Alckmin e Álvaro Dias. Enquanto isso,
mesclarão pré-campanha com voto útil, tentando ver se alguém se destaca.
12. Finalmente, o PT, sem candidato, manterá o nome de Lula até o
limite, quando informará finalmente quem será seu candidato contando com o
efeito-poste, ou seja, qualquer um que Lula apoie pelas redes sociais cresceria
por efeito-imitação. Hipótese pelo menos arriscada.
13. Dessa forma, entramos no bimestre maio-junho, que transformará
a intenção de voto em pré-decisão e daí construirão os seus votos úteis.
Título e Texto: Cesar Maia, 15-5-2018
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