Humberto Pinho
da Silva
Além de lapidarem o sistema de saúde, porque os
idosos recorrem mais ao serviço hospitalar, desequilibra o orçamento da
Segurança Social, visto haver mais a receber (pensões), do que a pagar.
Como resolver o problema?
Aumentar a natalidade? Fomentar a entrada de imigrantes?
Diminuir pensões? Não sei.
Talvez a insistência, com que se fala de
eutanásia, venha a ser o meio de o minimizar. Meio, que só em pensar, é hediondo!
Entretanto, largos milhares de idosos vivem
marginalizados. (São mais de quarenta e cinco mil, que a GNR conhece!)
Falecido o conjugue, há três caminhos: ir para
casa dos filhos (se os há); recolher a casa de repouso; ou ficar isolado em
casa.
A primeira hipótese, nem agrada ao idoso, nem à
família, porque a casa dos pais é sempre a dos filhos, mas a destes pode ser ou
não…
A segunda: acolher-se a lar, nem sempre é
possível, porque passaram a cobrar mensalidades incompatíveis com as pensões
que recebem. A única hipótese é permanecerem na sombria solidão de sua casa,
vivendo de recordações e sustentando-se da magra pensão.
Pensam construir lares decentes, onde os idosos
possam viver num ambiente confortável? Penso que não. Quando muito, colocam-nos
em “depósitos”, onde passam os dias diante de aparelho de TV, com mantinha nos
joelhos, e noites em dormitórios, com mais ou menos companheiros.
Tenho amigo que vive em constante preocupação.
Conseguiu (quase por milagre!) obter lar decente, que recebia de joia quase
setenta mil euros, passando a contribuir, mensalmente, com oitocentos euros.
Mas, recentemente, foi informado que as condições
haviam sido alteradas: acabou a joia, mas a mensalidade passou para mil e
oitocentos euros!!
Se a classe média já não pode pagar as propinas
dos filhos, (como dizem), como conseguirá entrar numa casa de repouso?
E qual a razão de tão elevada mensalidade, incompatível
para a classe média?
Respondeu-me, em profunda mágoa, meu amigo
Alberto:
”Dizem que se deve ao facto dos europeus, e até
brasileiros, terem descoberto, que com suas reformas, podem ocupar lares
decentes, e até luxuosos, no nosso país, o que nem sempre lhes é possível nos
seus.”
Não sei se é verdade; mas, se assim for, a
situação dos idosos é cada vez pior.. Não vim com esta crónica acusar, seja
quem for, por essa aflitiva situação, mas alertar a colectividade para a
situação dramática em que vivem muitos idosos.
Não cuidar dos nossos velhos, não é cristão, nem
humanamente correcto.
Não será tempo de passarmos, de palavras
caridosas, a atos?
Título e
Texto: Humberto Pinho da Silva
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