Humberto Pinho
da Silva
Muitas vezes me interrogo: qual é o critério, para
afirmar que se pertence à classe média? Ou melhor, a quantia mínima e máxima,
que a família necessita, para ser etiquetado da classe média?
Interroguei vários amigos e conhecidos, até
políticos, e não sabiam ou não me quiseram dizer. Porventura, o leitor – melhor
informado, – pode esclarecer-me?
Lembrei-me disso, ao ouvir, recentemente, que a
classe média não consegue manter os filhos na Universidade, por causa do preço
das propinas.
Lembrei-me, porque tive filha, que frequentou a
Faculdade, e, apesar de ser excelente aluna, nunca teve bolsa nem subsídios,
porque diziam pertencer à classe média…
Será que, a atual classe média, ganha tão mal, que
não consegue pagar propinas?!
Sempre fui a favor do ensino gratuito, mesmo em
época em que se afirmava, que se devia pagar.
Em 1995, a ilustre escritora Fina d’Armada, em
excelente artigo, in: “O Comércio do Porto”, escrevia: “Se os alunos não pagarem, serão os contribuintes a pagar.”
E mais adiante:
“Acontece que esses
futuros ‘doutores’, nem sempre são troca do nosso investimento. Quanto aos que
vão ter um emprego público, pago pelo Estado, e que vão prestar serviços à
comunidade, tudo bem. É o caso dos professores, dos técnicos das repartições
públicas, dos juízes, jornalistas, dos médicos dos hospitais, etc.. Enfim,
gente que não fica cara, que ganha pouco. Mas outros irão trabalhar
privadamente e levar-nos imenso dinheiro por nos prestarem serviços. Nós
pagamos para os formar e voltamos a pagar para os enriquecer. Permanecem num
pedestal, tratando os ‘Zés’ e as ‘Marias’, sem qualquer gratidão.“
Segundo Fina d’Armada, quem iria pagar os cursos
universitários, era ”Quem vive em
aldeias e serras, quem por dentro nem por fora, que mal sabe ler, eis quem vai
pagar o que julga não lhe dizer respeito” (CP-1-12-95)
Passaram pouco mais de vinte anos, por certo, se o
artigo fosse escrito hoje, seria diferente; mas, as reflexões, fazem pensar.
Fazem pensar, porque muitos alunos que não podem
pagar propinas, aparecem, nas Faculdades, em luxuosas viaturas, frequentam
caros restaurantes, e realizam longas viagens pelo estrangeiro… muitos deles,
ainda recebem subsídios, porque afirmam terem rendimentos baixos…
Já que abordo bolsas e subsídios, quero referir-me
a respeitável associação, que apoia alunas (meninas,) a frequentarem a
Universidade. Onde está a igualdade de género?
Em suma, melhor seria remunerar trabalhadores e
pensionistas, com justiça, que lhes permitisse pagar os estudos dos filhos e
netos; mas, como isso parece impossível, auxilie-se os estudantes, que
pertencem, verdadeiramente, a famílias carenciadas.
Ajude-se quem realmente precisa, e não a quem vive
de expedientes…
Título e
Texto: Humberto Pinho da Silva
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