Pedro Frederico Caldas
A política do PT é a arte de pedir voto aos pobres, dinheiro aos
ricos e mentir para ambos.
Antônio Ermírio de Moraes
Sentir pena dos culpados é trair os inocentes.
Ayn Rand
Há quem diga, com forte dose
de razão, que a imprensa morreu. Antes, parecia verdadeira por ninguém saber a
verdade. Por exemplo, o Jornal Nacional parecia ser o detentor dos fatos e da
veracidade das notícias. A imprensa mais representativa, por isso mesmo e por
ter mais verba publicitária, dispunha de recursos para manter no Brasil e em
algumas partes do mundo seus correspondentes, sempre acionados para se
deslocarem ao local de algum evento para passar a versão dos fatos, embora
tardiamente. Essa versão, por falta de qualquer contestação séria, valia como
verdade final e absoluta do ocorrido.
O tempo passou, vieram os
computadores pessoais, a internet, os tablets, os smartphones, a câmera
fotográfica no celular, o WhatsApp, o Facebook e outras encrencas que nem sei
listar e transformaram esse “mundão velho de Deus” num pequeno quarteirão, logo
ali depois daquela esquina.
Comunicamo-nos numa velocidade
incrível, espalhamos os fatos, os seus detalhes e a sua análise em pouco tempo,
através do país e através do globo. Não tem Jornal Nacional, Jornal da Band,
Estadão, Folha, O Globo, Veja, CNN, Fox News, nada que supere os nossos
contatos via internet. Houve um terremoto, lá está alguém filmando pelo celular
e espalhando ao mundo em tempo real detalhes da tragédia e da ajuda aos
atingidos.
Há algo mais importante.
Ficávamos sempre no aguardo de nossos analistas mais confiáveis para ver qual a
sua opinião sobre os fatos. Hoje, não. Pessoas que não são jornalistas expõem
com acurácia, invulgar erudição e agudo senso de percepção análises que superam
as abordagens daqueles antigos articulistas aboletados na imprensa.
Isso deveria incutir nos
jornalistas cuidado e moderação em suas análises, face ao crivo de inteligentes
abordagens a que serão fatalmente submetidas.
Deveria ser assim, mas nem
sempre assim se dá. Aqui, procurarei ser mais específico para ver se sou
entendido.
A propósito da corrupção que
tem flagelado o pobre Brasil, há um forte viés, de fundo ideológico e de
propósitos menos venerandos, em se vender todos esses lamentáveis fatos como
uma só e mesma coisa. Se todos são iguais, poderemos escolher, numa futura
eleição, qualquer dos partidos ou qualquer dos candidatos. Afinal, se o mal
está generalizado, escolherei aquele que me parece ser o mal menor.
Ora, em termos de corrupção,
já vimos que quase todos os partidos estão, de uma forma ou de outra,
envolvidos em práticas condenáveis. Entretanto, nivelar ou reduzir essas
práticas criminosas a uma só e mesma coisa orça pela ingenuidade, em relação
aos que acreditam assim seja, ou pela mera pilantragem daqueles que sabem que
as práticas são diferentes, mas colocam a mesma tarja em todas elas.
Em minha opinião, temos uma
prática disseminada de corrupção nos meios políticos. É a corrupção daquele que
busca recursos para se eleger, ou reforçar a representação de seu partido, ou
daquele que busca meios criminosos de enriquecimento pessoal, quando não
pratica essas coisas ao mesmo tempo. Esse tipo de corrupção é uma prática velha
e que deve ser combatida a todo tempo, embora, em razão de outro tipo que
examinarei em seguida, tenha-se avolumado em proporção sequer pensável há pouco
mais de uma década.
Mas, meus caros amigos, temos
algo que tangencia esse círculo e forma um terreno pantanoso e perigoso jamais
visto ou imaginado em nossa política.
Trata-se, aqui, da tentativa
de um partido estabelecer uma espécie de estado paralelo com vistas ao domínio
hegemônico das instituições nacionais para levar o país para caminhos nunca
percorridos. Toda essa estratégia foi engendrada pelos partidos e movimentos
políticos que se concentraram numa instituição não formal denominada, por eles
mesmos, Foro São Paulo.
Nesse foro se acantonaram os
partidos de esquerda, principalmente da esquerda revolucionária, comandada por
Fidel, Farcs, Chaves, Lula e outros líderes da esquerda latina, com um projeto
de tomada do poder para transformar as democracias e a prática do livre mercado
em ditaduras socialista ao sul do Rio Grande.
Aquele que foi mais longe,
porque não teve um Mensalão no meio do caminho, foi o Chaves, na Venezuela.
Chega ao poder e desenvolve uma política populista para a conquista de apoio
das classes mais desfavorecidas. Angariado certo prestígio político, o passo
seguinte seria a convocação de uma constituinte para votar uma constituição
talhada a prefigurar o destino perseguido.
Na Venezuela, isso chegou ao
estado da arte e, por isso mesmo, foi o país que marchou mais rapidamente para
o desastre.
No Brasil, o PT,
principalmente por conta do episódio do Mensalão, não conseguiu fazer a sua
constituinte e possibilitar a Lula, como possibilitado foi a Chaves, renovar
por quantas vezes quisesse o seu mandato presidencial. Acontece que esse mesmo
sistema legal aprovado na constituinte estenderia os seus tentáculos para
controlar o parlamento, o judiciário e os meios de comunicação, além de
estabelecer poderosa milícia para impedir qualquer reação das forças armadas,
estas submetidas a uma radical mudança de comando para impor figuras
comprometidas com tal projeto ou a ele maleável. Era uma forma nova de assalto
ao Palácio de Inverno, a tomada do estado e das instituições nacionais por
dentro.
Assim, não posso colocar na
mesma gaveta o político que roubou para se eleger ou para o seu enriquecimento
pessoal e aqueloutro que usa o roubo para submeter o país a um regime profano
da democracia e do livre mercado. Aquele que roubou apenas para se locupletar
limitou o dano ao valor do roubo cometido; já aquele que roubou para violentar
o sistema político e econômico do país e implantar uma ditadura socialista,
causaria um dano que iria muito além do desfalque do dinheiro criminosamente
alcançado.
As duas práticas
político-delituosas são parecidas, mas não são iguais. Uma nos causa uma
subtração financeira, a outra, além da subtração financeira, nos encaminharia
para um sistema político-econômico já revelado um desastre absoluto em várias
partes do mundo onde o socialismo foi implantado e naufragou. Perderíamos a liberdade,
a alma e todo um estilo de vida que foi construído por séculos de evolução.
Marcharíamos inexoravelmente, como está marchando a Venezuela, para uma
verdadeira tragédia nacional.
Mas houve duas pedras no meio
do caminho do PT. A primeira foi o Mensalão, a segunda, verdadeira pedreira, o
Petrolão. Além disso, em vez de um muro, havia também um Moro no meio do
caminho, jovem juiz, honesto, determinado, preparado e especializado em revelar
o crime que subjaz sob a aparência de ato legal. De forma metódica, jovens
delegados e procuradores federais foram unindo as pontas de um grande esquema
criminoso em que o partido do governo estabeleceu um sistema sideral em que ele
figurava no centro enquanto em seu entorno gravitavam outros partidos com certo
grau de autonomia, mas, ao fim, submissos ao mesmo projeto, embora com
propósitos diferentes. Os partidos satelitizados, tipo PMDB, PDS e mais uma
profusão de letrinhas que ninguém mais sabe o que realmente representam, só
queriam, através de suas raposas mais felpudas e de uma ninquemzada política,
usufruir o Estado sustentado pelo povo trabalhador. Não têm nem nunca tiveram a
pretensão de introduzir governos totalitários, embora aceitassem namorar tal
possibilidade em troca do enriquecimento pessoal de seus timoneiros.
Pior, muito pior do que o
roubo em si, é a apropriação legal dos cargos públicos por uma chusma de
vagabundos incompetentes, contados às dezenas de milhares, sugando os recursos
dos tributos pagos pelo povo trabalhador brasileiro. Gente sem aptidão para
qualquer coisa séria ou trabalho duro e cuja única missão é agir como cabos
eleitorais e fazer contribuições “voluntárias” ao partido, sacudir bandeiras
nas ruas e carregar em triunfo seus profetas nas costas. A isso se juntam
centenas ou milhares de ongs e sindicatos cevados por dinheiro público.
Já o PT e seus satélites
socialistas, como PC do B, PSOL e outras estranhezas, sempre tiveram como pano
de fundo de suas tenebrosas pretensões a imposição do socialismo totalitário.
Para manter os movimentos sociais, sindicatos e ongs postos a seus serviços
estabeleceram a roubalheira e deixaram os companheiros de viajem (partidos
ditos burgueses) roubarem à saciedade. No meio do caminho, figurões partidários
iam desviando recursos para os próprios bolsos que, embora socialistas, como se
autoproclamam, gostam mesmo é de viver do dinheiro alheio. Esse dinheiro é seu
e você foi forçado a dá-lo ao governo, pois, como bem obtemperou Ronald Reagan,
“o contribuinte é o único que trabalha para o governo sem prestar concurso”.
Essa distinção tem que estar
presente em nossas análises para não fazermos o jogo desses espertos. Graças às
redes sociais, podemos usar nossas pequenas tribunas, que somadas são imensas,
e não ficar esperando que a imprensa nos venda a “verdade”. Devemos estar sempre em guarda e não esquecer
nunca que os parecidos não são iguais.
Uma boa semana para todos.
Título e Texto: Pedro
Frederico Caldas, 20-7-2017
Colunas anteriores:
Barril está podre, jogue todas as maçãs fora e plante do começo.
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