domingo, 22 de setembro de 2019

[Pensando alto] Parecidos não são iguais


Pedro Frederico Caldas

A política do PT é a arte de pedir voto aos pobres, dinheiro aos ricos e mentir para ambos.
Antônio Ermírio de Moraes

Sentir pena dos culpados é trair os inocentes.
Ayn Rand

Há quem diga, com forte dose de razão, que a imprensa morreu. Antes, parecia verdadeira por ninguém saber a verdade. Por exemplo, o Jornal Nacional parecia ser o detentor dos fatos e da veracidade das notícias. A imprensa mais representativa, por isso mesmo e por ter mais verba publicitária, dispunha de recursos para manter no Brasil e em algumas partes do mundo seus correspondentes, sempre acionados para se deslocarem ao local de algum evento para passar a versão dos fatos, embora tardiamente. Essa versão, por falta de qualquer contestação séria, valia como verdade final e absoluta do ocorrido.
               
O tempo passou, vieram os computadores pessoais, a internet, os tablets, os smartphones, a câmera fotográfica no celular, o WhatsApp, o Facebook e outras encrencas que nem sei listar e transformaram esse “mundão velho de Deus” num pequeno quarteirão, logo ali depois daquela esquina.
               
Comunicamo-nos numa velocidade incrível, espalhamos os fatos, os seus detalhes e a sua análise em pouco tempo, através do país e através do globo. Não tem Jornal Nacional, Jornal da Band, Estadão, Folha, O Globo, Veja, CNN, Fox News, nada que supere os nossos contatos via internet. Houve um terremoto, lá está alguém filmando pelo celular e espalhando ao mundo em tempo real detalhes da tragédia e da ajuda aos atingidos.
               
Há algo mais importante. Ficávamos sempre no aguardo de nossos analistas mais confiáveis para ver qual a sua opinião sobre os fatos. Hoje, não. Pessoas que não são jornalistas expõem com acurácia, invulgar erudição e agudo senso de percepção análises que superam as abordagens daqueles antigos articulistas aboletados na imprensa.
               
Isso deveria incutir nos jornalistas cuidado e moderação em suas análises, face ao crivo de inteligentes abordagens a que serão fatalmente submetidas.
               
Deveria ser assim, mas nem sempre assim se dá. Aqui, procurarei ser mais específico para ver se sou entendido.
               
A propósito da corrupção que tem flagelado o pobre Brasil, há um forte viés, de fundo ideológico e de propósitos menos venerandos, em se vender todos esses lamentáveis fatos como uma só e mesma coisa. Se todos são iguais, poderemos escolher, numa futura eleição, qualquer dos partidos ou qualquer dos candidatos. Afinal, se o mal está generalizado, escolherei aquele que me parece ser o mal menor.
               
Ora, em termos de corrupção, já vimos que quase todos os partidos estão, de uma forma ou de outra, envolvidos em práticas condenáveis. Entretanto, nivelar ou reduzir essas práticas criminosas a uma só e mesma coisa orça pela ingenuidade, em relação aos que acreditam assim seja, ou pela mera pilantragem daqueles que sabem que as práticas são diferentes, mas colocam a mesma tarja em todas elas.

Em minha opinião, temos uma prática disseminada de corrupção nos meios políticos. É a corrupção daquele que busca recursos para se eleger, ou reforçar a representação de seu partido, ou daquele que busca meios criminosos de enriquecimento pessoal, quando não pratica essas coisas ao mesmo tempo. Esse tipo de corrupção é uma prática velha e que deve ser combatida a todo tempo, embora, em razão de outro tipo que examinarei em seguida, tenha-se avolumado em proporção sequer pensável há pouco mais de uma década.
               
Mas, meus caros amigos, temos algo que tangencia esse círculo e forma um terreno pantanoso e perigoso jamais visto ou imaginado em nossa política.
               
Trata-se, aqui, da tentativa de um partido estabelecer uma espécie de estado paralelo com vistas ao domínio hegemônico das instituições nacionais para levar o país para caminhos nunca percorridos. Toda essa estratégia foi engendrada pelos partidos e movimentos políticos que se concentraram numa instituição não formal denominada, por eles mesmos, Foro São Paulo.
               
Nesse foro se acantonaram os partidos de esquerda, principalmente da esquerda revolucionária, comandada por Fidel, Farcs, Chaves, Lula e outros líderes da esquerda latina, com um projeto de tomada do poder para transformar as democracias e a prática do livre mercado em ditaduras socialista ao sul do Rio Grande.
               
Aquele que foi mais longe, porque não teve um Mensalão no meio do caminho, foi o Chaves, na Venezuela. Chega ao poder e desenvolve uma política populista para a conquista de apoio das classes mais desfavorecidas. Angariado certo prestígio político, o passo seguinte seria a convocação de uma constituinte para votar uma constituição talhada a prefigurar o destino perseguido.
               
Na Venezuela, isso chegou ao estado da arte e, por isso mesmo, foi o país que marchou mais rapidamente para o desastre.
               
No Brasil, o PT, principalmente por conta do episódio do Mensalão, não conseguiu fazer a sua constituinte e possibilitar a Lula, como possibilitado foi a Chaves, renovar por quantas vezes quisesse o seu mandato presidencial. Acontece que esse mesmo sistema legal aprovado na constituinte estenderia os seus tentáculos para controlar o parlamento, o judiciário e os meios de comunicação, além de estabelecer poderosa milícia para impedir qualquer reação das forças armadas, estas submetidas a uma radical mudança de comando para impor figuras comprometidas com tal projeto ou a ele maleável. Era uma forma nova de assalto ao Palácio de Inverno, a tomada do estado e das instituições nacionais por dentro.
               
Assim, não posso colocar na mesma gaveta o político que roubou para se eleger ou para o seu enriquecimento pessoal e aqueloutro que usa o roubo para submeter o país a um regime profano da democracia e do livre mercado. Aquele que roubou apenas para se locupletar limitou o dano ao valor do roubo cometido; já aquele que roubou para violentar o sistema político e econômico do país e implantar uma ditadura socialista, causaria um dano que iria muito além do desfalque do dinheiro criminosamente alcançado.
               
As duas práticas político-delituosas são parecidas, mas não são iguais. Uma nos causa uma subtração financeira, a outra, além da subtração financeira, nos encaminharia para um sistema político-econômico já revelado um desastre absoluto em várias partes do mundo onde o socialismo foi implantado e naufragou. Perderíamos a liberdade, a alma e todo um estilo de vida que foi construído por séculos de evolução. Marcharíamos inexoravelmente, como está marchando a Venezuela, para uma verdadeira tragédia nacional.
               
Mas houve duas pedras no meio do caminho do PT. A primeira foi o Mensalão, a segunda, verdadeira pedreira, o Petrolão. Além disso, em vez de um muro, havia também um Moro no meio do caminho, jovem juiz, honesto, determinado, preparado e especializado em revelar o crime que subjaz sob a aparência de ato legal. De forma metódica, jovens delegados e procuradores federais foram unindo as pontas de um grande esquema criminoso em que o partido do governo estabeleceu um sistema sideral em que ele figurava no centro enquanto em seu entorno gravitavam outros partidos com certo grau de autonomia, mas, ao fim, submissos ao mesmo projeto, embora com propósitos diferentes. Os partidos satelitizados, tipo PMDB, PDS e mais uma profusão de letrinhas que ninguém mais sabe o que realmente representam, só queriam, através de suas raposas mais felpudas e de uma ninquemzada política, usufruir o Estado sustentado pelo povo trabalhador. Não têm nem nunca tiveram a pretensão de introduzir governos totalitários, embora aceitassem namorar tal possibilidade em troca do enriquecimento pessoal de seus timoneiros.
               
Pior, muito pior do que o roubo em si, é a apropriação legal dos cargos públicos por uma chusma de vagabundos incompetentes, contados às dezenas de milhares, sugando os recursos dos tributos pagos pelo povo trabalhador brasileiro. Gente sem aptidão para qualquer coisa séria ou trabalho duro e cuja única missão é agir como cabos eleitorais e fazer contribuições “voluntárias” ao partido, sacudir bandeiras nas ruas e carregar em triunfo seus profetas nas costas. A isso se juntam centenas ou milhares de ongs e sindicatos cevados por dinheiro público.
               
Já o PT e seus satélites socialistas, como PC do B, PSOL e outras estranhezas, sempre tiveram como pano de fundo de suas tenebrosas pretensões a imposição do socialismo totalitário. Para manter os movimentos sociais, sindicatos e ongs postos a seus serviços estabeleceram a roubalheira e deixaram os companheiros de viajem (partidos ditos burgueses) roubarem à saciedade. No meio do caminho, figurões partidários iam desviando recursos para os próprios bolsos que, embora socialistas, como se autoproclamam, gostam mesmo é de viver do dinheiro alheio. Esse dinheiro é seu e você foi forçado a dá-lo ao governo, pois, como bem obtemperou Ronald Reagan, “o contribuinte é o único que trabalha para o governo sem prestar concurso”.
               
Essa distinção tem que estar presente em nossas análises para não fazermos o jogo desses espertos. Graças às redes sociais, podemos usar nossas pequenas tribunas, que somadas são imensas, e não ficar esperando que a imprensa nos venda a “verdade”.  Devemos estar sempre em guarda e não esquecer nunca que os parecidos não são iguais.

Uma boa semana para todos.

Título e Texto: Pedro Frederico Caldas, 20-7-2017

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