sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Exposição tenta compreender como Hitler se tornou o "salvador" dos alemães

Miniaturas de Hitler e do seu exército fazem parte da exposição
 (Fabrizio Bensch/REUTERS)

Explicar como Adolft Hitler se tornou o líder dos alemães e como a sociedade da altura aceitou o regime nazi em toda a sua brutalidade é o objectivo da exposição que será inaugurada amanhã, em Berlim.
Os comissários da exposição “Hitler e os Alemães”, patente no Museu de História Alemã, não tentaram dar uma imagem positiva do regime nazi – os organizadores temiam que esta mostra atraísse atenções e elogios indesejados de extremistas de extrema-direita, sublinha o diário britânico “The Independent”.
“O que é necessário explicar é como o insignificante Adolf Hitler, um homem que viveu os primeiros 30 anos da sua vida no anonimato, que não estudou, não tinha experiência política, possa ter sido visto como um salvador da pátria”, explicou à AFP o historiador Hans-Ulrich Thamer, comissário de uma parte da exposição denominada “Nação e Crime”. “Queremos olhar para a ascensão do regime, como operava no poder e como foi a sua queda, e para o tremendo poder destrutivo exercido pelo Nacional-socialismo”, completou.

Mas falar de Hitler, fora de um quadro estritamente académico, continua a ser algo muito delicado na Alemanha. “O Museu de História Alemã queria fazer esta exposição já em 2003”, disse Thamer à AFP. No entanto, o comité científico do museu chumbou o projecto – que se centrava em traçar a personalidade e o percurso de Hitler – unanimemente. Mas há três anos o museu voltou à carga, com o tema mais vasto de “Hitler e o nacional-socialismo”.
Na exposição, que estará patente até 6 de Fevereiro, no anexo do museu construído pelo arquitecto norte-americano Leoh Ming Pei, o visitante mergulha numa parafernália de propaganda nazi, desde maços de cigarros com a cruz suástica até miniaturas de soldados e do próprio Hitler a discursar. Estão também em exposição documentos que mostram a construção do Estado nazi, as indústrias, as auto-estradas e as celebrações de gosto folclórico ou mitológico, que reflectem também o crescente ódio racial e a discriminação.
Um poster mostra um rapaz deficiente mental ao lado de um atleta louro e musculado e fala dos perigos demográficos se os “deficientes tiveram quatro filhos e os sãos apenas dois”, relata a agência Reuters. Estão lá também as estrelas amarelas que os judeus eram obrigados a coser às suas roupas, e os fatos às riscas que usavam os prisioneiros dos campos de concentração, onde morreram seis milhões de judeus.
A exposição tenta também olhar para a forma como a Alemanha encara o seu passado nazi, analisando o tratamento que os “media” dão ao tema. Por exemplo, a revista “Der Spiegal” colocou Hitler na capa 46 vezes, entre 1949 e 2010.

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