quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A catástrofe do Rio de Janeiro

Peter Wilm Rosenfeld

O País inteiro continua traumatizado pelas perdas que sofreu devido às chuvas na região serrana do Rio de Janeiro. Por enquanto, confirmadas, 696 pessoas mortas!

Vem a pergunta: esse desastre poderia ter sido evitado? Ou: as consequências poderiam ter sido minoradas?

Creio que para a primeira das perguntas a resposta é não, o desastre não poderia ter sido evitado. Principalmente por causa de o brasileiro ser como é, e explicarei mais adiante.

Para a segunda das perguntas, a resposta é um gritante e maiúsculo SIM!
Bastaria que nossas “supostas” autoridades, da Presidente da República, passando pelos Ministros, Governador e Secretários de Estado, fossem mais sérios, competentes e objetivos.

Mas não, todos eles foram “otoridades”, sem o menor interesse em tentar resolver os problemas. Estavam interessados (os que chegaram a tanto) a resolver seus problemas de autopromoção!

Aliás, em de seus últimos dias dos infelizes 2.920 dias em que tivemos que aturá-lo como Presidente, o Sr. da Silva pontificou referindo-se à ajuda federal em casos com o do Rio de Janeiro; disse Sua Excelência (?), referindo-se a pedidos de ajuda de municípios atingidos por uma catástrofe: Não adianta o Prefeito afirmar que o município precisa de tantos milhões de reais para consertar os estragos causados pelo(a) (catástrofe, enchente, deslizamento, etc.); ele precisa fazer um projeto, detalhando onde e porque aplicará o dinheiro e mandar o projeto a Brasília, para aprovação, e isso não ocorre de um dia para outro!!

Na pecadora (sim, porque santa não é) mente do Sr. da Silva, seja qual for a destruição que tenha ocorrido, em poucos minutos o município poderá fazer um projeto, pormenorizando todos os danos e suas causas, além do que será necessário para reconstruir tudo, com plantas e valores individualizados, para que os burrocratas de plantão em Brasília analisem o trabalho, aprovem-no e os recursos cheguem a seu destino! Santa ignorância...

O Exército, a Marinha e a Aeronáutica têm, entre seus equipamentos permanentes, hospitais de campanha; em seus quadros, há médicos e enfermeiros competentes. A primeira coisa que o Governo Federal deveria fazer, imediatamente após o desastre, seria enviar esse pessoal e o equipamento para o local do desastre.
O Exército dispõe de Batalhões de Engenharia igualmente competentes, certamente com disponibilidade de enviar um contingente para a área do desastre.

No caso presente, do Rio de Janeiro, quanto tempo levou até que unidades de médicos e de enfermeiros fossem enviados? Quantas mortes teriam sido evitadas se tivesse havido competência no socorro?

De nada adianta a Presidente ter sobrevoado o local, se bem que isso faz parte da liturgia - nem isso o Sr. da Silva aprendeu a fazer!!

De nada adianta reunir Ministros, Governador, Secretários para que “vejam” o que aconteceu. E isso, ademais, não faz parte da liturgia; é pura demagogia!

As agências de notícias internacionais fizeram uma comparação entre as perdas (em vidas humanas) sofridas pela Austrália, com parte significativa do país inundado por uma enchente impressionante, e o Rio de Janeiro. Lá, no outro lado do mundo, mas em um país civilizado, morreram 16 pessoas; aqui, em uma das regiões nobres do Rio de Janeiro, 672 vidas humanas foram sacrificadas.

Quanto à primeira pergunta: o desastre poderia ter sido evitado? A resposta é um pouco mais difícil.

Nossos geólogos conhecem bem as condições de nossas encostas em geral, e de sua vulnerabilidade sob certas circunstâncias. Mas é inegável que, em certas localidades, queremos desfrutar de uma vista ampla ao redor de nossas casas, razão pela qual as construímos em partes altas, mesmo sabendo que, eventualmente, a mãe-natureza poderá nos punir.

E aí vem, ou deveria vir, mas na maioria dos casos isso não acontece, uma cuidadosa análise do risco.
Estou me referindo a pessoas com bom nível de conhecimento.

Mas e as pessoas pobres, ignorantes. Essas sequer sabem o que é uma “análise de risco”. E é aí que falha o poder público.

As Prefeituras têm a obrigação de zelar para que a população não corra riscos.

Mas não o fazem. Nem na região serrana do Rio, nem em Angra dos Reis e nem em Niterói como vimos no ano passado, nem em quaisquer outras cidades.

As Prefeituras em geral são bastante zelosas em cobrar os impostos que entendem lhe serem devidos. Mas pouco ou nada dá em contrapartida, e me refiro ao Brasil inteiro. E os vereadores são cúmplices nessa desídia.

Muitas alegarão que não têm recursos para arcar com uma estrutura que lhes permita cumprir suas obrigações. E nem poderiam, pois há muitas centenas, talvez mais de um milhar de Prefeituras pelo Brasil afora com populações ridiculamente pequenas (aqui no RS muitos municípios têm menos do que 10 mil munícipes, e esse número ainda é muito pequeno para suportar os custos municipais!!).

Para finalizar, minhas sinceras homenagens não só aos mortos como a todos aqueles que não mediram sacrifícios para minimizar o sofrimento dos atingidos pelo desastre!
Peter Wilm Rosenfeld
Porto Alegre (RS), 19 de janeiro de 2011

Um comentário:

  1. Você é um Wilm Rosenfeld?
    Seu antepassado que ajudou a salvar a vida de vários poloneses (incluindo judeus)?

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