Peter Wilm Rosenfeld
O País inteiro continua
traumatizado pelas perdas que sofreu devido às chuvas na região serrana do Rio
de Janeiro. Por enquanto, confirmadas, 696 pessoas mortas!
Vem a pergunta: esse desastre
poderia ter sido evitado? Ou: as consequências poderiam ter sido minoradas?
Creio que para a primeira das
perguntas a resposta é não, o desastre não poderia ter sido evitado.
Principalmente por causa de o brasileiro ser como é, e explicarei mais adiante.
Para a segunda das perguntas,
a resposta é um gritante e maiúsculo SIM!
Bastaria que nossas “supostas”
autoridades, da Presidente da República, passando pelos Ministros, Governador e
Secretários de Estado, fossem mais sérios, competentes e objetivos.
Mas não, todos eles foram
“otoridades”, sem o menor interesse em tentar resolver os problemas. Estavam
interessados (os que chegaram a tanto) a resolver seus problemas de autopromoção!
Aliás, em de seus últimos dias
dos infelizes 2.920 dias em que tivemos que aturá-lo como Presidente, o Sr. da
Silva pontificou referindo-se à ajuda federal em casos com o do Rio de Janeiro;
disse Sua Excelência (?), referindo-se a pedidos de ajuda de municípios
atingidos por uma catástrofe: Não adianta o Prefeito afirmar que o município
precisa de tantos milhões de reais para consertar os estragos causados pelo(a)
(catástrofe, enchente, deslizamento, etc.); ele precisa fazer um projeto,
detalhando onde e porque aplicará o dinheiro e mandar o projeto a Brasília,
para aprovação, e isso não ocorre de um dia para outro!!
Na pecadora (sim, porque santa
não é) mente do Sr. da Silva, seja qual for a destruição que tenha ocorrido, em
poucos minutos o município poderá fazer um projeto, pormenorizando todos os
danos e suas causas, além do que será necessário para reconstruir tudo, com
plantas e valores individualizados, para que os burrocratas de plantão em
Brasília analisem o trabalho, aprovem-no e os recursos cheguem a seu destino!
Santa ignorância...
O Exército, a Marinha e a
Aeronáutica têm, entre seus equipamentos permanentes, hospitais de campanha; em
seus quadros, há médicos e enfermeiros competentes. A primeira coisa que o
Governo Federal deveria fazer, imediatamente após o desastre, seria enviar esse
pessoal e o equipamento para o local do desastre.
O Exército dispõe de Batalhões
de Engenharia igualmente competentes, certamente com disponibilidade de enviar
um contingente para a área do desastre.
No caso presente, do Rio de
Janeiro, quanto tempo levou até que unidades de médicos e de enfermeiros fossem
enviados? Quantas mortes teriam sido evitadas se tivesse havido competência no
socorro?
De nada adianta a Presidente
ter sobrevoado o local, se bem que isso faz parte da liturgia - nem isso o Sr.
da Silva aprendeu a fazer!!
De nada adianta reunir
Ministros, Governador, Secretários para que “vejam” o que aconteceu. E isso,
ademais, não faz parte da liturgia; é pura demagogia!
As agências de notícias
internacionais fizeram uma comparação entre as perdas (em vidas humanas) sofridas
pela Austrália, com parte significativa do país inundado por uma enchente
impressionante, e o Rio de Janeiro. Lá, no outro lado do mundo, mas em um país
civilizado, morreram 16 pessoas; aqui, em uma das regiões nobres do Rio de
Janeiro, 672 vidas humanas foram sacrificadas.
Quanto à primeira pergunta: o
desastre poderia ter sido evitado? A resposta é um pouco mais difícil.
Nossos geólogos conhecem bem
as condições de nossas encostas em geral, e de sua vulnerabilidade sob certas
circunstâncias. Mas é inegável que, em certas localidades, queremos desfrutar
de uma vista ampla ao redor de nossas casas, razão pela qual as construímos em
partes altas, mesmo sabendo que, eventualmente, a mãe-natureza poderá nos
punir.
E aí vem, ou deveria vir, mas
na maioria dos casos isso não acontece, uma cuidadosa análise do risco.
Estou me referindo a pessoas
com bom nível de conhecimento.
Mas e as pessoas pobres,
ignorantes. Essas sequer sabem o que é uma “análise de risco”. E é aí que falha
o poder público.
As Prefeituras têm a obrigação
de zelar para que a população não corra riscos.
Mas não o fazem. Nem na região
serrana do Rio, nem em Angra dos Reis e nem em Niterói como vimos no ano
passado, nem em quaisquer outras cidades.
As Prefeituras em geral são
bastante zelosas em cobrar os impostos que entendem lhe serem devidos. Mas
pouco ou nada dá em contrapartida, e me refiro ao Brasil inteiro. E os
vereadores são cúmplices nessa desídia.
Muitas alegarão que não têm
recursos para arcar com uma estrutura que lhes permita cumprir suas obrigações.
E nem poderiam, pois há muitas centenas, talvez mais de um milhar de
Prefeituras pelo Brasil afora com populações ridiculamente pequenas (aqui no RS
muitos municípios têm menos do que 10 mil munícipes, e esse número ainda é
muito pequeno para suportar os custos municipais!!).
Para finalizar, minhas
sinceras homenagens não só aos mortos como a todos aqueles que não mediram
sacrifícios para minimizar o sofrimento dos atingidos pelo desastre!
Peter Wilm Rosenfeld
Porto Alegre (RS), 19 de
janeiro de 2011
Você é um Wilm Rosenfeld?
ResponderExcluirSeu antepassado que ajudou a salvar a vida de vários poloneses (incluindo judeus)?