quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Aprovação de Dilma cairá muito até o último trimestre de 2011

Cesar Maia          
1. Calculando a média de avaliação das funções de governo no último ano do governo Lula, se conclui que o governo de Lula teve aprovação (ótimo+bom) de 40%, no máximo. Mas a média de aprovação de Lula, no último ano, foi superior a 70%. A conclusão evidente é que o estilo populista-retirante adotado por Lula no pós-mensalão, a partir de 2006, é o responsável por essa diferença de mais de 30 pontos.           
Presidenta Dilma Rousseff durante abertura da primeira reunião do Fórum de Infraestrutura, no Palácio do Planalto. Foto: Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
2. Na sua coluna de sábado, na Folha SP, Cesar Maia lembra que "há lideranças que legitimam a sua autoridade pela ausência. Representam divindades. O que os legitima está ausente deles, está em outro plano". E sublinha o estilo de Lula: "Há um tipo de liderança mítica que se parece com a do tipo guia dos povos. Apenas se parece. Na verdade, legitima-se também pela ausência. O povo, em abstrato, passa a ser uma divindade. Um povo amalgamado que incorpora todos os valores de fé, justiça e de esperança. E de dentro desse amálgama surge o líder, que é ele, o próprio povo, encarnado em sua pessoa, como redentor." 
          
3. Dilma já deu provas suficientes que seu estilo será outro: discreta, administrativa, exalando trabalho e eficiência. Ou seja: quer que sua avaliação se confunda com a de seu governo. Ou seja: se a performance de seu governo for a mesma do governo de Lula, no último ano, seu teto será de 40%.           
4. Mas a "herança de Lula", que ela não pode reclamar, pois impulsionou a sua vitória em 2010, é de pressão inflacionária, constrangimento fiscal e riscos externos marcados pelo déficit crescente em conta corrente, no balanço de pagamentos. As medidas relativas a estes três vetores já vêm sendo tomadas: juros, compulsório dos bancos, redução de despesas, contingenciamento do adiantamento de câmbio...           
5. A economia brasileira crescerá menos em 2011. Os otimistas falam em 4,5%%. Os pessimistas em 3%. E os realistas em 3,5%. Isso significa -com certeza- pelo menos um desconforto no mercado de trabalho, e setorial e regionalmente em muitas empresas. O menor crescimento afeta os impostos que, somado ao ajuste fiscal, reduz as obras e empregos patrocinados pelos governos nos 3 níveis.           
6. A reação da população já se sabe qual vai ser a partir do segundo semestre: "Ah! Que saudades do Lula. Se ele estivesse aí isso não aconteceria".  E não adianta explicar, pois relações míticas de liderança não se explicam, porque a autoridade que a legitima está ausente, ou seja, externa ao personagem.           
7. Quando os Institutos de Pesquisa apontarem um ótimo+bom em torno dos 35% para Dilma, ela terá condições de conter o seu governo? Afinal, serão centenas os parlamentares da 'base aliada' que concorrerão em 2012 a prefeito, e prefeitos de cidades médias e grandes que concorrerão à reeleição.           
8. Não há dúvida que Dilma se manterá leal e alinhada a Lula. Afinal, seu governo tem uma característica distinta do de Lula: o PT é o superego de seu governo e o limite de sua autonomia. Essa é uma projeção de cenários para a tomada de decisões nas esferas política e econômica. Quem quiser que aposte contra.
Ex-Blog do Cesar Maia, 26-01-2011

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