segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A morte de João van Dunem, ou o ressuscitar do 27 de Maio...

Alberto de Freitas

João van Dunem era irmão de José van Dunem - morto em consequência do 27 de Maio de 77 - e da Procuradora Francisca van Dunem. Os dois preconizaram uma querela com Pepetela, sobre a sua intervenção no "rescaldo" do golpe.

A discussão tende, ao estilo "Primavera árabe", considerar os apoiantes de Nito Alves/José van Dunem, vítimas inocentes e, os antagonistas algozes. Vivi a situação e sei que vítimas houveram de ambas as partes e que quem perdesse, seria a "vítima"; mas inocentes, não. Nenhuma das partes. À época, a tensão indicava a violência que estava para vir. Não seria mar de rosas para qualquer dos perdedores. Não discutindo a justeza das razões, as consequências seriam semelhantes.

A discussão não pode é alhear-se das circunstâncias. Interessa recuar e assistir a fuzilamentos em praça pública por condenações várias. A insegurança - além da bandidagem e vinganças "políticas" - ia à situação de alto risco, sempre que algum grupo de miúdos decidia içar a bandeira de Angola, numa "base de pioneiros". Os mais distraídos que não pararam o carro e, em posição de sentido aguardaram o fim da "coisa", incluindo o cantarolar do hino, sofriam consequências. Se juntarmos os inflamados discursos de Nito Alves, era um Cocktail explosivo.

Sei que Pepetela, entre outros, foi um "filtro" de bom senso num momento em que as forças mais radicais (militares e segurança de Estado), não queriam perder tempo com "conversas". Não esquecer que, ou se estava a favor ou contra. Não se admitia a equidistância, a neutralidade, ou a indiferença.

O homem e as suas acções têm sempre a ver com as circunstâncias. Ignorar isso, não permite a discussão.
Título e Texto: Alberto de Freitas
PS. Os milhares de elementos da "família" Van-Dunem (com ou sem hifen), não têm nada a ver uns com os outros. À época, aos escravos e trabalhadores forçados, era dado um nome cristão e o apelido do fazendeiro para onde iam trabalhar. Diz-se que os Van Dúnem sem hifen, são "filhos do chefe de posto". A referida (talvez mito) personagem, quando apontava o nome na documentação, por ignorância ou esquecimento, não incluía o dito "tracinho".

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