Segue o artigo desta semana.
Não requer qualquer
esclarecimento; foi com tristeza que o redigi.
Grande abraço a todos
Para lamentar
Por motivo de viagem para uma
causa nobre (o casamento de meu filho!), tive que atrasar em um dia a
elaboração e a distribuição do presente texto. Tenho a certeza de que minhas
desculpas pelo atraso serão aceitas por todos...
E é triste, muito triste e
deprimente (para lamentar mesmo) o que tenho de comentar, sobre o parlamento
brasileiro. Há um ditado muito antigo que diz que a verdade sempre surgirá,
mesmo que tarde e que, com a mentira revelada, surge o bem triunfando sobre o
mal. Ainda que assim devesse ser, o Brasil passou ao largo desse ditado. E isso
não é de tempos recentes.
O grande e celebrado Rui
Barbosa já havia constatado isso e, desolado, proclamou sua famosa frase:
“De tanto ver triunfar as
nulidades; de tanto ver prosperar a desonra; de tanto ver crescer a injustiça;
de tanto ver agigantarem-se poderes nas mãos dos maus, o homem chega a
desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto!”
Que o Congresso Nacional tenha
elegido os presidentes do Senado da República e da Câmara dos Deputados que
elegeu, é sinal de que ambas as casas do Parlamento, hoje muito
mais para lamento, envergonham a República Federativa do Brasil. Nenhum
dos dois tem, atualmente, um currículo da vida, ambos são donos de extensas
“folhas corridas”, como são designados esses documentos por nossas polícias.
O cidadão (será que merece ser
chamado de “cidadão”?) eleito para presidir o Senado Federal teve que
renunciar às pressas, há poucos anos, a fim de não ter seu mandato cassado pelo
próprio Senado! Além disso, tem pendências com a Receita Federal!
E o eleito para presidir a
Câmara dos Deputados já está em seu décimo ou décimo segundo mandato, sendo
certo que nesse período todo não honrou esse mandato, não representou
condignamente seu estado natal e seus eleitores.
Curiosamente, ambos são
nordestinos, e o Nordeste brasileiro tem sido muito mal representado nesses
anos em que está vigorando a Constituição atual.
Aliás, isso me faz lembrar de
um cartaz afixado nas duas casas do Congresso e por toda a Capital Federal nos
anos de 1987/88, quando a então Assembléia Nacional Constituinte estava
elaborando a chamada Carta Magna.
Proclamava o indigitado
cartaz:
Norte, Nordeste, Centro
Oeste: unidos, jamais seremos vencidos.
E assim aconteceu.
Enquanto os estados mais
populosos estão numericamente sub-representados em termos de Câmara Federal, em
que a representação deveria refletir rigorosamente a quantidade de eleitores (o
que não ocorre), as três regiões acima têm ampla maioria no Senado Federal, já
que há muito mais Estados nessas regiões do que nas regiões Sul e Sudeste.
É lamentável, repito.
Em meus 81 anos de vida, tendo
votado em cada e em todas as votações realizadas após meus anos de menino e de
rapaz, nunca me senti tão mal em relação à política como nos últimos anos em
que “reinaram” os Sarneys (Maranhão) os da Silva (Pernambuco) e os
Collor e Calheiros (Alagoas) da vida.
E essa situação continuará, em
termos de Parlamento, por mais uns tantos anos, graças à mentalidade expressa
naquele cartaz de 1987, transcrito acima!
Título e Texto: Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre (RS), 07.02.2013
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