O crescimento das exportações é a dinâmica fundamental na correcção dos
desequilíbrios externos em Portugal, na Irlanda e em Espanha. Se a conjuntura
externa não desapontar, a recuperação da economia pode chegar mais cedo, diz a
S&P. Grécia é excepção e desemprego a grande preocupação.
Os países endividados da
periferia da Zona Euro estão a conseguir corrigir os respectivos défices das
balanças correntes a um ritmo muito mais rápido do que o previsto, refere a
Standard & Poor’s, num relatório hoje divulgado.
“Os nossos resultados
confirmam que economias europeias da periferia estão a ajustar-se rapidamente
em termos externos”. “O mais importante, com a significativa excepção da
Grécia, é que são as exportações que estão a liderar este ajustamento, ao mesmo
tempo que os custos unitários do trabalho estão a cair para níveis mais
competitivos”, resume Frank Gill, analista da S&P, responsável pelo
relatório.
A Irlanda é quem tem realizado
os progressos mais rápidos, devido a uma “redução substancial dos custos
unitários do trabalho e a uma histórica forte capacidade de atracção de
investimento estrangeiro e de financiamento de empresas”. Mas, ressalta a
S&P, “em 2012, Espanha e Portugal reduziram a diferença, sobretudo devido
ao crescimento das exportações de bens e de serviços”.
No caso de Portugal, o
indicador produzido pela S&P para medir a velocidade do ajustamento externo
(e que sintetiza, designamente, o comportamento das exportações, importações,
custos do trabalho e captação de investimento estrangeiro) mais do que
duplicou, passando de 4,4 em 2011 para 8,9 em 2012. A dinâmica das exportações
passou a ser dominante, devendo “representar mais de 40% do PIB no final de
2013”.
“Para 2013, prevemos que
Espanha, Portugal e Irlanda apresentem excedentes claros nas contas correntes,
permitindo-lhes apresentar mais cedo do que prevíamos uma recuperação do PIB,
assumindo que a procura externa o permita”, refere o relatório.
Tal como o Governo e troika, a
S&P antecipa uma queda do PIB neste ano de 1%, sendo que o Banco de
Portugal prevê uma contracção mais profunda, de 1,9%. Todos esperam o regresso
gradual do crescimento a partir do segundo semestre e uma taxa anual de
progressão do PIB positiva em 2014.
No reverso da medalha, a
S&P chama a atenção para os reflexos negativos na arrecadação fiscal em
economias mais assentes nas exportações, uma vez que são a procura interna e as
importações, em particular, as componentes em que se integram os bens e
serviços sujeitos a mais impostos.
O grande alerta vai, porém,
para o desemprego. “Na medida em que ganhos de produtividade estão a ocorrer
somente por via do aumento do desemprego, o ajustamento macroeconómico pode vir
a ser social bem como materialmente insustentável”, adverte a agência de
notação financeira.
Título e Texto: Eva Gaspar, Jornal de Negócios, 05-02-2013
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