terça-feira, 16 de abril de 2013

A gentil “CONVOCAÇÃO”

Foto: Jane de Araújo/Agência Senado
Valmir Azevedo Pereira
A recente convocação de um militar para apresentar-se perante a Comissão da Verdade nos dá uma pálida idéia do que acontecerá com os intimados pela execrável corte.
Um simples documento de convocação que poderia ter chegado às mãos do indigitado de diversas maneiras foi levado à vítima com pompas e circunstâncias.
O ofício de convocação teve como portadores policiais federais, fardados e armados, em viatura estacionada em frente à sua casa, como se ele fosse um criminoso.
Tivemos uma leve amostra de que o “indiciado” deverá comparecer ao tribunal devidamente amedrontado por antecedência, e que no picadeiro, será esquartejado até à morte.
Imaginemos o horror, e o que se passa na mente do convocado e dos que se seguirão a ele.
A família, a esposa, os filhos e os parentes, quanta amargura, que imensa dor, que tristeza! É um mundo de sensações de desânimo, de incapacidade, de falta de apoio, de total solidão.
Certos de que comparecer perante a Comissão será adentrar à arena totalmente desarmado e manietado, e sem condições de qualquer defesa, nos declaramos contrários ao comparecimento ao patíbulo de qualquer ex-agente da repressão, e, se militar com maior veemência.
É o massacre anunciado.
Tal qual o regime nazista de Hitler, o desgoverno decretou o holocausto nacional para exterminar o grupo de ex-agentes da repressão que se postaram contra os seus desejos de dominarem o poder pela força.
O trucidamento daqueles cidadãos, de fato, será o holocausto moral de todos os que anseiam por viver num país democrata, e que almejam uma sobranceira e honrada nação.
Não sabemos se uma convocação tem que ser atendida, provavelmente, sim, pois esses patifes devem ter obtido ou escrito nas suas normas, que as vítimas devem postar-se, submissamente, diante de seus acusadores.
Se não for obrigatório, fuja, vá para alhures; se for cale, como já fizeram os chamados perante as CPMIs e CPIs, alegando não poderem declarar o que pudesse prejudicá - los.
Apesar de nossos conselhos, tememos que o convocado, ao abrir seu coração, apoiado na sua indignação, pretendendo com a sua verdade, deixar os membros da Comissão abalados, cometerá um monumental engano, pois suas palavras serão distorcidas.
Após a visita da Swat e toda a sua aparelhagem de intimidação (por que um único oficial de Justiça não foi o portador da "convocação", como sói acontecer até com criminosos de alta periculosidade?), é óbvio concluir que estamos certos em nossa opinião de evitar a Comissão como o diabo da cruz.
Meus amigos, eles contam com o poder, com recursos, com as leis, com parte da mídia; quanto a nós, só com a nossa indignação.
Mas, infelizmente, a indignação não atemoriza aos canalhas, não os abala a nossa repulsa à injustiça, nem a nossa revolta à indignidade.
Nada os deterá, a não ser o temor de que poderão sofrer na própria pele o castigo por sua abominável cretinice.
Por muito menos, eles assassinaram, assaltaram e aterrorizaram; nós procuramos sem nenhum apoio, nem mesmo, como deveria ocorrer, dos chefes militares, sem recursos, sem qualquer divulgação denunciar a terrível ação institucionalizada em andamento.
Tristemente, temos pregado num deserto.
Os cidadãos de bem foram para o ignoto, ou talvez para a “cracolândia” onde tudo é um tremendo “barato”. 
Título e Texto: Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira, Brasília, DF, 16 de abril de 2013

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