Há anos venho denunciando a
farsa dos “30.000 mortos e desaparecidos” durante o período dos governos
cívico-militar da Argentina mas, mesmo na imprensa dita “conservadora” esta
farsa criada pela terrorista Hebe de Bonafini, criadora do movimento “Mães da
Praça de Maio”, permanece impávida até hoje.
Já apresentei documentos,
escrevi artigos, mas nada disso demoveu a imprensa brasileira e afamados
jornalistas de continuar repetindo a mentira até que ela tornou-se “verdade”.
Para desmascarar definitivamente esta farsa grotesca, o Notalatina apresenta este artigo, de
Augustín Laje, que não deixa qualquer margem de dúvida e que espero, assim, pôr
um ponto final neste mito infame.
O mito dos 30.000
desaparecidos
Em virtude do muito
recomendável livro de Ceferino Reato ¡Viva la sangre! e,
particularmente, de sua última coluna em La Nación intitulada “Hablan de 30.000 desaparecidos y saben que es falso”, podemos advertir
a decadência de um relato setentista que está morrendo pela mão de seu
moribundo progenitor: o kirchnerismo.
Com efeito, os dados que Reato
expõe são muito certos, mas não por isso novos. Em meu livro Los mitos setentistas
(2011) eu já havia efetuado uma análise exaustiva da última versão do livro Nunca
Más e seus respectivos anexos, enquanto no livro La otra parte
de la verdad (2004) e La mentira oficial (2006) de
Nicolás Márquez já se havia esmiuçado a primeira versão do trabalho publicado
pela Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (CONADEP). Porém,
falar da mentira dos 30.000 desaparecidos nesses anos, era se incinerar por
completo. Se pagava caro pela heresia. E contradizer os postulados do dogma
setentista era um verdadeiro ato de heresia política que muito poucos estávamos
dispostos a cometer.
Isso hoje parece ter mudado
ou, ao menos, estar mudando. Daí a importância de que um jornalista com tantos
leitores como Ceferino Reato publicite esta verdade, por polêmica que resulte.
E em virtude desta nova discussão que suscita o tema já citado, é que gostaria
de repassar alguns dados relevantes da investigação que publiquei há dois anos
que, segundo creio, acrescenta dados e argumentos importantes à definitiva
destruição de uma bandeira política que fez da legítima dor, um frívolo slogan
estatístico de uso político, ideológico e econômico.
Os primeiros dados oficiais
que o Estado argentino produziu foram os resultados da já mencionada CONADEP,
criada pelo presidente Raúl Alfonsín em 15 de dezembro de 1983, através do
Decreto 187/83, com o objetivo de revisar as ações das Forças Armadas na guerra
dos 70’s, recoletando denúncias de casos de desaparecimentos acontecidos
durante o governo cívico-militar. Um feroz choque interno na Associação Mães da
Praça de Maio provocou a posição que sua afamada dirigente, Hebe de Bonafini,
adotou, opondo-se ao trabalho da CONADEP que pretendeu impor ao resto das mães
que integravam a organização que não prestassem seu testemunho à comissão
alfonsinista. Para muitas delas foi o cúmulo do autoritarismo e poucos meses
depois se cindiriam na chamada “Linha Fundadora” das Mães. Porém, Hebe ficaria
sumamente ressentida com a equipe liderada por Ernesto Sábato, posto que ela em
algum momento pretendeu que o governo Alfonsín nomeasse as Mães como as
encarregadas de levar adiante a investigação.
Nesse contexto, nasce
precisamente o slogan dos 30.000 desaparecidos, uma invenção sem respaldo
documental de nenhum tipo que a própria Hebe soube instalar na opinião pública,
com o objetivo de contrariar os resultados da injuriada CONADEP e de praticar
seu esporte favorito: se fazer notar frente a imprensa. Sergio Schoklender, seu
ex-filho adotivo, confirmou o dito antes em seu livro Sonhos Adiados: “Hebe
era a grande mentirosa de umas mentiras necessárias. (...) Quando
a CONADEP disse que havia verificado nove mil desaparecimentos (...)
Hebe saiu a dizer que eram trinta mil e a repetir uma e outra vez até
que, de tanto dizê-lo, ficou assim. Um só desaparecido é uma tragédia, mas
nunca foram trinta mil, isso foi uma invenção dela”.
No rigor da verdade, a CONADEP
contabilizou 8.961 desaparecidos que, tal como ficaria claro
em pouco tempo, resultavam verdadeiramente duvidosos. E tanto foi assim, que as
autoridades da casa editorial Eudeba
de imediato tiraram de circulação o anexo - de quase 500 páginas - que incluía
a lista, caso por caso. Porém, uma primeira revisão daquele primeiro anexo nos
mostraria em primeiro lugar que, dos 8.961 desaparecidos contabilizados, somente
4.905 possuíam dados pessoais, como por exemplo, números de documentos de
identidade, sendo quase a metade apelidos, apodos e indocumentados.
Uma segunda revisão, mais
acurada, nos levaria a detectar nomes de pessoas públicas que atualmente
estão com vida e ninguém poderia duvidar disso, como a Drª Carmen Argibay
(dossiê 00299, atual membro da Corte Suprema de Justiça da Nação); Dr. Esteban
Justo Righi (dossiê 04320, ex Procurador Geral da Nação); Dr. Alfredo Humberto
Meade (dossiê 03276, Juiz de Garantias Nº 4 de Morón); Juan Carlos Pellita
(dossiê 1900, intendente de General Lamadrid); Alicia Raquel D'Ambra (dossiê
01335, kirchnerista concorrente dos atos na ex ESMA); Jorge Osvaldo Paladino e
Adriana Chamorro de Corro (dossiês 8963 e 8770 respectivamente, funcionários
kirchneristas da ex ESMA); Alicia Palmero (dossiê 27992, colunista da revista Tantas
Voces, Tantas Vidas); Ana María Testa (figura duas vezes no anexo, com os
dossiês 9234 y 6561, porém foi testemunha na causa contra o oficial da Marinha
Ricardo Cavallo e, além disso, foi entrevistada pela jornalista Viviana Gorbato
em seu livroMontoneros. Soldados de Menem. Soldados de Duhalde?); Rafael
Daniel Najmanovich (dossiê 3565, conheceu-se seu paradeiro quando resultou
vítima em Israel de um atentado terrorista palestino em 22.02.2004), entre
outros muitos casos que incluem 136 pessoas que apareceram em 1985 como vítimas
do terremoto que nesse ano sacudiu o D.F. do México.
Prosseguindo nos anos, e já
durante a gestão kirchnerista, a lista foi “revisada” e “depurada” pela
Secretaria de Direitos Humanos da Nação, dirigida naquele tempo por Eduardo
Luís Duhalde e Rodolfo Mattarollo, ambos vinculados não só às organizações
guerrilheiras dos 70’s, como também ao “Movimento todos pela Pátria” liderada
por Enrique Gorriarán Merlo e que atentou contra o regimento La Tablada em
1989.
O novo anexo que se lançou no
mercado contabiliza um total de 7.158 desaparecidos (os
correspondentes ao Processo, em rigor, segundo a lista, são 6.447).
Porém, inúmeras irregularidades continuam avultando os algarismos. A título de
exemplo, há 873 casos nos quais figura tão-só um nome, sem indicar
sequer o correspondente número do documento de identidade. Seria lógico pensar
que depois de um quarto de século, apesar da permanente propaganda e dos
benefícios econômicos que se outorgaram aos familiares, nenhum parente daquelas
873 pessoas teria se dado ao trabalho de se aproximar e tramitar uma denúncia?
![]() |
Terrorista
"justiçado" consta na lista dos "desaparecidos"
|
Por outro lado, existem também
casos de terroristas que provavelmente se suicidaram com a regulamentar pílula
de cianureto ao se ver cercados pelas forças legais, e entretanto têm também
seu lugar na lista de supostos abatidos pelas Forças Armadas. Assim, pois, os
guerrilheiros Francisco “Paco” Urondo, Carlos Andrés Goldenberg e Alberto
Molinas Benuzzi inexplicavelmente engrossam as cifras do novo informe.
Finalmente, outra
irregularidade na qual incorre a lista “depurada”consiste em agigantar os
dígitos contabilizando terroristas que foram abatidos durante enfrentamentos
com as forças da ordem. A título de exemplo, dos 16 terroristas caídos no
ataque ao Regimento de Monte 29 de Infantaria, em 5 de outubro de 1975, em
Formosa, cinco deles inaceitavelmente figuram no novo “Nunca Mais”, quando na
verdade foram de imediato identificados pela Polícia Federal.
Caso similar constitui o dos
guerrilheiros mortos no ataque ao quartel do Monte Chingolo, também em 1975:
dos sessenta abatidos, cinco engrossam os números do novo informe. Por sua
parte, o terrorista erpiano (do ERP) Hugo Irurzun, morto não em nosso país nem
por nossas Forças Armadas, mas no Paraguay e pela polícia paraguaia, também
materializa seu nome na oprobriosa lista. Os casos de guerrilheiros caídos em
enfrentamentos armados que ampliam os algarismos falaciosos resultam
incontáveis, e poderíamos continuar nomeando, por exemplo, Arturo Lewinger,
Juan Martín Jáuregui, entre muitos outros. Porém, não pretendemos aborrecer o
leitor detalhando a casuística, mas apenas simplesmente ilustrar a verdadeira
fraude que se fez do delicado tema dos desaparecidos.
Esclarecemos que não só a
CONADEP e a Secretaria de Direitos Humanos da Nação executaram investigações
quantitativas, senão outras entidades (curiosamente quase todas de esquerda)
também efetuaram suas próprias listas, embora todos com um denominador comum:
nenhum sequer se aproxima a 30% dos promovidos 30.000. Em rigor, já nos anos
80’ a Assembléia Permanente dos Direitos Humanos tinha dados sobre 6.000
pessoas desaparecidas. Segundo a Anistia Internacional, a quantidade não
superava os 4.000, enquanto a OEA falava de 5.000. Nessa data a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), em sua visita ao país, recolheu
denúncias por 5.580 casos. Tempos mais tarde, a organização européia
“Fahrenheit” lançou seu informe que contabilizava 6.936 desaparecidos no
governo cívico-militar. A estes dados deveríamos adicionar os revelados
recentemente pela ex-membro da CONADEP, Graciela Fernández Meijide, que afirmou
que havia 7.954 desaparecidos e se perguntava: “Com
que direito [se falava de 30.000 desaparecidos] quando havia
uma contagem de 9.000? Por que é um símbolo? São os mitos, porém, quem faz
história tem responsabilidade política. Deve dizer a verdade”. Por sua
parte, no denominado “Monumento às Vítimas do Terrorismo de Estado” inaugurado
pelo kirchnerismo em 7 de novembro de 2007 no costeiro portenho, exibem-se
menos de 9.000 placas gravadas com o nome dos desaparecidos, porém, outra vez
os algarismos são inflados com os nomes de guerrilheiros mortos em combate
(como Fernando Abal Medina e Carlos Ramus, ou também oito dos guerrilheiros que
participaram do ataque ao Regimento de Monte 29 em Formosa, entre outros
muitos), e inclusive assassinados por seus próprios companheiros (como o citado
Fernando Haymal). Cabe assinalar que o monumento em questão consta de 30.000
placas, embora mais de 21.000 se encontrem em branco (?), o que já não
constitui um ridículo vergonhoso, senão antes uma descarada piada de mau gosto.
Uma fonte não menor para
continuar provando a falsidade do mito dos 30.000 é constituída pelo REDEFA
(Registro de Falecidos da Lei 24.411). Com efeito, lá dirige-se a lista de
desaparecidos e abatidos pelas forças legais no marco da guerra contra o
terrorismo, cujos familiares tiveram acesso à indenização que, segundo dados de
março de 2010, chegava a $ 620.919. Desde dezembro de 1994 (quando foi
promulgada a lei) até abril de 2010, segundo os dados que surgem deste
registro, o benefício já citado foi outorgado aos herdeiros de 7.500
desaparecidos e guerrilheiros mortos em combate. Com tanto dinheiro pelo meio
para os familiares dos guerrilheiros, seria disparatado pensar que depois de
dezenove anos de promovida a indenização, restassem ainda 22.500 casos por
denunciar. Porém, a cifra de 7.500 tampouco seria de todo acertada, uma vez que
engloba tanto desaparecidos como mortos em combate, que claramente não são a
mesma coisa.
![]() |
Ex-presidente (falecido)
Néstor Kirchner inaugura o “Monumento às Vítimas do Terrorismo de Estado” em
2007
|
Pois bem, não demos mais
importância ao que já é sabido e digamos de uma boa vez e para sempre: os
“30.000” são uma descarada e interessada ficção imposta na base da reiteração
sistemática, e não na demonstração documental. Isto não implica ratificar uma
metodologia aberrante e indefensável que, diga-se de passagem, se desenhou e se
implementou não a partir de 24 de março de 1976, senão muito antes, durante o
governo constitucional peronista anterior. Porém, se “30.000 ou um só é o
mesmo”, como costumam alegar os auto-denominados “defensores dos direitos
humanos” quando se lhes reprova esta realidade, deveríamos responder-lhes: se é
o mesmo, então por que não provam dizendo a verdade?
Comentários e tradução: G. Salgueiro, blogue “Notalatina”,
04-10-2013
Via Gracias
Ala Vida, “Resistência Democrática”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-