Quem o afirma é Passos Coelho, e bem, porque o colossal problema do endividamento do Estado e do
país vai levar muitos anos a resolver.
Todavia, importa esclarecer
que, até ao momento, têm sido apenas as famílias e as empresas a trabalhar
nesse sentido. A redução dos salários e das pensões e o aumento de impostos
forçaram as famílias a viver com muito menos. A quebra do mercado interno
obrigou as empresas a fazerem pela vida e a virarem-se para outros
mercados. Uns e outros têm conseguido gerar excedentes comerciais
históricos, contribuindo assim para a desalavancagem do país.
Todos estão a fazer esforços
hercúleos menos o Estado, que é o mais endividado de todos e de quem se
esperaria o maior dos sacrifícios. A despesa sem juros continua a aumentar e
não se veem quaisquer decisões relevantes que a possam mitigar no curto prazo.
Fala-se há meses do famoso guião da reforma do Estado mas ele permanece
escondido ou não existe mesmo de todo. É por isso que os mercados hesitam e os
juros da nossa dívida pública vão oscilando em valores relativamente elevados.
Nunca nenhum governo teve um
objectivo tão definido como este: Executar o programa de ajustamento e
restituir a Portugal a soberania financeira alienada por Sócrates. Terá
pleno êxito se o conseguir. Mas se tiver de prolongar
a "assistência", qualquer que seja o nome que lhe queiram dar, o
governo terá falhado o seu principal e quase único propósito. Neste caso, será
a dependência da Troika que representará a saída do governo. Sem sofismas,
por favor.
Título e Texto: João Ferreira do Amaral, 31 da Armada, 06-10-2013
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