José Manuel
Não existe e nunca existirá um manual para se fazer uma greve de
fome.
A indignação a qualquer ato perpetrado contra o ser humano é que é o
motor que dá a partida a um protesto dessa natureza.
Se bem estruturado, e o histórico desses protestos, como o de Mahatma Gandhi que
obteve a independência da Índia, nos faz entender que ele, Gandhi, acreditava
na desobediência civil sem violência, como forma de protesto e na greve de fome
como arma política.
Também acredito nessa poderosa arma, se bem colocada em
nível internacional e amparada por organizações de direitos humanos,
torna-se uma poderosa ferramenta, pois os políticos não gostam nada disso,
muito menos em épocas de eleições.
Tem lugar quando as instituições públicas não
estão cumprindo seu fiel papel e quando não existem outros remédios legais
possíveis que garantam o exercício de direitos
naturais, como a vida,
a liberdade e
a integridade física. (Wikipédia)
Existem dois tipos de pessoas que não podem
fazer uma greve de fome:
As primeiras são aquelas que não se indignam,
as que acham um tormento não terem os seus direitos respeitados, mas que também
não fazem nada para tal, as que sempre estão comodamente em casa esperando que
"alguém" faça algo por elas e elegem sempre um simbólico representante.
As segundas, obviamente por razões
estritamente de saúde, não podem e não devem tentar. Mas este é um universo
relativamente pequeno, se formos pensar em torno de 20.000 pessoas.
Antes de fazer a primeira greve, que teve a
duração de cinco dias, consultei um especialista, sobre os aspectos negativos
que poderiam ocorrer face à minha decisão. Para a minha surpresa, recebi a
informação de que alguns dias sem a ingestão de alimentos sólidos não traria o
menor risco à minha integridade, muito pelo contrário, seria até benéfico,
desde que observasse a hidratação e o repouso necessários. É desnecessário
dizer que apenas o primeiro item pôde ser fielmente executado, mas ao
contrário de alguns prognósticos pouco otimistas, o objetivo foi alcançado e
aqui estou escrevendo repleto de saúde.
O que mais me impressionou, foi o relato
daquilo que poderia me afetar no período do protesto: a parte psicológica.
Segundo ela, eu não iria suportar as pessoas
olhando para mim com pena, e isso sim, poderia acarretar algum transtorno
psíquico. Ora, para quem está há sete anos sem salário e sem dignidade, isso
para mim foi como um piquenique ao ar livre, pois me deu uma
oportunidade ímpar de observar os meus semelhantes e tirar as minhas
conclusões. Foi mais ou menos como a experiência do homem enjaulado no jardim
zoológico. Fascinante.
Hoje eu tenho uma visão sobre esse tipo de
protesto, e para iniciantes é como tomar um remédio em que se tem que olhar a
bula primeiro.
Por exemplo:
Consulte sempre o seu médico
Uso adulto - você deve
saber o que está fazendo.
Como funciona - existem
várias pesquisas sobre o assunto.
Indicações - todas a
vezes que você for ultrajado.
Quando não devo usar - quando
você não estiver indignado.
Quando devo usar -
quando você notar que as esperanças começam a falhar e que o tempo limite está
se esgotando. Normalmente acontece quando o Natal está próximo.
Advertência - só faça se você
tem certeza do objetivo que quer atingir.
Interações - antes de iniciar
você deve interagir com os seus pares.
Riscos - analise
sempre as suas limitações.
Modo de uso - o
tempo fica inteiramente a seu critério.
Reações adversas - ao
sentir desconforto pare imediatamente.
Super dosagem - cabe
a você exclusivamente prosseguir ou não de acordo com o seu estado.
Atenção: Este
remédio é única e exclusivamente para o retorno da sua saúde física, espiritual
e financeira. Cabe apenas a você fazer uso dele,com a eficácia que se espera do
mesmo.
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig, 67 anos, e pensando… 16-10-2013
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