Da descoberta do Manuscrito 512 ao desaparecimento
do coronel Fawcett agita-se um mundo de sonho e de mistério.
Luís Almeida Martins
Existe na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, um
misterioso manuscrito que descreve a descoberta das ruínas de uma estranha
cidade perdida no coração da selva amazónica, há mais de dois séculos e meio. O
documento, conhecido por “Manuscrito 512”, está datado de 1753 mas é anónimo, o
que só contribui para adensar o enigma. Como o Brasil era, na altura em que o
texto foi escrito, uma colónia portuguesa, o seu autor, fosse ele quem fosse,
era um súdito de D. José, o rei obscuro que teve a lucidez de confiar o Governo
ao Marquês de Pombal, ele próprio um grande construtor da grandeza do Brasil.
O manuscrito, intitulado Relação histórica de uma oculta e grande povoação antiquíssima sem moradores, que se descobriu no anno de 1753, foi apenas por sua vez descoberto – se assim se pode dizer – em 1839, e por um mero acaso. Mas, de então para cá, o relato da aventura de um grupo de bandeirantes que terá encontrado as misteriosas ruínas desertas na Chapada Diamantina, no interior do atual estado da Bahia, nunca mais deixou de inflamar as imaginações. O próprio imperador D. Pedro II se interessou seriamente pelo assunto, enquanto estudiosos queimavam as pestanas a olhar para o manuscrito e à procura de outros semelhantes e aventureiros se metiam pelo sertão adentro em demanda de um hipotético tesouro oculto nas ruínas da antiga civilização esquecida.
E, como todas estas coisas estão ligadas, o
escritor inglês Ridder Haggard, autor de As
Minas de Salomão e inventor do género literário que fez furor na época
vitoriana e que ficou conhecido por los trace tales (histórias da raça perdida)
terá oferecido a um coronel seu compatriota chamado Percy Fawcett uma pequena
estatueta de pedra negra supostamente originária das ruínas da Chapada
Diamantina.
A história da descoberta dos bandeirantes
desconhecidos popularizara-se entretanto em Inglaterra graças à tradução do
manuscrito feita por Isabel Burton, mulher do famoso explorador africano
Richard Burton e também ela uma viajante intrépida. Entusiasmado, o coronel
Fawcett, que efetuara já diversas viagens pelo interior ignoto da América do
Sul, dedicou anos de esforços à busca das ruínas, que batizou de Cidade de Z.
Desconhecemos se alguma vez as encontrou, pois ele próprio sumiu algures na
selva, desaparecendo sem deixar rasto em 1925. Até à década de 1950, as
tentativas para encontrar Fawcett substituíram temporariamente a eterna procura
da cidade perdida. Num livro publicado em 1953, um filho do coronel afirma que
o pai encontrou no sertão vestígios de mais cidades misteriosas e ainda uma
tribo de homens-símios.
Percy Fawcett |
O interior brasileiro é um mundo de fábula, que,
por sorte nossa e para nosso encanto, fala português.
As míticas Minas de
Muribeca, segundo a tradição existentes algures no interior brasileiro mas
nunca encontradas, suscitaram também, nos séculos XVII e XVIII, uma busca
apaixonada protagonizada por viajantes e aventureiros intrépidos.
Título e Texto: Luís Almeida Martins, in
“365 DIAS com histórias da HISTÓRIA de PORTUGAL”, páginas 427/428.
Digitação: JP
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