O artigo de Denis Rosenfield de hoje merece ser
lido com atenção. Considero lamentável que tenhamos de bater nessas teclas,
como se ainda estivéssemos na década de 1960, mas infelizmente isso é preciso,
pois há muitos que conseguem pregar o socialismo e condenar o capitalismo em
pleno século 21!
Política e economia são
ciências humanas, não gozam da precisão matemática das ciências naturais. Não
dispomos de laboratórios para experimentos controlados. Ainda assim, temos
ocasiões que simulam quase perfeitamente isso, quando um mesmo povo, sob a
mesma cultura, acaba dividido ao meio, com cada lado adotando modelo
diametralmente oposto. Cheguei a escrever sobre isso em Privatize Já.
Rosenfield resume justamente
essas experiências:
O assassinato político
tornou-se uma forma “corriqueira” de a esquerda resolver os seus conflitos
intestinos. Processos jurídicos de fachada, tortura, acusações infundadas e
mortes eram características próprias da esquerda no Poder. Não há sequer uma
experiência histórica de compatibilização entre socialismo/comunismo e
democracia. Lá onde o socialismo vingou, a democracia jamais germinou. Cuba e
Coreia do Norte são rebentos deste período.
Se tomarmos a Coreia do Norte
e a Coreia do Sul, teremos uma oportunidade rara de comparação entre socialismo
e capitalismo. O capitalismo sul-coreano produziu uma sociedade próspera, com
alto grau de desenvolvimento industrial, científico e tecnológico. Empresas e
universidades lá se retroalimentam. Sua educação tornou-se referência mundial.
A democracia é o seu regime político.
A Coreia do Norte, por sua
vez, é um regime tirânico, liberticida, que reduz a sua população a uma vida
miserável. A fome grassa e os servos deste país sucumbem à falta de alimentos.
Nada funciona, a não ser o Exército dotado de armamento nuclear, usado como
ameaça constante à Coreia do Sul. Os seus processos políticos são uma
caricatura, tendo sido neste país instaurada uma monarquia comunista, com
direito de hereditariedade!
O século XX também apresentou
outra experiência altamente significativa. Só os tolos hesitam em extrair dela
o seu ensinamento. Havia duas Alemanhas, a Ocidental, capitalista, e a
Oriental, socialista.
Como, então, tem gente que
ainda consegue condenar o capitalismo e defender a alternativa socialista?
Rosenfield responde, na mesma linha do meu livro, onde cito já na introdução a
“falácia do Nirvana”:
Para essa esquerda, o
socialismo continua plenamente vigente, sendo superior ao capitalismo,
compreendido como fonte de todos os males. Trata-se de uma visão religiosa: o
capitalismo é o pecado, o mal sobre a Terra, a origem do egoísmo e do lucro,
enquanto o socialismo seria a redenção da humanidade, a solidariedade enfim
conquistada entre os homens.
O embuste consiste no
seguinte. O capitalismo não é comparado ao socialismo. Se isto fosse feito, a
comparação, por exemplo, deveria ser entre a Alemanha capitalista e a
socialista, ou ainda, entre a Coreia capitalista e a socialista. Os termos da
comparação teriam parâmetros que serviriam de critério para qualquer avaliação.
A “comparação” é de outro
tipo. Compara-se o capitalismo real, existente, com a ideia do socialismo,
forjada por aqueles que lhe atribuem todas as perfeições. Ou seja, atribui-se
ao socialismo todas as perfeições e, de posse destes atributos, passa-se a
verificar se eles “existem” no capitalismo.
Exatamente. Nada mais fácil –
e desonesto – do que comparar uma realidade (sempre) imperfeita com utopias,
sistemas paridos em Torres de Marfim, idealizados, e jamais testados. A
acusação de que todos os fracassos gigantescos do socialismo não foram do
socialismo, mas de um “socialismo real” ou um “capitalismo de estado”, não
passa de uma estratégia pérfida de manter a pureza da utopia.
Todas as tentativas de
se implementar o socialismo levaram ao mesmo resultado: escravidão, miséria e
terror. Isso se deve inexoravelmente aos meios propostos para
tais fins “nobres”. Por isso mesmo que insistir nessa loucura só pode ser coisa
de crente fanático. O socialismo virou uma religião dogmática, como Rosenfield
explica:
Há uma mentalidade religiosa,
teológico-política, que guia a esquerda tupiniquim. Vive de “preconceitos”
contra a economia de mercado e o direito de propriedade, postulando, como se
fosse uma coisa teoricamente séria, a “utopia” ou o “socialismo” enquanto
ideias “superiores” ao capitalismo. Na ausência de conceitos, contenta-se com
diatribes contra o “neoliberalismo” e outras patranhas do mesmo tipo, como se
fazer política residisse somente em enganar o próximo, em abusar da
inteligência alheia.
Cada vez mais gente se cansa
desse abuso, e enxerga a verdade: o socialismo não passa de um engodo, um
embuste ideológico. Está na hora de abandonarmos de vez esse atraso e
debatermos seriamente sobre as melhores reformas liberais para o funcionamento
adequado do regime capitalista.
Título e Texto: Rodrigo Constantino, 30-12-2013
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