domingo, 15 de dezembro de 2013

A economia portuguesa no caminho certo

Rudolfo Rebelo
Sob o título "O pensamento mágico", o socrático João Galamba "amanda" para as páginas do "Expresso" a teoria "Tribunal Constitucional" para justificar o fim da "espiral recessiva" (?espantoso... existiu?) e portanto a recuperação económica.

O "pensamento" galambiano é mesmo "mágico". Vejam esta tirada: "O consumo público cai menos (...) porque o Governo viu o seu plano de rescisões amigáveis sabotado (...) pela inconstitucionalidade do diploma da requalificação". Ou seja, os funcionários do Estado gastaram mais porque adivinharam que o TC iria chumbar o diploma... a teoria galambista é do género "antes de ser, já o era"... Notável manipulador.

Tem mais tiradas do mesmo quilate...
Vejam esta: "O consumo privado cai menos porque a restituição do subsídio de férias dos pensionistas e dos funcionários públicos aumenta o rendimento disponível das famílias". Ai sim? Então, estes cidadãos antes de receberam o dinheiro, gastaram-no! Ou seja, o grosso dos subsídios foi distribuído há 20 dias (Novembro e em Dezembro alguns pensionistas) e teve efeito na economia no trimestre que decorreu entre Julho e final de Setembro... chama-se a isto recuperação da economia por retroactividade... espantosa teoria!

Galamba poderia invocar os efeitos das expectativas, em que os funcionários públicos e pensionistas gastariam por conta... (caramba, se eu tivesse do outro lado era ao que agarrava).
Ainda assim, a coisada das expectativas seria "coxa". Por duas razões.
Os consumidores sabem que se o TC chumba medidas, elas terão de ser substituídas por outras, em regra mais gravosas. Lá se vai a expectativa... Segunda razão, as pessoas de que falamos, reconheçam, não são propriamente consumidores com liquidez suficiente para pagar, o que seja, por antecipação...

O que faz correr os galambas da vida é a incontida raiva por a política económica estar no rumo certo. No seu "pensamento mágico", Galamba explica à tribo socialista que a economia cresceu graças à menor queda da Procura Interna e, dentro desta, ao consumo (privado), ignorando o papel do Investimento. E, portanto, foi o consumo e o TC que salvou a economia.
Arruma-se desde já com tamanho disparate galambiano.

Primeiro, o Governo não é contra a Procura Interna (consumo + investimento). Pelo contrário. O que sempre se disse é que seriam as exportações a dinamizar a economia, com o comércio externo (exportações e importações) a contagiar o sector interno da Economia. É o que sucede.

No segundo trimestre do ano, a componente da Procura Interna mais dinâmica foi o Investimento (stocks). No segundo trimestre, vejam... a despesa na Economia com o investimento é superior (276,7 me vs 267,7 me) ao consumo!! Foi o TC que fez aumentar o investimento? Um absurdo galambiano!

O consumo aumentou (entre o segundo e o terceiro trimestre)? Claro. Onde? Há indícios que terão sido a componente consumista de muitas empresas (em serviços e bens não alimentares). Não tanto das famílias, portanto. Não foi, portanto, os pensionistas e funcionários, mas o sector privado.

E, para que a conversa galambiana seja arrumada em definitivo, basta dizer que a folha salarial do Estado está em queda... o que é explicado pelas reconhecidas saídas do sector público!
E, agora, no final da prosa, colocarei os galambistas aos pulos. O INE, reporta um aumento de 56 mil empregados na Economia (corrigido de sazonalidade). Desde o princípio do ano são mais 90 mil empregados. O que bate certo com o aumento do consumo no privado, uma vez que existe mais rendimento disponível.

Tenham paciência, só mais uma "pontada". Os socráticos olham para a procura externa líquida (são as exportações deduzidas das importações) e dizem que o seu contributo para o crescimento do PIB (um esteio para a politica económica do Governo) está a falhar. De facto, para o terceiro trimestre, as importações são, em dez milhões de euros, superiores às nossas vendas ao exterior. Pois, mas é graças a isso que os stocks das empresas e compras de máquinas aumentaram! E isto é virtuoso, porque projecta nova produção, mais rendimento.
Racional, nada de "mágico".
Estamos no caminho certo.
Título e Texto: Rudolfo Rebelo, 15-12-2013

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